Uma notícia dos últimos dias, e que logicamente não foi amplificada pela grande imprensa nacional, foi o fato relevante divulgado pela Petrobras ao mercado e ao grande público no último dia 14 com um resumo das reservas provadas de petróleo que a companhia detém.
Reservas provadas de petróleo são um conceito que determinam o quanto de produto ainda está disponível para exploração levando-se em conta a tecnologia existente, a viabilidade financeira e o marco regulatório de cada país. 
Lembro aos leitores que devido a questões técnicas de exploração nem todo o petróleo encontrado pode ser retirado, de modo que se utiliza o termo “reservas recuperáveis”. Uma exploração muito eficiente consegue tirar 40% do óleo encontrado em um reservatório – e o conceito expressa, justamente, reservas recuperáveis.
Existem duas formas principais de se medir o volume de reservas recuperáveis: o critério da “Society of Petroleum Engineers – SPE” e o da “Securities and Exchange Commission – SEC.” No Brasil, a Agência Nacional de Petróleo determinou que o critério a ser utilizado preferencialmente é o da SPE. Os critérios tem diferenças de análise e de mensuração de reservas, em especial em termos de análise geológica, mas diferem especialmente no preço de valoração do petróleo e o prazo de concessão das reservas pelos órgãos reguladores.
De acordo com este critério determinado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), a Petrobras possui reservas provadas, em 2010, de 15,986 bilhões de barris recuperáveis e equivalentes de petróleo – incluídas, aí, as reservas de gás natural e de condensado de gás natural. Isto representa uma elevação de 1,121 bilhão de barris de óleo equivalente em relação a 2009.
Esta elevação demonstra que a empresa descobriu e incorporou 1,99 bilhão de barris, o que descontado da produção anual total de 2010 leva à incorporação líquida mostrada no parágrafo anterior. Com os números novos, a relação entre as reservas e a produção – ou seja, quantos anos a empresa pode produzir se não descobrir mais uma única gota sequer de óleo – é de 18,4 anos. Por outro lado, o índice de reposição de reservas foi de 229%, o que se significa que se encontrou mais petróleo comercialmente explorável que o efetivamente produzido – isto é bom.
Ressalve-se, porém, que não estão incluídos nestes números os 5 bilhões de barris referentes à capitalização da companhia ocorrida no último ano, a chamada “cessão onerosa”. Além disso, estão incluídos apenas cerca de 900 milhões de barris de hidrocarbonetos da camada pré-sal, ou seja: o potencial de incorporação de novas reservas por parte da companhia e do país é muito grande.
Se o leitor levar em consideração as estimativas divulgadas pela ANP para a camada pré-sal apenas para os campos sob regime de concessão – já tratei deste assunto aqui – são aproximadamente mais 20 bilhões de barris a serem incorporados em um futuro próximo às nossas reservas provadas – mais que dobrando o número atual. Lembro também que ainda há os campos da camada a serem alvo do novo marco regulatório, o de partilha de produção, e as perspectivas de ampliação de reservas parecem muito promissoras. Nestes 20 bilhões não estão incluídos os barris da “cessão onerosa” citados no ítem anterior.
Para se ter uma idéia de ordem de grandeza, a Arábia Saudita, dona das maiores reservas mundiais, possui cerca de 250 bilhões de barris de óleo equivalente. O óleo da camada pré-sal vem se revelando a última fronteira exploratória de campos gigantes do mundo, com consequências geopolíticas bastante relevantes.
A petroleira brasileira também informou que suas reservas localizadas no exterior alcançam 703 milhões de barris, com uma relação entre reserva e produção de 8,7 anos. As principais descobertas deste último ano concentraram-se no Perú e em campos de grande profundidade no Golfo do México.
Ou seja, o Brasil tem totais condições de se tornar um ator importante no palco energético e petrolífero mundial, acrescentando novas reservas em proporção muito maior que a produção e aumentando o índice de relação entre estes. As últimas eleições expressaram a vontade popular de que o Estado brasileiro seja dono deste imenso manancial, revertendo em benefícios para a população e não para os acionistas das grandes empresas internacionais. E a Petrobras será a gestora desta política de Estado, conforme defginido no novo marco regulatório para o setor.
As perspectivas para o futuro são alvissareiras.