Neste feriado municipal no Rio de Janeiro, trago para cá assunto sugerido pelo leitor Rodrigo Felga e que vem causando bastante polêmica: a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará. O processo de obtenção das licenças ambientais requisitadas à construção vem causando um intenso debate nas áreas envolvidas com o projeto, em especial nos ambientalistas.

Resumindo em poucas linhas, é uma usina de capacidade prevista de aproximadamente 11 mil MW, o que a tornaria a terceira maior do mundo e a maior genuinamente brasileira – lembro aos leitores que Itaipu é um projeto binacional entre o Brasil e o Paraguai. Sua geração de energia irá beneficiar cerca de 26 milhões de habitantes das Regiões Norte (principalmente), Nordeste e Centro Oeste e diminuirá a pressão exercida pelo aumento da demanda de energia – crescente – sobre a oferta e os custos – reduzindo o risco de um “apagão”.

O Brasil é um país onde a geração de energia elétrica é baseada fortemente na energia hidrelétrica, aproveitando o imenso potencial gerador dos rios de nossas bacias – abundantes tanto em quantidad quanto em quesdas d´água necessárias à geração de energia. As hidrelétricas são responsáveis por cerca de 80% de toda a eletricidade consumida no país, e tem uma participação aproximada de 40% em nossa matriz energética – que abrange o total de energia consumida em todas as suas fontes. Ou seja, o Brasil é um país com uma matriz energética das mais “limpas” no mundo em termos não somente de emissão de carbono quanto de prejuízos ao meio ambiente.

O projeto da hidrelétrica consiste em um grande lago, de aproximadamente 500 km², no leito do Rio Xingu, aproveitando uma queda de água de noventa metros de altura. As três usinas previstas no projeto original foram reduzidas a apenas uma a fim de minorar o impacto ambiental da obra. Seu custo estimado é de R$ 19 bilhões e cerca de 90 mil empregos diretos e indiretos serão gerados durante a construção da obra.

Além de elevar a capacidade de produção brasileira de energia – impactada pelo lado da demanda pelo crescimento econômico acelerado e pelo lado da oferta da falta de investimentos durante os Governos Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso – a usina irá substituir a geração de energia a base de termelétricas a gás natural e a óleo combustível – muito mais poluentes – para boa parte da Região Norte, em especial a cidade de Manaus.

Os opositores da obra, em especial os ambientalistas, alegam que a obra irá trazer impactos ao ecossistema do Pará e às populações ribeirinha e indígena. A alegação é de que haverá alterações no regime de chuvas, nas espécimes de peixes e animais e na rotina das populações das cidades próximas e das populações indígenas. O Presidente do Ibama Abelardo Bayma pediu demissão na última semana por não concordar com a emissão da licença ambiental definitiva para o início das obras. O debate sobre a usina já havia sido o estopim para a saída da ex-Ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

Entretanto, estas são afirmações que temos de analisar com muito cuidado. A principal delas o impacto ambiental.

Levando-se em conta o crescimento econômico acelerado dos últimos anos – e cuja previsão é de manutenção nos próximos anos – a oferta de energia elétrica se torna um entrave crítico ao desenvolvimento do país. Como escrevi no início de 2010, a oferta sofre com as consequências de um modelo de privatização desastroso e com a falta de investimentos em geração por quase quinze anos. A situação chegou ao ponto de haver racionamento de energia no ano de 2001, com consequências drásticas para a população e para a economia.

A alternativa a um projeto como o de Belo Monte é a utilização de usinas termelétricas movidas a gás natural, óleo combustível ou ainda a carvão. Tal geração, além de ser mais cara, é muito mais poluente que as hidrelétricas, elevando a geração de carbono causadora do “efeito estufa”. Na prática, os ambientalistas que tentam barrar a construção da usina acabam por estar defendendo um modelo de geração mais poluente – até porque as alternativas energéticas da biomassa e da elevação da eficiência energética ainda estão em um patamar de desenvolvimento que não permite a sua aplicação em massa, a médio prazo.

Na prática, a escolha é simples: é a geração de energia hidrelétrica, mais barata e mais limpa, com impacto ambiental localizado – mitigado e atenuado pelas quarenta condicionantes impostas pelo próprio Ibama para conceder a licença de construção da usina – ou a mais cara e absolutamente mais poluente energia termelétrica, com impacto ambiental amplo. A própria floresta vem sofrendo com os efeitos causados pelas termelétricas, quando se sabe que toda a energia consumida por uma cidade como Manaus vem desta origem – e será substituída pela energia de Belo Monte.

Bom, há uma terceira hipótese: o apagão causado pela insuficiência de oferta. Assim o leitor não poderá ligar seu computador para acessar esta página, terá de dormir sob um calor imenso sem ar condicionado, não poderá ver seu futebol ou sua novela na televisão, correrá risco de ser assaltado nas ruas escuras e será demitido de seu emprego porque o horário de funcionamento das empresas será reduzido. É muito fácil posar de “ambientalista” usufruindo de todo o conforto proporcionado pelos meios modernos de vida…

Um outro fator é que a usina irá revitalizar economicamente uma região estagnada, e projetos de readequação das populações são parte integrante da construção de Belo Monte. É uma área que sofre ação de desmatamanto e que terá uma alternativa econômica ao extrativismo bastante plausível, não somente através da usina como pelo comércio e indústria que irão instalar-se em torno desta.

Concluindo, com as necessárias ressalvas do órgão ambiental é projeto que não somente aumentará a oferta de energia brasileira como propiciará o aumento da participação de enrgia mais limpa em nossa matriz energética e de geração de eletricidade, diminuindo a queima de gás natural, óleo combustível e carvão para se obter energia elétrica. Ainda diminui a dependência brasileira do Sistema Itaipu – e os recentes episódios de “apagões” demonstram que não é desejável ter uma concentração excessiva nas áreas de geração e distribuição.

17 Replies to “A usina de Belo Monte e seus sofismas ambientais”

  1. Concordo que a geração de energia hidrelétrica seja infinitamente menos poluente que as termelétricas, porém teremos que garantir que as medidas propostas pelo Ibama para liberar a licença ambiental seriam completamente cumpridas, o que sinceramente não acredito.

    Entretanto, ainda tenho alguns questionamentos que me fazem não ter ainda uma posição clara sobre Belo Monte:

    Será que realmente só temos estas duas opções (hidrelétrica e termelétrica)? (Não sei o que dizem os estudos de viabilidade para implantação de outras fontes de geração de energia, como a energia eólica, por exemplo)

    Será que num país de dimensões continentais como o Brasil não temos uma alternativa que tenha menos impacto nas populações ribeirinhas e indígenas, alem da fauna e flora?

    Não tenho uma posição contra ou à favor definida, mas acredito que o governo deveria informar melhor à opinião pública sobre os impactos e estudos realizados sobre a usina a fim de evitar ser taxado de “poluidor” mesmo sendo comprovadamente esta a escolha certa.

  2. Rodrigo, eu trabalho em uma empresa de enrgia. Estas outras fontes ainda não tem escala comercial nem preço competitivo.

    Quanto ao cumprimento das determinações do Ibama, posso dizer que eles são muito rígidos nisso. A exploração de petróleo off-shore tem o mesmo tipo de restrição e estas são rigorosamente fiscalizadas.

  3. Parabéns pela análise. O desenvolvimento do país não pode ficar refém desse tipo de coisa. Existem centenas de obras de fundamental importância que estão paradas porque o MP tá afim de aparecer, ou defende interesses da oposição ao Governo federal, e os ambientalistas ficam fazendo carnaval, inclusive com a participação, como o diretor de Avatar, que deveria estar preocupado com as terríveis consedquencias – estas sim, reais, e não potenciais ou fictícias – do vazamento de petróleo promnovido no Golfo do México por uma empresa do seu país.

  4. Exremamente tendenciosa esta análise da situação, mesmo porque energia solar não é poluente e é uma opção a se considerar assim como a energia eólica, mas parece-me que esqueceram-se disso nesta dicertação.
    600Km² de alagamento não é um efeito biológicamente destrutivo localizado e o superfaturameto da obra é absurdo, de que adianta gerar 90 mil empregos se depois da construção essa gente ficará desempregada denovo?
    Torno a dizer, absolutamente tendencioso, mesmo porque o orçamento hoje é de 30 bilhões e não 19 bilhões como citado acima.

  5. Um país que quer entrar no grupo de países de 1º mundo,não pode ficar refén de uma minoria.Até quando esse povo acha que vai ficar isolado no meio dos matos?Vivendo um dia após o outro,dessa mesquinha caça e pesca?Acorda pra vida povo.O progresso jaz a porta,porém,com respeito e responsabilidade,às pessoas e ao meio em que vivemos.Herosvt#26.11.11#

  6. É muito interessante como os “ambientalistas” se importam com uma questão tão nobre como essa, tenho visto várias correntes contra o progresso, mas nenhuma contra os verdadeiros vilões que acabam com o planeta, se analisarem a devastação ambiental que provocaram ilegalmente desde que começou tal discussão, e colocassem na mesa para analisarmos tenho certeza de que todos seriam a favor dos benéficos que teremos com uma usina de tal porte, mas ao invés disso ficam com uma chacota de quem é a favor ou contra colocando o povo com testa de ferro, sem nenhum conhecimento de causa para julgar tal situação, apelando para os sentimentos de um povo que mal sabe onde fica Belo-Monte, quanto mais analisar o impacto socioambiental e cultural que a usina pode promover, para o bem ou para o mal. Como diz meu amigo Boris Casoy, isso é uma vergonha.

  7. critica e facil, dificil e conviver com danos causado pelas usinas, inclusive a falta de peixe e a energia que nunca fica no estado produtor, se o governo e tao sentinho por que nao libera as placa solar, sera por que ele nao que peder a galinha dos ovos de ouro

  8. precisamos nos inteirar nas condiçoes favoraveis para o crescimento do nosso país, o progresso e assim., ou devemos voltar para a antiguidade., sem energia. Vamos desligar as tomadas e ficar no escuro.

  9. Ficou bem claro que o autor desse artigo é totalmente a favor da construção da usina. E ficou claro tambem que ele é um perfeito ignorante no que se ao seu conhecimento de fontes energeticas, uma vez que não sitou em nenhum momento os tipos de energia que são verdadeiramente defendidos pelos ambientalistas, ou seja: solar e eólica, alem de outras que tambem causam pouquissimos impactos ambientais. Porem você essa é sua opinião e eu respeito, em bora discorde completamente.

    1. claro, se vc quiser pagar a implantacao e a manutencao delas pode ser…
      ELAS SAO MUITO CARAS PARA A UTILIZACAO EM LARGA ESCALA.

  10. kkkkkkkkkkkkkkk

    ridiculo isso prefiro a outras forma de energia

    so entrei aqui por causa de um trabalho de escola

  11. Devastar uma área para construção de uma usina hidrelétrica, sendo que há outras alternativas, como a utilização de meios para obtenção de energia limpa (eólica, biogás, solar, etc), não pode ser considerada desenvolvimento econômico.

    1. cara,tanto a energia solar quanto a eolica nao possuem precos competitivos para a implantacao no brasil, nao vale o investimento.

  12. Eu sei que preocupa muitas familias indijimas e outras particulares , mais a nossa a emergia que estamos uzando e de pesima qualidade e pagamos um valor auticimo por -cosumir-lo ,pois eu sou a favor da uzina ideletrica de belo monte, para que teremos uma energia de qualidade para bens a os governantis .

  13. A mudança no modo de vida destas pessoas afetadas não pode estar a mercê de interesses econômicos, mesmo que seja crescimento, desenvolvimento e etc. Não podemos retroceder ao ponto de voltarmos para os padrões pré-históricos em que o mais forte, sobrevive. Pessoal, acorda!!! Não há como expressarmos a nossa opinião se não vivemos lá. Como é que um playboyzinho ou um patricinha que vive a centenas de quilômetros de distância vai entender as necessidades dos ribeirinhos, dos índios e das pessoas da região afetada. Essa é a vida deles e eles tem todo o direito de defender o seu modo de vida, quem foi que disse que a vida nos grandes centros urbanos é melhor que a vida do ribeirinho que mora lá no rio Xingú?, não dá pra comparar, isso é estúpido. Eles estão ali a centenas de anos e essa é a vida deles. Se vc acha que vc é melhor pq vive em um grande centro urbano, saiba que existe muitas opiniões contrárias e que devem ser respeitadas. Eu sou totalmente a favor do desenvolvimento (sustentável), mas desde que ele seja feito de forma responsável e sem agredir a ninguém, isso sim é ser moderno, isso sim é desenvolvimento, isso sim é ser, humano.

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