Acompanho o trabalho do jornalista desde seu primeiro blog no jornal O Globo, de 2003 a 2006, a partir do qual estabelecemos um contato constante. Na época em que viveu na África do Sul no período pré-Copa de 2010 manteve um novo blog no jornal (África10), mas infelizmente inativo após a competição. Esperamos o seu regresso próximo.
Curiosamente, só viemos a nos conhecer pessoalmente há pouquíssimo tempo, em um almoço recheado de saborosas histórias. Jorge Luiz Rodrigues é o entrevistado de hoje da coluna “Jogo Misto” do Blog Ouro de Tolo.
1 – Você esteve “do outro lado” na Copa da Alemanha, trabalhando na assessoria de imprensa da Fifa. Como foi a experiência ? E quais as dificuldades enfrentadas na organização de um trabalho deste porte?
JLR: Foi fascinante porque pude descobrir o outro lado, aprender como uma Copa do Mundo é preparada por dentro, as dificuldades, os desafios, as superações, as derrotas e as vitórias. Como bem disse o meu editor-chefe no Globo, Rodolfo Fernandes, “uma pós-graduação que não existe no mercado”. Além disso, abri portas na Fifa, fazendo muitos contatos, que até hoje me são úteis na hora de cobrir eventos, apurar bastidores e notícias sobre a entidade. Fui convidado a voltar em 2010, para a Copa do Mundo da África do Sul, mas não aceitei porque vi o que queria ver em 2006. A Copa da África do Sul foi a oportunidade de melhorar meu trabalho como jornalista, o que sou.
2 – Você morou seis meses na África do Sul antes da Copa de 2010. Quais as principais semelhanças e diferenças do modo de vida entre a África do Sul e o Brasil? Quais as lições que podemos tomar da organização da Copa de 2010?
JLR: A África do Sul é um país com potencial incrível de crescimento e que, em apenas 16 anos de liberdade, desde o fim do apartheid, conseguiu organizar uma Copa do Mundo incrível. A desigualdade social ainda é imensa na África do Sul, mas é um país que só veio conhecer a liberdade em 1994. A maior lição não aprendemos. A de não deixar para depois o que pode ser feito antes.
A Copa-2014 será uma festa, sem dúvida. Mas o atraso nas obras de infraestrutura, como aeroportos e melhorias no transporte público, vai custar muito mais caro e ainda causar dor de cabeça ao torcedor e ao visitante. Esse seria um dos grandes legados do evento. E o Brasil está perdendo tempo precioso.
3 – Quais suas expectativas para a organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016? Que legado poderemos esperar da realização dos dois eventos?
JLR: Sobre a Copa, penso já ter respondido. Sobre as Olimpíadas, creio que o grande erro é ter feito o Parque Olímpico na Barra. O exemplo de Londres-2012 deveria ser considerado, pois levou o coração dos Jogos para o Leste de Londres, uma área degradada, que está sendo toda revitalizada. As Olimpíadas seriam a grande oportunidade de unir um Rio partido através deste megaevento. Mas a Olimpíada não chegará nem perto de Santa Cruz ou da Favela de Antares, onde os índices de criminalidade são alarmantes, e se concentrará numa parte da Zona Oeste que não precisa dos Jogos quanto dezenas de outras áreas da cidade.
JLR: Nenhum clube do Brasil, nenhum mesmo, tem a estrutura do Nottingham Forest. Eu já o visitei, até em seus centros de treinamento para divisões de base, e nunca vi algo que chegasse perto em nosso país. Isso numa cidade a 202km de Londres, mais conhecida pela lenda de Robin Hood. Estamos falando de um clube que não está nem entre os 10 maiores da Inglaterra.
5 – Um livro inesquecível. Por quê?
JLR: Saindo de mim, de Ivan Lins e Vítor Martins. Tem um pouco de mim.
7 – Um filme ? Por quê?
JLR: Tropa de Elite 2: é extraordinariamente real.
8- Fez algum grande amigo em sua profissão?
9- Uma citação?
10 – Finalizando, com os agradecimentos do Ouro de Tolo, algumas poucas palavras sobre o blog ou seu autor/editor