Recebi um email de um aluno sugerindo que eu escreva um texto sobre a história e as glórias do tricolor querido (palavras dele). Como o cabra não diz de que tricolor se trata, concluí que ele quer que eu fale sobre o grande Baraúnas de Mossoró, coisa que faço com enorme prazer.
Os índios Mossorós, da tribo Cariri, viviam no século XVIII às margens do Rio Apodi, no interior do Rio Grande do Norte. Fisicamente fortes, eram bons caçadores, atacavam o gado trazido pelos colonizadores para a região e enchiam o bucho de carne assada ou chamuscada. Gostavam de dormir no chão, desprezando a rede de algodão e a esteira, que lhes parecia coisa de frescos. Os homens passavam os dias caçando, pescando e colhendo mel de abelhas. As mulheres eram oleiras, plantavam e faziam a colheita.
O chefe da tribo recebia a denominação de Baraúna – cabia a ele o comando das festas que duravam enquanto durasse a lua nova. Bebia, o cacique Baraúna, quantidades monumentais de vinho feito com frutos e raízes. Só podia tomar decisões importantes e reconhecidas pela comunidade se estivesse inteiramente de porre.
Pois bem, amigos, no local onde em mil setecentos e varadas habitavam os índios, surgiu a cidade de Mossoró – hoje a maior do interior do Rio Grande do Norte.
Em 1924 – ano em que os levantes tenentistas viravam o Brasil de cabeça pra baixo – alguns boêmios de Mossoró resolveram fazer algo mais importante do que marchar na Coluna Prestes contra o poder das oligarquias. Fundaram um bloco carnavalesco em que todo mundo se esbaldava no carnaval com fantasias de índios. O nome do bloco: Baraúnas. Foi desse bloco que surgiu, em 14 de janeiro de 1960, o time de futebol da Associação Cultural Esporte Clube Baraúnas – o tricolor de Mossoró.
Em sua trajetória de glórias, o Baraúnas ganhou o disputadíssimo campeonato mossoroense em cinco ocasiões [1961; 1962; 1963; 1967; 1977] ; foi campeão potiguar em 2006; e bicampeão da Copa Rio Grande do Norte [2004; 2007].
Na Copa do Brasil de 2005, sob a liderança do centroavante rompedor Cícero Ramalho [ perto de quem Ronaldo Fenômeno parece uma Olívia Palito ] , o Baraúnas desclassificou o Vasco da Gama em plena colina de São Januário – 3 x0 inapeláveis, numa exibição de gala que fez até o busto do Almirante abrir a boca de espanto
Os fãs do futebol sabem que falo sério – acho que poucos clássicos na história do desporto mundial podem se comparar, em charme e rivalidade, ao Potiguar X Baraúnas, o derby da cidade de Mossoró. Em dia de PotiBa, até as almas do velhos guerreiros Cariri acordam do sono profundo nas águas do Rio Apodi e rondam, serelepes, a cancha da partida. Se a noite é de lua nova, tempo de fuzuê , tome de quizumba na aldeia e festa no gramado.
Fiquem os amigos com a gravação do hino do Baraúnas, com direito a um efeito especial que simula, para intimidar qualquer adversário, o rugido assombroso de um leão feroz:
Abraços

7 Replies to “ESPORTE CLUBE BARAÚNAS – O TRICOLOR DE MOSSORÓ”

  1. Olá Professor,

    Ótimo post. Estou escrevendo um post para a minha empresa em homenagem ao Dia Nacional do Samba, depois de amanhã, e gostaria de saber se poderia me conceder uma entrevista sobre o assunto.

    Meu email:
    agostinho.pina@yahoo.com.br

    Agradeço desde já pela atenção.

    Abraços,

    Agostinho
    (fui seu aluno em 2006 no pré)

  2. Mestre,

    Acho que o cacique Baraúna bebia mesmo era o MOCORORÓ, fermentado alcoolico do suco do caju, muito usado pelos indios nordestinos em suas festas ou cerimonias religiosas.
    Só não precisava lembrar os 3X0 que desclassificou o Vascão.

    Abraços

    Jairo

  3. A dúvida não cabe. O Baraúnas honra a tradição das três cores, mas o único Tricolor do mundo chama-se Fluminense Football Club. Todos os demais precisam de sobrenome: tricolor paulista, tricolor gaúcho, etc.

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