Mais uma segunda feira, mais uma semana. E mais uma “Resenha Literária”.
O livro de hoje começou a ser lido em Curitiba, teve a leitura parada para que eu pudesse ler o livro sobre as canções de Paulo César Pinheiro – já resenhado – e foi retomado aos poucos até ter sua leitura encerrada.
“Economia Bandida”, da economista, consultora e jornalista italiana Loretta Napoleoni, é um apanhado das forças atuais que movem a economia chamada “fora da lei” nos dias de hoje, sua influência sobre a vida cotidiana e os riscos sobre a nossa existência.
Os capítulos tratam de temas tão díspares como a prostituição no Leste Europeu, a pesca clandestina de peixes pelos mares do mundo, a relação entre a cultura política e a abertura econômica chinesa e o super endividamento das famílias americanas. Sem deixar de alertar para os riscos dos produtos pretensamente com menores índices de gorduras, remédios falsificados e o tribalismo que move o mundo.
Em cada capítulo a autora desfia números e histórias absolutamente contundentes sobre as diferentes faces do que é denominado “economia bandida” – atividades nem sempre fora da lei, mas que possuem poder desestabilizador sobre a humanidade.
Além disso a autora mostra que Hugo Chávez e seu projeto “bolivariano” são muito mais retórica que prática – a Venezuela, hoje, é grande vendedora de petróleo para os EUA e houve poucas mudanças na estrutura da economia do país.
Por outro lado, em um capítulo bastante interessante mostra-se a formação de uma espécie de mercado financeiro islâmico, capitaneado pela Malásia e que opera de forma diferente dos serviços bancários tradicionais. É baseado na “Sharia”, a lei islâmica, com princípios éticos muito mais rígidos e sob o espírito de cooperação entre as partes. Bastante promissor.
Chama a atenção também a falácia dos alimentos “light” – que acabam engordando mais que os comuns por conterem mais carboidratos. Outro ponto surpreendente é que seria mais benéfico à África permitir acessos privilegiados aos mercados dos países desenvolvidos que simplesmente perdoar as suas dívidas ou enviar ajuda humanitária – que, no final das contas, acabam deixando os países ricos mais ricos – o dinheiro acaba sendo gasto em bens e serviços destes países.
Outro ponto que fica evidente é o contraste com “Falsa Economia”, que li e resenhei há pouco tempo. Embora com assuntos diferentes, as questões abordadas muitas vezes se encontram  e as soluções propostas são diametralmente opostas para problemas similares.
Apesar de um capítulo particularmente chocante sobre o negócio da prostituição e do fato de muitas vezes inserir o leitor na dinâmica da “economia bandida” como consumidor final – muitas  vezes sem o saber – é leitura fundamental. Até por isso.
Na Livraria da Travessa, custa R$ 38.