Com isso, tive a oportunidade de ver ao vivo cenários que me fizeram pensar. Isso ainda próximo à capital baiana.
Fiquei impressionado como ainda convivem no mesmo espaço, próximo aos grandes centros a Casa Grande e a Senzala. Casas imensas ao lado de choupanas. A pobreza permeia os ambientes e a quantidade de terras improdutivas que se avistam é quase infinita. Um boi aqui, outro ali para enganar o Incra e a terra incultivada unica e exclusivamente por falta de interesse. Terra que poderia estar gerando alimentos, emprego e renda no campo.
Nesta região existem duas atividades econômicas básicas: uma é a velha agricultura e pastoreio quase feudal e a outra a atividade econômica representada pelas instalações da Petrobras na região. Candeias e São Francisco do Conde, de onde escrevo, são cidades bastante pobres e que não tiveram revertidas à população os benefícios do petróleo. Acredito que tenham servido apenas para reinventar a oligarquia local, pois não é exagero dizer que as cidades citadas, em especial Candeias, são dois grandes “favelões”.
Porém, fazendo o desvio que fiz na quarta nota-se a velha estrutura presente: grandes fazendas com um pouco de gado, choupanas com no máximo uma ou duas cabras para fornecer o leite à criançada. As fotos deste post mostram bem este quadro. A desigualdade e a pobreza saltam, gritam aos olhos e provam que o brasileiro médio não conhece seu próprio país.
Outro ponto que queria ressaltar é que nós cidadãos que mal ou bem somos privilegiados fazemos muito pouco de realmente útil. Levamos nossas vidas entretidos com a rotina e as contas para pagar, sem saber ou querer saber que um gesto nosso pode fazer a diferença. Não serei hipócrita de dizer que tenho sentimento de culpa por ter um bom padrão de vida – até porque venho de família pobre e lutei muito para chegar onde cheguei – mas precisamos fabricar mais cidadãos que possam superar e vencer a pobreza. Como cidadãos isto faz parte de nosso dever.
Adicionando ao quadro fica claro que não há como se opor à reforma agrária. Tanta gente querendo ter terra e produzir e tantas extensões com meia dúzia de cabeças de gado só para a fazenda não ser declarada improdutiva pelo Incra. É um potencial de emprego e renda absolutamente desperdiçado. Ainda ressalvo que não estive no sertão baiano, onde o quadro é ainda mais dramático.
O Brasil não conhece o Brasil.
P.S. – As fotos não estão muito boas porque foram tiradas do Blackberry e em movimento, mas dá para se ter uma idéia.