Semana curta, correria que se avizinha – estou em transição para uma nova área da companhia – mas temos mais um texto de nossa série “Resenha Literária”.
O livro alvo deste post é “Meu Maior Prazer”, de autoria de Carlos Eduardo Mansur e Luciano Ribeiro. Consiste de entrevistas com próceres rubro-negros, divididos entre jogadores, ex-jogadores, ex-técnicos e alguns torcedores famosos do “Mais Querido”.
Antes que perguntem, não há dirigentes entre os entrevistados. A única exceção é a ex-assessora de imprensa Marilene Dabus, mas o foco de seu relato está mais concentrado em seus tempos de repórter – foi a primeira mulher em um meio predominantemente masculino.
Entre os 32 representantes da nação rubro-negra entrevistados, há algumas revelações saborosas de bastidores do clube. Também há um grande acerto na escolha de dois dos heróis do hexa, o técnico Andrade e Ronaldo Angelim, o Rondinelli versão 2009. Lembro que o livro foi impresso antes da conquista do campeonato brasileiro pelo clube carioca.
Algumas revelações merecem ser comentadas aqui:
– Zico dizendo que, tecnicamente, o time de 1987 era melhor que o de 1981 (particularmente discordo, mas se é Ele quem está dizendo…)
– Renato Gaúcho dizendo que Zico intercedia em questões táticas do time de 1987;
– O mesmo Renato dizendo que um dia será técnico do clube (medo), porque “treinar o Flamengo é como treinar a seleção”.
– Leandro discordando de Zico sobre a comparação 81/87 e contando que não foi emprestado ao Internacional devido ao exame médico – o “doutor” vaticinou que ele não teria mais dois anos de futebol;
– Bebeto contando a história de sua saída para o Vasco em 1989;
– Virna, do vôlei, dizendo que o Vasco era superior na final de 2000 – mas vencemos;
– Pet afirmando que não jogaria a final de 2001 por questões salariais (já pensaram?)
– Washington Rodrigues contando histórias inacreditáveis de sua passagem como técnico/animador do Flamengo;
– Juan (hoje na Roma) explicando porque a estrutura pesa tanto em campeonatos longos;
– A filosofia de Joel “Tosco” Santana: “podia jogar feio, podia jogar mal…”
– O cineasta José Padilha, neto de presidente do clube, explicando que em seus filmes bandido não pode usar a camisa do clube;
– Do mesmo cineasta: “mas que existe bandido com a camisa do Flamengo, isso tem, basta entrar na diretoria que você vai ver.”
– O goleiro Bruno contando a decisão por pênaltis do pentatri;
– Oscar Schimidt afirmando que poderia ter dado mais ao clube se chegassse mais cedo;
E muitas outras afirmações. Indispensável para quem gosta de futebol.
Sozinho, o livro só pode ser encontrado para compra no site da editora, mas livrarias como a Saraiva vendem um kit com outros dois livros que, particularmente, recomendo. Até porque o preço é acessível – R$ 33.
Levando-se em conta a parca bibliografia sobre o clube, é sem dúvida alguma livro obrigatório. Os autores tem grande mérito em extrair declarações significativas de seus alvos, saindo daquele “rame-rame” típico de lugares comuns obrigatório em entrevistas deste tipo.
Sem dúvida alguma, boa leitura para este feriado prolongado de Ano Novo.

10 Replies to “Resenha Literária – "Meu Maior Prazer"”

  1. Zico, Vós que sois nosso Salvador, aceitamos Vossa palavra.

    Amém.

    Mas falando sério, o Galo está certo se considerarmos o critério da lista de jogadores que serviram ou que viriam a servir a seleção daquele time. A base do time de 1994 campeão (medíocre, mas campeão) surgia aí com o acréscimo posterior do Aldair, também ex-jogador rubro-negro. Basicamente, nessa escalação só o Aílton não era selecionável (longe disso…).

    Vejamos o time de 1987: Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Ailton, Zinho e Zico; Renato Gaúcho e Bebeto.

    E em 1981, nosso time de sonhos, o da final do Mundial: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico.

    Era uma grande equipe, um conjunto fantástico, mas menos selecionáveis se pensarmos bem. No ataque, o Nunes (apesar de que qualquer centro-avante perneta era melhor que o Chulapa, os atacantes deveriam ser o Careca e o Dinamite… Só que o Careca se machucou e SP não podia ficar sem representante no ataque…) e o Lico não eram selecionáveis. Ainda mais no esquema “Bota ponta, Telê!” da época… Adorava como jogavam o Adílio e o Andrade, mas encaixá-los no meio da seleção da época, só na reserva… Com Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico era covardia…

    Palavra de salvação.

    Glória a Vós, Galo!

  2. O time de 87 era mais “Moderno” no sentido tático que o de 81, talvez seja isso que ZIco quis dizer. Mas o time de 81 é minha seleção pessoal, o time dos sonhos.

  3. Na verdade os dois times jogavam em um 4-5-1 disfarçado, onde dois pontas voltavam pra fechar o meio. Mais 81 que 87 – a entrevista do Renato Gaúcho é esclarecedora neste aspecto.

  4. Final do mundial 81 foi Marinho e não Figueiredo. O time de 87 só entraria como reserva. Não trocaria nenhum de 81 por alguém de 87.

  5. Lico era selecionável sim. O cara jogava demais da conta. Sabia tudo de condução de bola e colocação em campo. É um mestre que ficou inexplorado até jogar no Flamengo.

  6. Comparando entre o melhor escrete rubro-negro, se foi em 1981 ou 1987, eu não coloco nenhum dos dois anos: coloco o time de 1983 como o melhor. E vamos fazer justiça aqui: o Flamengo de 1989, treinado pelo saudoso mestre Telê Santana, era um timaço. Aplicávamos chocolates (4 a 0 no Florminense, 8 a 1 no Nova Cidade, 3 a 1 no Vasco etc). Perdemos a final pro Foguinho com aquele gol roubado do Maurício (empurrou descaradamente o Leonardo pras redes). Mas ali havia uma comoção geral, Botafogo 21 anos sem título, Mazolinha, Paulinho Criciúma etc… o titulo do Botafogo naquele ano foi uma afronta ao futebol-arte do Mengo. Depois o Telê foi pro São Paulo e a gente sabe o que aconteceu, né?

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