Amanhã, dia primeiro, estará em vigor o novo salário mínimo federal. Ele passa de R$ 465 para R$ 510 como novo piso nacional. A expectativa é de que haja uma injeção de recursos na economia da ordem de R$ 26,6 bilhões.
A recomposição do valor real do salário mínimo foi uma das principais bandeiras de campanha do atual Presidente Luis Inácio da Silva.
Este valia US$ 57 (R$ 200) no dia 31 de dezembro de 2002, último dia do governo anterior. Com o reajuste de amanhã, pelo câmbio do dia 28 último o valor em dólares é hoje de US$ 293.
Tomando-se o seu valor em dólares, é um aumento de 414%. Não podemos falar que esta percentagem é, toda, aumento real devido à volatilidade da taxa de câmbio. O real apreciou-se significativamente perante o dólar neste período.
Mesmo aplicando-se a taxa de 31/12/2002 ao salário atual – exercício puramente estatístico, que se ressalte – ainda resulta uma evolução maior que 100%.
Olhando-se rapidamente estes dados, pode-se afirmar que boa parte da política de distribuição de renda desenvolvida pelo Governo Lula vem dos aumentos reais do salário mínimo. Seu efeito é muito maior que o empreendido por programas como o “Bolsa-Família”, principalmente porque boa parte dos benefícios da Previdência Social é paga a partir do piso nacional.
A partir desta política de elevações reais do poder de compra do piso nacional, mais programas de transferência de renda e expansão de emprego, formou-se algo que é o “sonho dourado” dos economistas de minha geração: a formação de um mercado interno sustentável e que sirva de motor da economia brasileira.
A boa resposta dada pela nossa economia à crise mundial advém justamente deste fenômeno: o mercado interno formado a partir de políticas de promoção de emprego e renda compensou a queda da demanda externa pelos nossos produtos. Contribuiu, também, a boa resposta em termos de confiança dada pela população brasileira, que manteve o consumo das famílias em níveis aquecidos.
E, para encerrar, desmontaremos um sofisma: ao contrário do que afirmam a Globo e o PSDB, aumento de salário mínimo não causa inflação. Elevação de salário estimula o investimento na outra ponta, aumentando a capacidade produtiva da economia e gerando emprego e renda.
P.S. – Recomendo a leitura do excelente artigo do jornalista Rodrigo Vianna sobre o tema. Indispensável.

3 Replies to “Aumento do Salário Mínimo”

  1. Se o aumento compulsório do salágio inflige na folha de pagamento é claro que a empresa tem que aumentar seus preços para sustentar o aumento. Não há almoço grátis.

  2. Mas é claro tb que o SM estava muito baixo. Mas há cidadezinhas por aí que não se sustentam e cada aumento do SM gera um rombo nas contas públicas.

    Há empresas que funcionam no osso para competir com os chineses e o sócio-majoritário improdutivo e ganancioso chamado “Governo”. E quando vem um aumento destes é um deus-nos-acuda. Daí tome sonegação para poder bancar o negócio. O problema não é só o salário, é a carga tributária da folha, altíssima, desproporcional, que paga a um Estado ineficiente em todos os aspectos.

  3. Henrin, não necessariamente causa aumento de preço, porque o equilíbrio pode vir via aumento de vendas da empresa.

    se isto fosse correto, teria havido inflação violente nos últimos anos, o que não ocorreu.

    e feliz ano novo !

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