Volto a tocar no assunto da imprensa e sua atuação como braço auxiliar do PSDB/DEM.
O Luiz Carlos Azenha, em seu excelente blog “Viomundo”, escreveu texto sobre a ‘formação’ dos jornalistas destas grandes empresas, que divido aqui com vocês.
Também é dele uma frase muito elucidativa do quadro:  “entre o “senador” Ali Kamel e o senador José Sarney, fico com o senador Sarney. O senador Sarney foi eleito. O “senador” Kamel usa uma concessão pública para fazer política como se tivesse sido eleito.”
Por falar em imprensa e TV Globo, a mais nova aquisição dos ‘blogs favoritos” do Ouro de Tolo é o “Doladodela”, do jornalista Marco Aurélio Mello. Ex-globo, conta como funciona a engrenagem de poder da emissora, além de deliciosas histórias. Vale muito a pena uma visita.
Vamos ao texto:
por Luiz Carlos Azenha

“Lendo um bom texto do Luís Nassif sobre a relação de José Serra com a mídia partidarizada, em que ele trata do punhado de neocons brasileiros que “formula” as políticas da oposição, acrescento um comentário que ouvi do Paulo Henrique Amorim.

Os parajornalistas que “formulam” a política da oposição são isso: parajornalistas. Como diz Paulo Henrique Amorim, eles seriam incapazes de fazer uma reportagem sobre um buraco de rua na esquina. E isso não é nada desprezível, por vários motivos. O exercício cotidiano do Jornalismo requer aprendizagem de técnicas de apuração,  conhecimento histórico que permita contextualização e a aplicação de espírito crítico incompatíveis com a mídia corporativa de hoje.

As empresas de mídia deixaram de viver exclusivamente das notícias que produzem. Elas hoje têm interesses políticos e econômicos muito mais diversos e complexos que num passado recente. E, em nome de defender esses interesses, incentivaram uma mudança fundamental na formação dos jornalistas. Se um dia o “espírito público” era um traço fundamental dos jornalistas, agora a ênfase é na rigidez ideológica que atenda aos interesses da corporação.

Grosseiramente, o Jornalismo foi “privatizado”. Colocado a serviço do mercado. Hoje os jornalistas são “funcionalistas”. Outro dia assisti estupefato a um debate sobre transporte público em que não ocorreu a nenhum dos jornalistas-debatedores questionar o próprio modelo de transporte individual que entope as cidades de automóveis, nem falar das políticas de taxação progressiva que “punem” o transporte individual nos Estados Unidos e na Europa, nem sobre as políticas públicas que incentivam empresas a contratar empregados que morem perto das firmas. Todos os debatedores pareciam reféns do “Deus mercado”. Nem parecia que o caos em alguns centros urbanos é resultado de uma escolha política.

Tudo isso ao mesmo tempo é resultado e explica a “limpeza ideológica” promovida nas redações brasileiras pelos neocons e seus vassalos em tempos recentes. Explica também os “cursos de monstrinhos” — na definição do Leandro Fortes — desenvolvidos pela TV Globo, Folha e Abril, nos quais as empresas “treinam” estudantes de Jornalismo de acordo com seu próprio “currículo”.

É preciso “formar a tropa” desde cedo. O que se requer dela, acima de tudo, é “consistência ideológica” e espinha dorsal suficientemente flexível para se adequar aos interesses dos patrões. Os bons repórteres acabam se tornando inconvenientes. O curioso é que a prática dos neocons, como sempre, acaba colocando em risco um valor que eles dizem defender: a meritocracia. Como tudo o que envolve os neocons, eles defendem a meritocracia da boca para fora. Eles sabem que não chegaram lá em cima por mérito profissional ou por fidelidade canina à verdade factual. São propagandistas, embora se apresentem como jornalistas.”

8 Replies to “Os propagandistas”

  1. Azenha, demitido da Globo, agora fica de rancor com o ex-patrão.

    Cara, relaxa com essa fixação no DEM, PSDB e Globo. Te garanto que o esquema lulista na imprensa e na mídia é tão ou mais forte que esse esquema citado.

  2. Ah, igual ao Azenha, temos um time de jornalistas vingativos com a Globo agora: Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif… coincidentemente todos cujos sites sao patrocinados pelo governo ou fundo de pensão estatal… rs

  3. Hahahaha

    Fabrício, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa: o que me irrita é ver a grande imprensa totalmente fora de seu objetivo inicial, que é informar.

    E venhamos e convenhamo: a Globo é muito maior que quaisquer destes jornalistas que você cita, seu poder é muito maior…

    p.s. – acompanho o Nassif há pelo menos uns quinze anos e o discurso dele é o memso.

    p.s.2 – a Globo fez uma “Limpeza ideológica” de alto espectro no iníci ode 2007;

  4. Pedro,

    Não existe imprensa imparcial no Brasil. Ponto final.
    A questão é saber quais os interesses que financiam o Azenha.

    E, de novo, citando Millôr Fernandes, jornalismo TEM que ser oposição a qualquer governo. Tem de vigiá-los, capturar e provar seus erros e pô-los à prova.

    O problema é esse…

  5. Migão e suas teorias conspiratórias, pra ele todos estão a trabalho do PSDB/DEM kkkkkkk

    Migão o que me diz do Iluminado se comparar a CRISTO? Comprar briga com a Igreja não é nada interessante, o molusco vai morrer pela boca e por sua arrogância.

    SRN

  6. Robi, acho que frase do Lula foi infeliz e mais infelizes ainda foram os jornalões distorcento o que foi dito para fazer proselitismo político.

    Bruno, você ouviu o que disse o Lula ? Que o papel da imprensa é informar e, se for o caso, denunciar. O que ele está reclamando é de falta de isenção – no que concordo plenamente.

  7. Mas nunca existirá isenção. Todo jornal pertence a uma empresa, que possui interesses em jogo. E eu acho que seria chatíssimo um jornal apenas informar. Jornal tem que ter opinião – contra ou a favor – a determinado governo, a determinadas tendências da sociedade, a determinados posicionamentos, shows, criticas de livros, CDs, filmes etc. Para informar (apenas por informar), temos o Diário Oficial, que cumpre bem esse papel.

    O que me espanta no Lula (além de sua infinita capacidade de dizer bobagens) é seu dúbio discurso: antes de ser presidente e após ser presidente.

    Sds,

    Fabrício

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