Estou para escrever sobre isto há algum tempo, mas havia faltado oportunidade para tal.
As mulheres possuem o hábito de comprar 329 tipos diferentes de shampoos, condicionadores (nos meus tempos de criança era chamado de creme rinse), cremes diversos para o corpo, sabonetes e equivalentes.
Antes de mais nada, sinceramente não sei para que servem tantos tipos diferentes de produtos embelezadores. Devem ter um para usar apenas às cinco e dezessete da tarde das segundas feiras, outro para as noites de lua cheia, um terceiro para o dia mediano do ciclo menstrual…
O mais incrível, porém, são os rótulos. Um diz que “é livre de sal” e portanto produz uma “beleza diferente”. O segundo se expressa como “guardião do colágeno natural das fibras celulares”, sendo apropriado para aquela ruga que só você vê.
Outro coloca em sua formulação “óleo amendoado de fígado alcoolizado de baleias”, com o objetivo de proceder a um “efeito tonalizante dez espadas de São Jorge, centralizados em uma pele com aparência de amêndoas torradas no vapor defumado dos fiordes noruegueses”.
Faço estes floreios para dizer que, sinceramente, não acredito que sejam necessários todos estes shampoos, todos estes cremes, todas estas coisas que, no final das contas, só deixarão o fabricante mais rico.
Óbvio que você pode procurar um tipo de shampoo, por exemplo, referente ao seu tipo de cabelo; entretanto, não me parece necessário ter dez, vinte tipos diferentes – e usar todos!
Ao que me parece, esta é uma busca absolutamente inglória e fadada ao fracasso: a procura da eterna juventude. Tenta-se driblar o tempo, manter tempos olvidados na memória e mostrar algo que, absolutamente, não faz parte do presente.
Por outro lado, há a geração de uma indústria fortíssima destes produtos e o natural estímulo ao consumo desenfreado. Consumir é a essência da vida na visão de quem ganha na propaganda o pão de cada dia. Então criam-se demandas irreais baseadas em expectativas que não são propriamente das consumidoras, mas sim daqueles que as induzem a tornar indispensáveis aqueles tipos de produto.
A partir daí temos armários lotados de produtos, cada qual ocupando o seu “nicho de corpo” e criando o seu mercado. Sinceramente, não consigo ver utilidade prática em usar 25 sabonetes diferentes e 246 produtos para o cabelo a cada banho.
Decididamente, acho dinheiro jogado fora. Bastam sabonete, shampoo (no meu caso anti-caspa), desodorante e um bom perfume para quem pode usar – não me aplico a isso pois sou alérgico.
O resto é dinheiro gasto de forma não muito eficiente. Mas voltarei ao tema proximamente.

8 Replies to “Maravilhas dos rótulos femininos”

  1. Bom dia Migão,esse consumo desenfreado está cada dia mais enchendo a paciência da mulherada que não tem tanto poder de compra, porque a rica está cada dia mais bem servida de produtos não tão necessários assim,porém, essenciais para a auto estima.
    .
    Outra coisa,a variedade não está tanto no shampoo mas no produto da pós-lavagem ou, sem enxague
    -expostos junto aos condicionadores- que devem ser usado antes do secador.
    Isso sem falar da pressão sofrida pela mulher, principalmente a de 30 anos( eu mesma) em usar creme anti-sinais, é uma verdadeira enchurrada de propaganda sobre este assunto em qualquer mídia. Só falta colocar anúncio de creme anti-sinais nas placas ao redor do campo de futebol.
    .
    Mas faço frente aquele pensamento de que um bom creme é fundamental, fazer o que?
    :-)

  2. Auto-estima. Você foi no ponto exato, Tati.

    Eu nem digo a necessidade de se usar um creme destes, mas precisa ter 247 tipos de cada ? É este exagero que eu condeno.

    Acharia muito melhor investir na compra de um bom livro para “malhar o cérebro”, mas isto será assunto em um próximo post.

  3. Sim, Migão, “malhar o cérebro”, tá aí o X da questão.
    Porém, se o machismo do mercado não atuasse de maneira tão imperativa,talvez, a mulherada “atuante” nas revistas masculinas pudessem escolher outra maneira de mostrar a inteligência.
    .
    Aí seria outra pauta…

  4. Tati, tenho sérias dúvidas se é um eventual “machismo” ou se é, apenas, a própria “inveja” feminina. Confesso que, decididamente, não sei.

    Até porque as mpoçoilas que estão nas revistas primam pelo artificialismo.

  5. Pela minha interpretação e aí é mera especulação de leitora, a tua idéia é mostrar o quanto se faz de propaganda enganosa pra mulherada consumir, isso sim, e eu concordo. Todo mundo sabe que não é um creme o salvador da pátria né!
    .
    Sobre a outra idéia o assunto tenderia a outra linha problemática de inversão de valores, o mundo capitalista, a mulher querendo parecer e sendo objeto pra poder ocupar um determinado espaço,a imagem sendo tão valorizada quanto a eterna juventude, etecétera….
    .

Comments are closed.