Fim de linha para um mafioso.

Assim pode ser definida a notícia, anunciada hoje, da demissão de Flávio Briatore do comando da equipe Renault, na esteira do escândalo de manipulação de resultado em Cingapura.

O italiano é daqueles que deixam no chinelo qualquer dirigente do nosso futebol ou carnaval. Braço direito de Luciano Benetton na confecção, foi trazido para comandar a escuderia de mesmo nome no mundial de Fórmula 1. Com a compra da equipe pela montadora francesa, foi mantido na equipe como manager. 

Além disso, exerce os “bicos” de gerente geral da GP2 – categoria de acesso à Fórmula 1 – e de empresário de diversos pilotos, entre eles Alonso, Nelsinho e Grosjean.

Sua folha corrida é extensa. Em 1994, alterou o mecanismo de reabastecimento para permitir que este fosse mais rápido, comprometendo a segurança – e só foi descoberto por causa de um incêndio tenebroso no carro de Jos Verstappen. Ainda inseriu traquitanas eletrônicas proibidas no carro daquele ano e em 1995 e se envolveu em outras maracutaias, até o episódio do GP de Cingapura. 

Na vida pessoal, tem contra si um episódio de agressão contra a modelo Naomi Campbell, então namorada, além de acusações – nunca comprovadas – de mau uso de verbas e sonegação de impostos.

Tinha como hábito, também, assediar moralmente seus pilotos até os limites do desespero. Trulli, Fisichella, Moreno e Nelsinho são bons exemplos disso. Aproveito para ressalvar que a posição do piloto brasileiro no episódio precisa ser vista sob esta ótica também, a do assédio moral e pressão extrema a que era submetido.

Por outro lado, comprou uma briga perigosa com o presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Max Mosley, ao fazer, conforme as evidências sugerem, vazar as fotos do encontro dele com prostitutas – com direito a chicotinho. 

E encontrou um adversário duro, para o qual foi derrotado duas vezes: Nélson Piquet. 

No final de 1989, Piquet vinha de dois anos difíceis de Lotus e recebeu uma oferta por parte de Briatore de um contrato por produtividade: seu salário seria atrelado aos pontos que conquistasse. Pois é: Piquet fez 44 pontos, com duas vitórias e o terceiro lugar no campeonato, arrancando quase US$ 8 milhões do italiano. 

Agora, as evidências indicam que foi Piquet quem entregou a armação de Cingapura para a FIA, vingando-se da demissão do filho. Consequentemente, causou o final de carreira do italiano na Fórmula 1 e, por tabela, de seu puxa saco Pat Symonds, Diretor Técnico da equipe francesa. 

Lembro aos meus 23 leitores que Piquet é muito amigo de Mosley e de Bernie Ecclestone, os dois manda-chuvas da categoria. Foi bicampeão pela Brabham de Ecclestone. As evidências apontam para uma espécie de conluio entre os três, com discreta torcida de outros próceres – Briatore é odiado no meio. 

Se os amigos me permitem dar uma de pitonisa, acredito que, além da imunidade pela “delação premiada”, o grande acordo feito para pegar o italiano envolve um lugar para Nelsinho Piquet na temporada de 2010. Além disso, como bem lembra o amigo Rodrigo Mattar, Nelsão, certamente, ainda tem mais coisa para contar. Ainda que não conte, prestou mais um bom serviço à categoria.

Sem dúvida alguma que o italiano é um homem rico, mas ele é daqueles que preferem o poder ao dinheiro. portanto, este seu final de carreira deixou-o deveras desapontado. Só que…

Já vai tarde.

6 Replies to “Já vai tarde”

  1. Boa tarde para todos.

    Fórmula-1 é jogo de muitos interesses, é briga de cachorro grande, sempre houve e continuará havendo coisas não muito éticas em suas corridas!

    Tenham um ótimo dia.

    Uma abração para todos.

    STSF Olavo

  2. Olavo, futebol, F-1 e carnaval é jogo pra gente grande. Só muda a quantidade de dinheiro envolvido.

    O engraçado é que criticam o Nelsinho, mas teve coisa muito pior e ninguém fala nada.; Ou bater de propósito para ser campeão não é um exemplo ?

  3. Fala Migão,

    sob pressão ou não a meu ver o Nelsinho Piquet vacilou feio também … O Briatori na verdade já estava pensando em largar a Formula 1 assim como fez a outra raposa peluda chamada Ron Dennis …

    Vovô xaruto

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