O comentário do Xaruto no post sobre o Rio de Janeiro me leva a fazer uma reflexão sobre a violência aqui na cidade.

Penso que existe uma violência real e uma violência percebida. A real é aquela que realmente acontece no dia a dia. A percebida é a propagada pelo povo e ampliada pela imprensa.

Por que escrevo isso ? Porque o que ouço nas conversas e vejo na imprensa é algo muito mais sério do que o dia a dia em que vivemos.

Aqui eu trabalho com gente de tudo quanto é lugar. Carioca é o que menos tem aqui. Todos eles se espantam, mesmo com vários anos de cidade, com a tranquilidade que tento demonstrar.

O que se vê na imprensa, em especial na televisão, e no imaginário popular é uma selva. Que aqueles que saem na rua levam tiro todo dia, que assaltos possuem hora marcada e que a Polícia atira primeiro e pergunta depois – bom, este último ítem não chega a ser falácia absoluta, mas é outra história.

Na prática, a Cidade Maravilhosa possui as mesmas mazelas das grandes cidades do mundo. Possui assaltos, possui homicídios, mas tudo em taxas bem similares a de outras grandes aglomerações urbanas.

Vejo duas diferenças fundamentais: primeiro a imprensa que exacerba o que ocorre aqui no Rio. Tudo aqui é amplificado, espetacularizado e dito de forma a perpetuar o Rio de Janeiro como “cidade sem lei”.

Segundo, a crise econômica que assolou a cidade nos anos 80 e 90 agora está cobrando o seu preço. Quem conhece um pouquinho de segurança sabe que uma geração perdida vai impactar 15, 20 anos depois na questão da criminalidade.

Como sabem, passo todo santo dia pela Linha Vermelha. As pessoas se espantam quando digo que, graças a Deus, jamais tive qualquer tipo de problema passando pela via. Espero que continue assim.

Esta histeria coletiva da população, em tempo, acaba gerando fatos como o do menino João Roberto, covardemente executado dentro do carro dos pais pela PM. A postura do “mata e esfola”, insuflada por agentes externos, contribui para este tipo de atitude. Atire primeiro, pergunte depois, todo morador é um bandido em potencial.

Não irei discorrer aqui sobre os problemas de segurança pública que temos, até porque já escrevi sobre isso aqui mesmo neste blog.

Reforço, apenas, que temos um problema sério localizado em nossas forças de segurança, mal preparadas, mal orientadas, com problemas sérios de conduta moral e executando uma política de segurança pública pífia.

Quero, apenas, alertar que a sensação de insegurança é bem diferente da insegurança real.

5 Replies to “Violência Real e Violência Percebida”

  1. Migão,
    exemplo de violencia do Rio não é só assaltos e homicidios … é o transito maluco, o corre corre das pessoas, é muito tumulto, é o medo da policia … Niterói tem tudo isso mas numa proporção infinitamente menor … como sou mais de ficar na minha e longe das aglomerações … por isso inclusive moro na Região Oceanica e não nos bairros cheios de predios como são Icarai, centro, Inga, santa Rosa, Fonseca … to fora disso tudo …

    Vovô xaruto

  2. Xaruto, não discordo de você, só acho que o Rio é tão violento quanto outras cidades grande do país e do mundo.

    Essa histeria que envolve o tema me incomoda profundamente.

  3. Migão,
    o Rio se comparado a São Paulo é um paraiso … mas penso que (inclusive registro aqui que não tenho nada contra os cariocas) se não tivessem feito a Ponte Rio Niterói, a minha cidade seria mais tranquila ainda e melhor de se viver, pois com a ponte ela foi “invadida” por cariocas que descobriram que do outro lado da baia é melhor de se morar …

    Vovô xaruto

  4. Grande Migão, eu também tenho a mesma sensação quando vc diz que as pessoas exageram um pouco sobre a violencia urbana no Rio que para mim não tem nada de diferente de outras grandes metropoles, mas para mim que fiz tres anos em julho morando em Maricá, hoje para ir ao Rio vou meio que contrariado, digo mais, vou para Niteroi que é muito mais calma que RJ com certa má vontade, pois onde moro é uma paz de segunda a segunda, onde as quatro da matina só ouço barulho de passarinho , no Grajau onde morava as quatro da matina eu ouvia tiro de fuzil, aqui é de canarinho e outros passarinhos e isso é diferente, sei que aqui em Maricá certa violencia já existe, principalmente furtos a automoveis, mas como moro em condominio fechado comprei minha tranquilidade, e tenho projeto de me isolar mais ainda, espero antes dos 50 estar em MINas , pois hoje com a tecnologia posso exercer meu oficio de casa atraves de Computador e melhor sem perder o convicio diario com meu filho, as coisas poderiam estar melhores em outros aspectos, mas isso o tempo vai resolvendo, e outra coisa deixei de ir a duas festas no Rio em agosto,uma no dia 8 e outra agora no dia 22, simplesmente por causa da LEI SECA , pois aqui no Condominio encho acara se quiser no CCOM do ELISA e volto a pé mesmo, hehehehehehehe.
    Outra coisa voce é um sujeito de sorte mesmo, pois fiz o Trajeto Grajau Ilha por tres anos até me casar, passando pela Linha Vermelha, e em tres ocasioes passei por sustos , um estava num Honda Civic que possuia e bandidos mandaram bala para cima de outro carro e o meu estava quase ao lado deles, outra vez num Zafira emprestado mandaram bala e acertou minha lateral, só não levaram o carro, pois na epoca trabalhava numa empresa que me fornecia segurança 24 horas por dia , e os seguranças que seguiam em outro carro responderam ao ataque, Graças a DEus ninguém se feriu e outra foi que simplesmente pararam o Transito na Linha vermelha para um Bonde atravessar e seguir em Direção a Caxias, mas nada disso me faz temer ir a Cidade maravilhosa, minha única má vontade é sair daqui , onde não vejo nada disso , apesar de concordar que em Metropoles é tudo assim mesmo.

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