Após uma série de remarcações por causa da COVID 19, neste último dia 7 tivemos a primeira prévia ocorria desde o dia 17 de março. Ela ocorreu apenas no estado de Wisconsin, na data anteriormente marcada.

Não que a situação lá esteja mais tranquila que no resto do país, pelo contrário. Por causa da pandemia os voluntários que servem como mesários sumiram e com isso vários locais de votação foram fechados de última hora. Como resultado, a cidade de Milwaukee, com 600 mil habitantes, teve apenas 5 locais de votação. Obviamente todos eles sofreram com grandes filas e aglomerações de pessoas, tudo o que não se deve estimular no momento.

A eleição ocorreu porque o governador democrata e o legislativo estadual republicano mais uma vez não se entenderam neste estado que, provavelmente, tem a maior rivalidade entre os dois partidos em todos os estados. Como em todos os assuntos há 2 anos, ambos acionaram a justiça, que tomou diferentes decisões e aumentou a lambança. O resultado final foi a eleição forçada no dia 7 sem adiamentos, mas a proibição da divulgação de qualquer resultado até o dia 13, em uma sequência de decisões sem sentido lógico.

Os resultados desta prévia divulgados ontem, 1 semana após a eleição, nada importaram (por mera curiosidade, foi mais uma lavada de Biden por 64 a 31). A notícia que realmente importou ocorreu ainda no dia 8: Bernie Sanders anunciou oficialmente sua desistência da disputa do Partido Democrata e na segunda seguinte anunciou seu apoio a candidatura de Biden.

Os fatores indicados na coluna passada pesaram e ao fim, segundo apuração da CNN, uma costura política pessoal de Barack Obama com Sanders garantiu que o senador de Vermont anunciasse a desistência da candidatura.

É possível que até a data do anúncio tenha sido combinada. Pois, além das prévias presidenciais democratas, uma eleição geral para uma das cadeiras da Suprema Corte do estado de Wisconsin (lá a Suprema Corte Estadual é eleita tal qual os políticos) ocorreria ao mesmo tempo e era uma eleição crucial para os democratas no estado.

A manutenção da candidatura de Sanders até o dia seguinte dessa eleição seria uma arma para estimular o comparecimento de eleitores democratas para a complicada votação. Esse é o tipo de visão que um político ligado ao establishment do Partido como Obama costuma ter. Do ponto de vista de Sanders, não faria sentido esperar a eleição ocorrer e tomar qualquer decisão 5 dias antes da data marcada para a divulgação dos resultados.

Com esta decisão, sobrou viva apenas uma candidatura, a do ex-Vice Presidente Joe Biden. Dessa forma, ele é oficialmente o candidato democrata para enfrentar o atual Presidente Donald Trump nas eleições presidenciais marcadas para o dia 3 de novembro.

A partir de agora, todas as prévias democratas terão apenas um candidato e ele facilmente conseguirá a quase totalidade dos delegados, atingindo a marca dos 1900 delegados de maneira bastante tranquila. Também todos os candidatos, Sanders incluído, abrirão mão de seus delegados e permitirão que na Convenção Nacional Democrata eles votem em Biden de forma unânime. Essa é a longa tradição de ambos os partidos.

Não há mais sentido em escrever sobre uma disputa que se encerrou e tem um vencedor claro. Por isso, esta série sobre as Prévias Americanas de 2020 se encerra aqui e assim que começar a disputa entre Donald Trump e Joe Biden, será editado uma edição atualizada do “Eleições Americanas – Como Funciona a Eleição Presidencial” e outra coluna explicando a situação da disputa estado a estado será feita.

Quando isso ocorrerá é impossível dizer neste momento. Normalmente as campanhas começam na prática após as convenções nacionais de ambos os partidos que ocorrem entre julho e agosto. Porém a COVID 19 deve embaralhar a situação de uma forma imprevisível.

Inicialmente, a Convenção Nacional Democrata, marcada para o meio de julho, já foi adiada para uma data a ser divulgada em agosto. Na onda de adiamento de prévias, várias delas foram remarcadas para a 2ª quinzena de junho e tal adiamento era necessário para selecionar os delegados após as prévias.

Além disso, ambas as convenções são aglomerações gigantes de 5 mil pessoas vindas de todas as partes do imenso país que são os EUA, que interagem de forma bem próxima umas das outras. Ou seja, o pesadelo de qualquer epidemiologista. Até o momento ninguém sabe o que fazer com ambas as convenções, muito menos é possível saber os impactos disso para os cronogramas das campanhas e da eleição.

Portanto, nada mais há o que fazer a não ser acompanhar a evolução dos fatos e saber que as prévias ficaram para trás e o foco a partir de agora é no embate direto entre Joe Biden e Donald Trump para saber quem será o presidente americano mais velho da história a ser eleito.

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