São tantos assuntos para debater, tantas coisas ocorreram na última semana em virtude das Eleições e suas consequências, que é até difícil escrever a coluna. Uma coisa que posso dizer é que poucas vezes senti um baixo astral tão grande envolvendo o Brasil, sua política e convivência humana. O ódio aumenta cada vez mais e tira até pessoas sensatas do prumo. Amizades estão acabando, mágoas surgindo e será difícil reunir todos novamente.

Eu mesmo fui envolvido pelo clima e só segunda-feira desfiz amizades com mais de vinte pessoas em redes sociais. Posso ter pegado pesado nesse ato, mas sou humano e também fui contaminado por toda a situação. Não sou assim, não sou radical, nem movido pelo ódio, mas o clima está tão pesado, o medo do futuro tão grande que não consegui escapar dele.

Como disse talvez eu tenha exagerado. Muitos acho que agi certo por propagarem o ódio e fake news, mas talvez com alguns tenha sido intolerante. Mas sou assim, um cara com algumas qualidades e inúmeros defeitos. Um cara apaixonado por tudo que faço, que se joga de cabeça e isso pode ser ruim e bom. Ruim porque durante minha vida posso ter deixado bons amigos e pessoas interessantes pelo caminho. Bom também porque esse sou eu e me orgulho do que sou, de ter personalidade e essa personalidade que me leva.

Dito isso posto abaixo entre aspas (mesmo sendo eu que escrevi coloco entre aspas para mostrar que não é algo inédito) uma postagem que fiz no Facebook essa semana. Acho que ela diz tudo sobre mim…

“Um bom amigo disse que minha arte está acima da política circunstancial.

Fico honrado com a frase, acredito que seja um elogio, mas ela não está. O que eu penso sobre a vida, meus ideais desde criança são a base não só da minha arte, mas do que sou. Um cara que não gosta de armas e nem sabe segurar uma, um cara que acredita em educação e cultura como agentes de transformação, que acha a leitura de um livro ato mais poderoso que dar um tiro. Um cara que é branco, hétero e criado na classe média então nunca entenderá com exatidão a dor de uma minoria humilhada, mas que como humanista respeita essa dor e a luta para que ela não exista mais.

Meu ideal de vida está em tudo que faço, tudo que escrevo, seja em uma crônica no fim de semana em um site, livro ou até uma peça maluca onde boto três homens vestidos como mulheres destilando preconceitos enquanto pegam o marido da amiguinha. Sou inquieto, sou chato, irônico, topetudo e eternamente insatisfeito com o mundo, o sistema e a forma que ele quer nos limitar. Não acredito na meritocracia em um país que nem todos tem a mesma oportunidade e acho que o PT faz merda pra cacete e é um dos grandes responsáveis por essa merda toda agora. Mas pelo menos dele posso falar mal, ano que vem não sei mais.

Minha arte fala por mim, minha arte sou eu então ela não é maior ou menor que política, ela é política porque pensar já é um ato político e posso até pensar errado muitas vezes, mas eu penso.

Penso, logo existo. Existo, logo luto.”

Acho que poucas vezes escrevi tão profundamente sobre mim. É bom, é ruim? Não sei, mas esse sou eu. Um cara que não sabe como será amanhã, mas sabe como será a si próprio. Alguém que não trai o que pensa.

Assim seguimos como Dom Quixote lutando contra os moinhos de vento.

Um vendaval forte se aproxima.

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