Nessa última terça, acordamos com a notícia de que o Barcelona havia retirado Ronaldinho Gaúcho de sua lista de embaixadores por ele ter declarado apoio ao candidato a presidência do Brasil Jair Bolsonaro. O clube alegou que o perfil de Bolsonaro não condiz com os ideais do clube catalão.

Sendo certa ou não a atitude de R10 e do Barcelona, não entrando na questão política, o que Ronaldinho fez é algo muito raro no Brasil nas últimas décadas e que tem sido mais visto para essa eleição, que é se posicionar politicamente.

Não são muitos os atletas e ex atletas que fazem isso, e o principal motivo alegado é que a maioria tem uma formação mais humilde, com poucos recursos e educação, e se preocuparam mais em exercer seus esportes, vencer na vida colocando comida na mesa da família do que buscar entender o país em que vive. Algo natural, compreensível na formação, mas que poderia ser revisto quando o atleta alcança seu objetivo e já tem recursos e possibilidades de se informar.

Essa eleição provocou o debate. A maioria dos atletas parecem “fechar” com o candidato Bolsonaro como também é o caso de Felipe Melo e a seleção masculina de vôlei, além da própria ex jogadora do esporte Ana Paula. Contra o candidato e a favor de Haddad temos a também ex jogadora de vôlei Ana Moser, que vem tendo embates nas redes sociais com Ana Paula, o ex jogador de futebol Juninho Pernambucano e algumas torcidas organizadas.

Como eu disse, o esportista brasileiro não tem muito a prática de falar de política mesmo o esporte tendo sido usado várias vezes para isso como a seleção de futebol de 70. O que me vem em mente ao pensar em política no futebol é a primeira metade dos anos 80 quando jogadores como os do Corinthians entraram de cabeça na campanha das diretas inclusive fundando a “Democracia corinthiana” comandada por Sócrates e Casagrande. Como agora algumas torcidas organizadas também se posicionaram.

Costumamos ver essa mistura com mais frequência nos Estados Unidos. Nas Olimpíadas do México em 1968 o grande destaque foi o gesto dos “Panteras Negras” que os atletas negros americanos Tommie Smith e John Carlos fizeram ao chegar ao pódio. Cassius Clay teve seu título mundial no boxe cassado ao se recusar a combater no Vietnam e mais recentemente o quaterback Colin Kaepernick foi praticamente banido da NFL por se ajoelhar durante a execução do hino nacional nos jogos. A equipe do Golden State Warriors da NBA também se recusou a visitar Donald Trump ao vencer o título no basquete.

Acho salutar o envolvimento de esportistas com política, mesmo que não sejam da mesma opinião que a nossa. Esportistas são pessoas de visibilidade, mídia, muitos ouvem então é importante que eles falem coisas além de “Se Deus quiser”, “Graças a Deus” e “Seguimos tudo o que o professor disse”. Vou além, acho que todo mundo deve estudar, entender e falar de política porque ela que rege nossas vidas. Viver é um ato político e quem não se interessa pela mesma acaba deixando que outros decida suas vidas e seu futuro.

Afinal, ainda vivemos em uma democracia.

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