Essa semana perdemos Bebeto de Freitas, um dos caras mais importantes da história do nosso esporte.

O que ele fez como dirigente de Atlético e, principalmente, Botafogo já lhe credenciaria como um dos grandes. Pegou o clube carioca devastado, na segunda divisão, e iniciou o processo de retomada do clube conseguindo, inclusive, a concessão do Engenhão.

Mas Bebeto foi muito mais do que isso. Ele “criou” um esporte.

Claro que o termo criar é exagerado, mas Bebeto foi um do responsáveis pela mudança do patamar do vôlei. Ex-jogador, até virar treinador, o esporte era apenas mais um no Brasil, sem grandes resultados. Tudo mudou quando Bebeto virou protagonista.

Vieram os clássicos entre Pirelli e Atlântico Boavista, duas empresas que decidiram investir no esporte. As equipes paulistana e carioca eram a base da seleção brasileira. Seleção treinada por Bebeto e amplamente divulgada por outro grande incentivador do esporte, Luciano do Valle.

Um time com apoio de mídia, marketing, com alguns caras bonitos que atraíram o público feminino, criadores de jogadas espetaculares como os saques “jornada nas estrelas” e “viagem ao fundo do mar” e o principal, muito talento.

Porque adiantaria nada apoio de empresas, mídia, marketing, beleza e jogadas de efeito se não houvesse talento. Os comandados de Bebeto foram vice-campeões mundiais, fizeram um jogo histórico contra a URSS no Maracanã e conquistaram o vice-campeonato olímpico em Los Angeles.

Aquela geração de prata foi a responsável pelo “boom” do vôlei no Brasil. Não existe esporte mais vitorioso no Brasil do que o vôlei, e como sabemos que brasileiro não gosta de esporte e sim de vencer, é evidente que se transformou no segundo esporte do país.

Se o Brasil de hoje tem cinco conquistas olímpicas e três mundiais deve ao grupo que “perdeu”, a Bebeto de Freitas. Bebeto que foi campeão mundial pela Itália e na semi ao derrotar o Brasil ficou sentado em silêncio enquanto seus jogadores comemoravam. Bebeto que inventou um jeito de jogar no Brasil, uma escola brasileira de vôlei. Um vencedor.

Vencedor que nunca levou desaforo pra casa, valente, aguerrido, movido pela emoção como seus parentes Heleno de Freitas e João Saldanha. Bebeto sem medo.

Morreu trabalhando, fazendo aquilo que amava, só os vencedores tem essa primazia.

Vai fazer falta.

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