Começou o Campeonato Carioca de 2018. A grande festa de lançamento, que contou até com presença de Pelé, contrasta com o desinteresse da maior parte dos grandes clubes com o torneio. Ano passado,  contei aqui alguns “casos curiosos” do torneio.  Esse ano, o regulamento melhorou um pouco, mas ainda temos alguns itens que podem causar estranheza.

Para começar, o campeonato desse ano começou mesmo em 2017. Na chamada “primeira fase” que começou no dia 20  de dezembro, os clubes disputaram um hexagonal no qual os dois primeiros colocados (Cabofriense e Macaé) se classificaram para a fase de grupos.

A principal mudança do regulamento esse ano diz respeito aos campeões de turno. Ano passado, quem ganhava a Taça Guanabara ou a Taça Rio não tinha vantagem nas semifinais do Carioca. Agora, os campeões jogam com a vantagem do empate. Caso uma mesma equipe vença os dois turnos, ela garante vaga direta da decisão do torneio.

A outra novidade está no número de substituições. Cada clube pode realizar até cinco por partida, desde que o jogo não seja interrompido por mais de três vezes para cada lado (contando o intervalo). Além disso, os clubes vão poder relacionar até 12 jogadores para o banco de reservas.

As  novidades já puderam ser vistas logo no jogo de abertura. Com apenas 12 dias de pré-temporada, o Botafogo penou para empatar com a Portuguesa,  que treina desde o início de novembro, com um gol no último lance da partida. O gol foi marcado justamente por um dos cinco jogadores que entraram ao longo do jogo no Botafogo,  Marcos Vinícius.

Com a Copa do Mundo, o calendário do futebol brasileiro ficou ainda mais apertado. O Botafogo foi a primeira equipe da Série A a disputar uma partida oficial. No Fluminense, que estava disputando a Florida Cup, parte do grupo só voltou da viagem no mesmo dia da estreia do time no Carioca. Até por conta disso, Abel optou por uma equipe alternativa nesse primeiro compromisso com apenas dez jogadores do grupo principal, deixando os titulares disponíveis apenas para o clássico contra o Botafogo na segunda rodada.

Outro que “ignorou” essa primeira rodada foi o Flamengo. Como a última partida da Sul-Americana foi disputada em 13 de dezembro, os jogadores do elenco principal só se reapresentaram no dia 12 de janeiro, respeitando os 30 dias de férias exigidos pela lei. Dessa forma, na (re)estreia de Carpegiani como treinador do rubro-negro, o grupo que venceu o Volta Redonda por 2 a 0 foi formado por muitos jogadores da base.

Já o Vasco deve ter um dilema parecido com o do Botafogo no ano passado. Tendo de disputar as fases iniciais da Libertadores, o clube já estreia no dia 31 de janeiro contra o Universidad de Concepción, no Chile e deve usar essas primeiras partidas para testar seus jogadores. Isso sem falar do caos político que o clube vive que dificulta qualquer planejamento para a temporada.

Se os clubes não tratam o Estadual como prioridade, imagine então a dificuldade para atrair o público para os estádios. Com ingressos com preços mínimos definidos (R$ 40 a inteira para Ilha do Urubu e São Januário por exemplo) e horários no  mínimo estranhos (21h30 em uma terça-feira para o Botafogo x Portuguesa e 20h15 para Flamengo e Cabofriense em um domingo), os estádios devem continuar vazios. E o Maracanã ainda deve ficar fechado nos meses de fevereiro e março.  Futebol por lá?  Os shows são prioridade, é claro.

Imagens: André Durão/GloboEsporte.com e Gilvan de Souza