Nesse fim de 2017 eu percebi que poucas vezes esteve tão em voga o confronto de gerações. O mundo muda a cada minuto e nos últimos anos, com o avanço tecnológico, parece que cada mês representa uma década, e quem não se atualiza acaba ficando para trás.

Eu me espantava vendo minha filha Bia de oito anos mexendo com desenvoltura em notebook e no meu celular, muitas vezes até me orientando. Agora meu filho Gabriel de quatro anos também sabe mexer em celular e no note. É espantoso ver como cada vez menores eles lidam bem com a tecnologia, é o mundo deles e não nosso, e junto com o espanto vem a desaprovação quando vemos brincarem mais com tecnologia que com as brincadeiras que fazíamos.

É normal falarmos que “No nosso tempo que era bom”, mas era bom mesmo ou era o que tínhamos? Costumamos sentir saudades das coisas do passado, mas não porque eram melhores, mas porque representam o início da nossa vida com tempo, locais e pessoas com quem não vivemos mais.

Era uma delícia, sim, jogar bola de gude na rua, bola, pião, soltar pipa, brincar de pega, mas por quê não pode ser uma delícia também jogar FIFA? Podem alegar, e com razão, que as brincadeiras de crianças hoje fornam sedentários, mas confessem, não bate alívio ver os filhos brincando em casa com os amigos em vez de na rua com todos os perigos que ela tem?

E não é totalmente verdade falar que criança não gosta mais de brincar com coisas que trazem atividades físicas. Pelo menos as minhas e as que convivem com elas adoram correr,pular, brincar com bola, de pega como todas as outras, elas apenas tem mais opções. Eu e meus amigos íamos todos para a casa de quem tinha mais dinheiro para brincar de Atari, hoje boa parte das crianças tem videos games ou mesmo jogam na internet com jogos muito mais evoluídos do que brincávamos.

Tem gente que diz que antigamente era melhor porque as emissoras de tv passavam desenhos de manhã e hoje não mais e que as crianças perderam espaço. Mentira. Elas não tem mais as manhãs de sete canais de TV, mas tem mais de dez canais 24 horas com programação toda delas. Não tem mais Xuxa. Balão Mágico, Bozo, mas tem Patrulha Canina, Dora Aventureira, Frozen, a programação infantil de hoje é para todas as idades das crianças, e se não tem Xuxa cantando tem Patati Patatá. Cantam tão mal quanto, mas pelo menos ninguém fala que invoca o demônio se botar a música ao contrário.

O mundo é muito melhor para as crianças hoje como é para os adultos também. Para entrar em contato com alguém de longe tinha que mandar telegrama, carta, fazer DDI, hoje tem WhatsApp, messenger e você pode até falar com as pessoas lhes vendo, por vídeo.

Você escolhe o que quer ver na TV podendo até pausar, não precisa mais revelar fotos, o celular mesmo tira de qualidade, tem mais opções quando quer se alimentar na rua com restaurantes dos mais variados tipos e se não quiser sair pede a comida pelo celular.Hoje uma pessoa é capaz de fazer quase tudo sem sair de casa inclusive os tímidos podem fazer amigos e até arrumar namoradas por aplicativos.

Por último, os mais velhos reclamam da música atual, eu mesmo sou um que reclama muito e acha que piorou. Mas você não precisa ouvir a música ruim se não quiser. Não tem só Chacrinha e Bolinha como opção na TV, não tem que ficar grudado no rádio com a fita K7 pronta esperando sua música favorita tocar, gravar e torcer para não entrar a vinheta da rádio no meio. Você ouve o que quiser, da forma que quiser, não precisa comprar um LP para ouvir uma música específica, pode baixar a música e botar com outras que gosta em seu celular.

É claro que a vida não está uma maravilha, viver está perigoso, mas até nisso acho que tem exagero. Sempre foi perigoso viver, a diferença é que hoje temos mais acesso a informações e coisas que passavam desapercebidas chegam a nós.

O futuro sempre vem e não adianta ficarmos apenas lamentando e virando os velhos rabugentos de quem um dia reclamamos. Dá para fazer do tempo parceiro, saber aproveitar o que a modernidade nos trouxe.

Em vez de um confronto de gerações um complemento. A sagacidade deles com nossa experiência.

Fazer do confronto um encontro.

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