Ontem fez uma semana que uma das eleições mais loucas da história ocorreu. Era entre candidato A contra B e no fim venceu C que era vice de A e não teve nenhum voto de sócios.

Surpreendeu, provocou debates, revolta, mas por incrível que pareça tudo foi feito dentro da legalidade. O Brasil, que já é exportador de futebol, café e samba vem aprimorando nos últimos anos a interessante técnica de dar golpes dentro da legalidade.

Claro que a atitude do Campello não foi legal, claro que foi “Judas” com Julio Brant, claro que se aliou a Eurico e fez o que fez faltando apenas um dia para não dar a Brant a chance de se restabelecer da porrada que recebeu, mas foi tudo dentro da legalidade.

O Vasco, que se orgulha com razão de seu passado democrático, virou uma caixa preta digna de aviões que somem no Triângulo das Bermudas. Tudo nele é nebuloso, esquisito. Tem um estatuto do tempo em que Dondom jogava no Andaraí e ele prevê que a eleição no clube é indireta.

A chapa vencedora tem direito de indicar 120 pessoas para o conselho, a perdedora 30 e esses se juntam aos 150 natos para eleger o presidente. Qualquer um dos 300 pode se candidatar, não necessariamente o “cabeça de chapa” na eleição indireta. Evidente que a chapa vencedora na eleição tem um passo e meio para fazer o presidente já que precisaria apenas de 31 dos 150 natos para eleger seu candidato e sempre foi assim. Foi até…

…até a última eleição. O traidor só precisa de uma desculpa para cometer a traição, e Alexandre Campello teve a perfeita. Julio Brant, o messias vascaíno, o homem que abriria o mar vermelho de São Januário conduzindo seu povo a volta do período de glórias, o homem que uniu os ídolos do clube em torno dele e iria contratar Eto’o, que é pior do que Obina, se mostrou arrogante no pós-eleição. Comportou-se como já eleito, chegou a fazer declarações se dizendo presidente do Vasco, garoteou como se diz atualmente.

Parece que se deslumbrou com a vitória, se achou a bala que matou o Kennedy e cometeu a maior das ingenuidades, achou que uma velha raposa como Eurico estava morto. Uma grande ingenuidade porque Eurico já era assaltado na porta de casa com rendas de clássicos enquanto Brant engatinhava. Enquanto o rapaz se comportava como presidente, Eurico ia até o conselho e mostrava a falta de respeito de alguém se autoeleger antes da eleição. Campello se sentia jogado de lado, desprezado, desprestigiado e assim juntou-se a fome com a vontade de comer. Como diria um samba antigo da Beija-Flor “A traição estava ali”.

Não foi ilegal, mas foi antiético apesar de sabermos que ética é uma coisa pessoal, cada um tem a sua. Não tiro o direito do Campello se irritar, magoar e pular fora da chapa, mas acho errado se aproveitar da situação para se eleger, se aproveitar que indicou conselheiros. No lugar dele eu teria saído e virado oposição a qualquer um dos eleitos, mas como disse, cada um tem sua ética.

Julio Brant foi arrogante, ingênuo, mas foi o escolhido pelos sócios para ser presidente do Vasco e isso não foi respeitado. Uma grande sacanagem, legal, mas sacanagem.

Podem perguntar: e o futuro do Vasco? O que penso? Amigos, se eles que deviam pensar no futuro do Vasco não pensaram, só pensaram em briga pelo poder, eu vou? Vejam o elenco montado e os primeiros resultados, eles falam por si.

O respeito não voltou.

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