O diretor geral de Harmonia e membro da Comissão de Carnaval da Dragões da Real é o entrevistado dessa semana da série “Os artistas da Folia”, que nos trará personagens importantes das 14 escolas do Grupo Especial.

Rogério Félix, 47 anos, entrou no mundo do samba aos oito anos, com 15 já assumiu departamentos em ala das crianças. Pouco depois começou a fazer parte de equipes de Harmonia e vive o carnaval de São Paulo desde os desfiles da Av. Tiradentes.

Seu início como Harmonia foi na Leandro de Itaquera, passou por Mocidade Alegre e Tom Maior. Logo no seu ano de estreia na Dragões, foi campeão do Grupo de Acesso, para onde a agremiação nunca mais passou perto de voltar.

Há oito anos ele está na escola de Vila Anastácio, atual vice-campeã do Grupo Especial, que em 2018 levará para o Anhembi o enredo “Minha música, minha raiz. Abram a porteira para essa gente caipira e feliz” e será a sexta escola do sábado, 10 de fevereiro.

Confira a entrevista:

Ouro de Tolo: Como funciona a função de um diretor de harmonia? O que é essencial para ter sucesso nessa área?
Rogério Felix: Cada escola tem a sua peculiaridade, um estilo de toque de caixa na bateria e ritmo, hoje em dia cada uma tem seu estilo de harmonia também. Hoje eu digo que meu jeito de conduzir é muito semelhante ao da Dragões, para mim a grande magia é fazer o componente ter a segurança de que faremos um grande desfile, de que ele pode se divertir e saber que tem um parceiro do lado garantindo um grande trabalho. O principal para mim é ser apaixonado pela escola, assim como eu sou pela Dragões, estudar Carnaval sempre, e ter no coração a vontade de fazer cada dia mais nossa escola ser um lugar de gente feliz.

OT: No desfile deste ano, vimos na concentração que o canto da escola estava irregular, mas que na pista fluiu, isso é proposital? Como a escola trabalha com seus componentes que moram fora de São Paulo?
Rogério Felix: Nós temos ensaios setorizados de ala ou por região, ensaiando a ala sozinha ou a alas do setor juntas. Como você viu na concentração nós temos uma técnica para disparar o canto somente na pista, para que o componente não gaste energia antes da hora e não deixe de cantar no final. Sabemos como extrair o melhor de cada uma de nossas alas.

OT: Para 2018, a escola liberou o carnavalesco Jorge Silveira, um craque no desenho, para a São Clemente e optou por não trazer ninguém para o seu lugar. Como ficou estruturada a Comissão?
Rogério Felix: Tivemos recentemente a notícia que o Jorge renovou com a São Clemente para 2019, é o único carnavalesco garantido para daqui dois anos, isso mostra a qualidade deste profissional. Mas aqui na Dragões da Real nos sempre trabalhamos em equipe e a comissão de Carnaval composta por Dione Leite, Márcio Gonçalves, e por mim, concebeu todos os desenhos de fantasias e alegorias, foi um trabalho feito a 6 mãos e Graças a Deus já deu muito certo e estamos muitos felizes com o resultado.

OT: A Dragões da Real em 2017 trouxe a São Paulo um estilo consagrado no Rio de Janeiro, lateralizando e fazendo coreografias nas cinco alegorias, esta será uma identidade da escola daqui por diante?
Rogério Felix: Algumas coirmãs também desenvolveram este modelo, mas concordo que ao fazer isso em todos os carros fomos um pouco mais “malucos”. Nós nunca entraremos na zona de conforto e se acomodar em um estilo, até porque deixa de ser novidade. Nós sempre vamos inovar, este ano todos acharam que traríamos algo já batido sobre o nordeste e não foi o que aconteceu. Em 2018 o público vai se surpreender novamente com o que faremos sobre as Alegorias.

OT: Outros dois pontos que chamam a atenção para o próximo carnaval são as fantasias, que desta vez teremos algumas com plumas e a Comissão de Frente, onde a nova coreógrafa, Roberta Melo, chegou na escola com liberdade de criação. O que dizer destes dois quesitos?
Rogério Felix: Sim, no ano passado optamos pela não utilização das plumas por conta do enredo, que nos trazia a cultura nordestina. Agora o tema já pede algumas peças com plumas, então teremos uma mescla e nossos protótipos agradaram muito. Quanto a Roberta, que é uma profissional espetacular, podem esperar um show na Comissão de Frente, ela está preparando algo lindo que certamente irá nos emocionar.

OT: Para terminar, nos conte sobre as atividades da Dragões da Real, que através de seus eventos vem criando um modelo sustentável e de fidelização da sua comunidade.
Rogério Felix: Na verdade o principal intuito das nossas feijoadas e de todos os eventos é prestar um serviço e possibilitar o lazer a nossa comunidade, é para eles e por eles; tanto que os lucros não nos mostram números exorbitantes. Também são uma ótima oportunidade para trazer um público novo no carnaval, pessoas que querem descobrir como desfilar, como é um ensaio e o universo de uma escola de samba, nós sempre estamos à disposição para mostrar esse mundo as pessoas. Tudo isso define a nossa essência, que é trabalhar e conviver no nosso lugar, um lugar de gente feliz!

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