Nessa semana que passou, saiu mais uma pesquisa eleitoral e nela Lula aparece liderando a com 34% das intenções de voto e Bolsonaro vem em segundo com 17%..

Muito cedo ainda para avaliar algo, faltam dez meses para as eleições e muita coisa pode ocorrer até lá. Não sabemos se Lula conseguirá ser candidato vide seus problemas com a justiça. Não sabemos se Bolsonaro terá fôlego eleitoral com tempo tão diminuto de TV e os ataques naturais que receberá em debates e programas eleitorais, mas o que vem ocorrendo nas pesquisas é interessante.

Lula e Bolsonaro são candidatos extremos, completamente diferentes um do outro. Lula representa parte do eleitorado de esquerda, Bolsonaro a extrema direita. Em comum, vemos eleitores insatisfeitos com o momento atual do país e que odeiam o outro candidato. Eleitor do Lula odeia Bolsonaro, de Bolsonaro odeia Lula, os dois lados odeiam o Brasil de hoje.

O eleitor petista se sente traído. Pensa que ocorreu um golpe e nele foi tirada do poder a presidente Dilma. Um eleitor que abomina Michel Temer e suas medidas como reforma trabalhista e da previdência.O eleitor de Lula acha que o Brasil retroagiu, está mais conservador e vê o ex-presidente como perseguido pela justiça e pela mídia. Eleitor de Lula odeia a Globo.

Eleitor de Bolsonaro tem saudades de um tempo que muitos nem viveram. Acham que o Brasil no tempo dos militares era melhor, não tinha violência nem corrupção. Eleitor de Bolsonaro acha o tempo atual liberal demais, sexualizado, torce o nariz para igualdade de gêneros e pensa que o “cidadão de bem” tem o direito de se proteger contra tudo de mal que tem hoje na sociedade. O eleitor de Bolsonaro acha que o Brasil retroagiu, está dominado pelos “esquerdopatas” e vê o ex-militar como exemplo de honestidade e perseguido pela mídia. Eleitor de Bolsonaro odeia a Globo.

Como podem ver são muitas diferenças e aproximações por mais que odeiem essa ideia. Lula e Bolsonaro são midiáticos e polêmicos. Lula tem inúmeras acusações de corrupção, já foi condenado em primeira instância, para muitos é chefe de um quadrilha e para muitos também é um perseguido, o melhor presidente que o Brasil, o presidente que acabou com a fome. Um “super herói” dos pobres e oprimidos.

Bolsonaro tem poucas acusações de corrupção, mas acusações de ser contra os direitos humanos, racista e homofóbico sendo condenado em alguns casos desses. Pra muitos Bolsonaro vive de factóides e de frases de efeito sem nunca ter apresentado um trabalho efetivo como deputado. Para muitos Bolsonaro é a salvação do Brasil. Um “super herói” que vai salvar o país dos corruptos e bandidos.

Mas no fundo, no fundo vermos duas figuras tão controversas liderar as pesquisas mostra a desmoralização, a falta de credibilidade da classe política brasileira que não é capaz de arrumar um candidato forte o suficiente capaz de enfrentar duas figuras tão polêmicas, que são amadas, mas muito odiadas também. Uma boa parcela da sociedade, talvez a maior, não se vê representada por nenhum dos dois, mas não é capaz de produzir um candidato capaz de enfrentá-los.

Por isso não duvido que até as eleições surja um “salvador da pátria”,o “super herói de centro direita”, alguém fora da classe política tradicional que represente o eleitor da classe média alta e dos ricos, alguém com perfil do PSDB que o próprio não consegue mais produzir.

João Doria? Luciano Huck? Henrique Meirelles? Joaquim Barbosa? Não sei, Tiririca não será porque esse cansou da política.

É preciso ficar atento as eleições em 2018, o vácuo no poder muitas vezes torna um quadro eleitoral perigoso.

Lugar de super-herói é no cinema, não na política.

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