No momento em que escrevo essa coluna, o que o Manchester City faz é absurdo.

A equipe de Pep Guardiola encerrou sua participação no primeiro turno da Premier League, uma espécie de Taça Guanabara de lá, com a incrível marca de dezoito vitórias e um empate. Cinquenta e cinco pontos em cinquenta e sete possíveis.

Para terem uma ideia do quão absurdo é, o Corinthians fez uma campanha espetacular no primeiro turno do brasileiro de 2017 conquistando quarenta e sete pontos, um recorde brasileiro. Essa campanha corintiana colocaria a equipe ainda oito pontos atrás do City. A pontuação do City no Campeonato Brasileiro já lhe garantiria o oitavo lugar na competição, portanto a chamada pré-Libertadores, mesmo que não fizesse nenhum ponto no returno.

É impressionante, é histórico e sinceramente não acredito que irá se manter dessa forma, nem mesmo a invencibilidade. Acredito que irá até o fim porque chegará determinado momento em que a equipe irá priorizar a Uefa Champions League, sonho do clube. E convenhamos, do jeito que o time joga, é hoje o principal favorito à conquista europeia. O City não precisa fazer um returno nem próximo para ser campeão, fazendo metade dos pontos do turno deve garantir o título.

De quem são os méritos? É evidente que o poderio financeiro que a equipe tem ajuda muito. O City é hoje uma das equipes mais ricas do planeta podendo contratar quem quiser. Mas só isso não basta porque temos inúmeros exemplos de equipes poderosas tecnicamente e financeiramente que arrumaram nada.

Não vejo nem na atualidade o time como o mais talentoso do mundo. Se formos ver talentos individuais times como Barcelona, Real Madrid, PSG e o próprio Manchester United tem mais “figurinhas carimbadas”.O City não tem um Messi, CR7, Neymar nem mesmo Ibra.

Vejo o mérito maior no banco de reservas. De um cara chamado Pep Guardiola. O cara que está lá é o mesmo que revolucionou o futebol do século montando o super Barcelona do fim da década passada. Também é o cara que não quis ficar deitado em berço esplêndido e deixou o Barcelona para estudar e depois dirigir o Bayern de Munique. Ganhou todos os títulos da Bundesliga e ainda tem gente que diz que fracassou porque não venceu Champions League.

Pegou o maior desafio da carreira, o Manchester City com muito dinheiro e pouca tradição e nada conquistou no primeiro ano. Queda precoce na Champions, terceiro lugar na Premier, sem conquistas nas copas inglesas e vaticinaram que Guardiola não era tudo isso. Cedo demais como podemos ver.

Não sabemos se ganhará as copas inglesas ou a Champions League, mas já dá pra dizer que será campeão inglês, um campeonato nivelado como poucos no mundo, onde os pequenos não só podem tirar pontos dos grandes como ganhar o título como o Leicester em 2016 e isso já faz de Guardiola um vitorioso no City. Vitorioso não só em Manchester como na carreira ao ponto de alguns já lhe chamarem como “maior técnico da história”.

Nossa primeira reação quando falam que algo da atualidade é o maior da história é desdenhar, aquela velha mania de achar tudo do passado é melhor. Confesso que quando ouvi a primeira vez que ele poderia ser o maior desdenhei, mas depois pensei bem e concluí “Por quê não?”.

Até pode não ser ainda o maior, mas caminha para isso e acredito que conseguirá se não perder a vontade de treinar e vencer. Acusam de só treinar clubes de poderio financeiro, mas evidente que ele só treinará equipes assim, esses clubes escolhem sempre os melhores e ele é o melhor.

Dizem que não pode ser o maior por só dirigir clubes e não seleções. O futebol na Europa é visto de maneira diferente da América do Sul. Aqui treinar seleção é prêmio, lá os treinadores de mais prestígio treinam clubes.

O que sei é que a quase dez anos é um imenso prazer ver atuar as equipes de Pep Guardiola, como esta sendo ver esse Manchester City jogar. Um time que joga para o ataque, joga para vencer, não desiste nunca da posse de bola, do domínio da partida. Algo bem diferente do futebol “bundão” praticado no Brasil chamado de “futebol reativo”. Guardiola não reage, ele age.

O futuro parece azul para o City.

(Após a criação da coluna o City ainda venceu mais uma, 1×0 no Newcastle ampliando sua marca para 18 vitórias seguidas e para 15 pontos a distância para o segundo colocado)

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

Fotos: UOL e reprodução de internet

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