Bom dia, caro leitor. Já viu as novidades do Brasil essa semana? Não? Faça o seguinte: leia o jornal ou veja em algum site..

Não, não falo jornal ou site com notícias dessa semana, mas em arquivos noticiosos de 40, 50 anos atrás. Mas tem que ser dessa época, porque as notícias de 20, 30 anos atrás são muito modernas para o Brasil de hoje.

O Brasil caminha a largos passos para o atraso.

A semana que passou nos dá a impressão que voltamos no tempo e a minha dúvida é se voltamos para a primeira metade do século XX ou à Idade Média – porque queimar bonecos na rua gritando “queimem a bruxa” é coisa da Idade Média. Você pode não concordar com as ideias de Judith Butler, pelo menos em regime democrático é assim viu coxinhas?

Mas queimar bonecos representando alguém é ridículo.

Como é ridículo fazer piadas com negros. Duas semanas atrás escrevi sobre bullying aqui e falei que um dos avanços que tivemos foi não ter mais piadas com negros. Eis que um dos principais âncoras da tv brasileira, William Waack, é pego em vídeo fazendo piada racista e falando o típico “só pode ser preto”.

Qual a credibilidade que um jornalista que pronuncia tal frase pode ter? E não me venham dizer que é mimimi ou mal do politicamente correto porque racismo não tem nada com politicamente correto: é crime e o pior de tudo é que esse vídeo já tem um ano e só ocorreu a punição agora porque vazou. Os graúdos da Globo já sabiam e nada fizeram.

Racismo, para eles, não é passível de punição. Vazamento que coloca imagem em cheque sim.

E no meio de tantas situações ainda tivemos homens brancos determinando que mulheres não podem abortar mesmo em caso de estupros. Repetindo, homens brancos, pessoas que não tem nada a ver com a história e nunca sofrerão o que as mulheres estupradas sofreram.

Ok, podemos até debater o aborto no geral, cada um com suas convicções e religiosidade, mas em estupro não. Querem o quê? Punir a violentada duas vezes? Ter dentro dela e para o resto de sua vida a marca do estupro sem ao menos lhe dar a opção?

Sabem o que vai acontecer? A mulher atormentada dará o filho para adoção; o menino, por exemplo, não poderá ser adotado por casal gay porque os reacionários não querem; é grande o risco dessa criança crescer com complexos e até entrar para o crime, entrando para o crime vira bandido e o mesmo cara que não queria o aborto lá atrás vai gritar “bandido bom é bandido morto”.

Fora que não vamos ser hipócritas. Tendo dinheiro qualquer mulher aborta no Brasil, quem será proibida vai ser a mulher pobre, provavelmente a mulher negra que teve a cor achincalhada pelo William Waack ou virou cor de papel higiênico.

É o país do retrocesso, o país em que gritamos “fora” para quem está cada vez mais dentro. Onde milhões tem menos força que dezenas, seja no país em geral ou mesmo em um clube de futebol.

O Brasil do escárnio onde um presidente compra votos de deputados na frente de todos e ninguém faz nada, principalmente aqueles que se diziam “contra corrupção”. Seja em um clube de futebol onde uma urna suspeita dá 90% dos votos a quem tem o poder enquanto todas as outras são equilibradas. O Brasil não quer Temer,o Vasco não quer Eurico. Mas quem disse que isso basta?

A vontade da maioria não basta em um país que só anda para trás.

O Brasil é um país com brilhante passado pela frente.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

Imagens: Reprodução

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