O PSG montou um grande time para essa temporada. Isso é indiscutível. Neymar, Mbappé e companhia se juntaram a Cavani, Pastore, Draxler e Di María (isso só para ficar nos meias e atacantes). O sonho da equipe parisiense é alto: depois de vencer quatro vezes o Campeonato Francês nas últimas cinco temporadas, Nasser Al-Khelaifi quer ser campeão europeu. E, para isso, abriu o cofre (alô, fair play financeiro!). Só por Neymar, o presidente do PSG pagou 222 milhões de euros.

Até agora, os resultados têm correspondido: líder do Francês com seis vitórias em seis jogos e o melhor ataque com 21 gols. No único jogo da Liga dos Campeões até aqui, vitória por 5 a 0 diante do Celtic, da Escócia, fora de casa.

Mas trabalhar com um elenco repleto de craque não é tão fácil assim. Há muitos egos para administrar. E na última vitória do PSG sobre o Lyon no domingo isso ficou evidente.

No segundo tempo da partida, Cavani queria cobrar uma falta perto da área. Daniel Alves não deixou e quem bateu mesmo foi Neymar.

Depois disso, o lance que mais rendeu discussões. Mbappé sobreu falta dentro da área. O árbitro marcou pênalti. Neymar pediu para bater, mas Cavani – que é o cobrador oficial da equipe – não permitiu. O brasileiro saiu contrariado e com cara de poucos amigos. O uruguaio perdeu a cobrança e a polêmica aumentou ainda mais. Vale lembrar que situação semelhante já tinha acontecido contra o Toulouse: Neymar pediu para bater e Cavani não deixou. A diferença é que daquela vez o uruguaio fez o gol.

O que poderia ser uma discussão boba, de jogo, ganhou uma proporção bem maior. Principal jornal esportivo da França, o “L’Equipe” deu destaque em sua capa à discussão (“Triunfo muito caro”). Como resolver esse impasse e não deixar que pequenas brigas como essa afetem o relacionamento entre os jogadores? Acho que temos algumas opções.

. A regra da pelada – A menos provável de ser adotada, mas a mais fácil também. Quem sofreu a falta, bate o pênalti.

. Antiguidade é posto – Nesse caso, Cavani é o mais indicado. O uruguaio chegou ao PSG em 2013 e tem sido o cobrador oficial da equipe nas últimas temporadas.

. Cobrador fixo – Para mim, a melhor opção. O técnico Unay Emery deveria estabelecer um jogador fixo para ficar responsável pelas cobranças e um ou dois substitutos caso o escolhido não esteja em campo.

Nesse primeiro momento, Emery falou que os jogadores devem chegar a um acordo. Eu discordo. Ele como comandante e responsável pela equipe, deve estabelecer um nome e não deixar que os jogadores resolvam na hora. Decidir no calor da partida só piora a situação e aumenta a briga de egos. Mas como chegar a esse nome em um elenco cheio de estrelas? Para um treinador que acompanha diariamente seus jogadores é simples. Quem treina melhor? Quem tem o melhor aproveitamento? É esse o escolhido.

Unay Emery precisa agir rápido e mostrar pulso para que briguinhas desse tipo não prejudiquem uma equipe que sonha tão alto quanto o PSG nessa temporada. Uma simples discussão sobre quem cobra um pênalti (em uma vitória) não pode se estender tanto.

Neymar também precisa refletir sobre essa questão. Chegou ao PSG com o status de craque e maior contratação da história do futebol. É a estrela do elenco parisiense. Ao contrário do que acontecia no Barcelona onde o astro maior era Messi. Neymar sabia disso. E revezava as cobranças de pênalti com o argentino e Luis Suárez.

Quando Neymar aceitou a proposta do PSG, falou em “desafio”. Queria sair da sombra de Messi e alavancar (ainda mais) sua carreira. Neymar quer ser o melhor do mundo, embora não admita isso publicamente. Nesse caminho, é natural que ele queira ter os melhores números individualmente. Quanto melhor forem suas atuações e mais gols fizer, mais próximo estará de seu sonho. Neymar é fominha, mas não pode querer ser o dono do time. Não dá para querer resolver tudo sozinho. Um dos segredos para ser o melhor do mundo não está apenas nos números individuais. O coletivo também pesa. E o camisa 10 tem companheiros bastante qualificados no PSG ao seu lado para ajudá-lo.

E também é fundamental saber obedecer às ordens. Quem cobra pênalti? E as faltas? Unay Emery precisa decidir logo e deixar claro sua opinião. Antes que a briga de egos prejudique o futuro do PSG.

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