Outro dia estava ouvindo jogo do Fluminense na ex-Rádio Globo e o Tricolor estava perdendo. Aí do nada entrou um comentário de ouvinte dizendo: “Fulano tem que marcar um gol porque ele está no meu Cartola”. Detalhe, o fulano jogava no Fluminense e o ouvinte era Flamengo.

Não era Fla x Flu, mas no Constituição Federal das rivalidades esportivas está lá no parágrafo 1 “Nunca torcer para um rival de seu time, a não ser que vitória dele ajude o seu”.

Mas agora não mais. Esse caso que contei é apenas mais um. Existem outros casos de pessoas que torcem por rivais por causa do aplicativo e, pasmem, colocam em seus times virtuais jogadores que vão enfrentar o seu real e encontra um atenuante ao levar gol alegando “pelo menos está no meu Cartola”.

É isso, uma das frases mais escrotas da atualidade, desse mundo escroto que vivemos hoje é essa “está no meu cartola”. A cada vez que essa frase é repetida uma criança loirinha morre de fome na Suécia.

O tal aplicativo virou uma febre e, lógico, sendo bancada e tendo propaganda na Rede Globo, Globosat, Rádio Globo e sites da Globo, até chiclete sabor pum é consumido com fervor pelo “Ê vida de gado, povo marcado, povo feliz” . Bons tempos em que Cartola era nome de compositor e “Queixo-me às rosas” era verso de música dele, não reclamação de atuação dos jogadores do Fluminense no aplicativo.

Não tenho nada contra o tal aplicativo, tirando o fato de ele ser chato pra cacete e igualar os tais cartoleiros a fervorosos religiosos, atendentes de telemarketing, passadores de correntes e trabalhadores da Petrobras moradores do Jardim Guanabara em redes sociais em dia de jogo do Flamengo.

O cartoleiro vive disso, só fala disso, só pensa nisso, respira isso e faz sexo com isso. Enquanto está fazendo sexo com sua amada (o), está com o celular na mão para ver se o beque do XV de Jaú de Piracicaba pontuou.

E a coisa ganha maior proporção quando afeta rivalidades, quando faz torcer pra rival de cidade ou de tabela de campeonato, quando jogadores são ameaçados porque pontuaram mal e “ferraram” o time do cartoleiro.

Sim, caro leitor, isso existe sim, já ocorreu e tem muitos jogadores de futebol que odeiam o aplicativo. Vai chegar o dia que um Mark Chapman da vida vai matar um jogador porque errou x passes na partida e seu time foi mal. Vai virar novela com o tema “Quem matou Márcio Araújo?”.

Mas, tirando tudo isso, é um jogo legal porque rende dinheiro. Pra Globo é claro, não pro cartoleiro do “Otário FC” ou você acha que a emissora põe na TV ou na rádio toda hora a pontuação dos jogadores e lembretes do aplicativo porque querem entreter o público com um joguinho legal?

O.K., a coluna de hoje pode ter sido chata, mal humorada e até exagerada. Acho que peguei pesado. Vou pedir desculpas a um amigo rubro-negro que arrebentei depois que o Flamengo fez um gol importante e enquanto eu comemorava ele reclamou que não foi o jogador que pôs no Cartola.

Geração Cartola, geração Nutella, cada dia um 7 x 1 diferente sendo que o goleiro que tomou 7 é o que nós botamos no Cartola. Mas fazer o quê se todo mundo gosta desse jogo? Reclamar com quem do Cartola? Já sei…

…Queixo-me às rosas…

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