Nesta semana a coluna traz uma entrevista exclusiva com o carnavalesco campeão do carnaval paulistano. Flávio Campello é sobrinho do mestre Arlindo Rodrigues e discípulo da professora Rosa Magalhães, com quem trabalhou por 14 anos e é fã incondicional.

O artista conduziu a Acadêmicos do Tatuapé a seu primeiro troféu e para 2018 aceitou o desafio de tentar fazer o mesmo com a Acadêmicos do Tucuruvi. Na entrevista, Campello fala sobre seu estilo clássico, a mudança de escola, o enredo “Uma noite no museu” e sobre o carnaval do Rio de Janeiro.

Confira:

OT: Vivemos em uma época onde os carnavalescos buscam movimentos nas esculturas e coreografias em carro. Enquanto isso você consegue ser campeão mantendo o estilo clássico, qual a importância deste título no ponto de vista do conceito tradicional do carnaval?

FC – Acredito que para entrarmos na avenida sem riscos, o ideal é não arriscarmos em possibilidades que podem nos tirar os décimos tão preciosos. O investimento no carnaval paulistano ainda não nos permite o uso de algumas tecnologias, e isso faz com que eu acabe apostando no tradicional. Um exemplo de que o clássico e a tradição ainda funcionam e muito são os carnavais da mestra Rosa Magalhães.

É um desfile que dá gosto de ver, pelo uso do primor e do requinte, algumas vezes suas alegorias nos fazem sentir vontade de levá-las para nossa casa… São verdadeiros bibelôs sobre rodas… Sou fã incondicional da professora.

OT: A Tucuruvi vem de dois carnavais medianos e buscou em você uma resposta para brigar pelo topo. Quais os motivos que te levaram a fazer o carnaval da escola?

O principal de todos, o desafio. É sempre mais gostoso quando trabalhamos motivados ao desafio. O Tucuruvi é uma escola-exemplo de gestão, tendo o seu Jamil a frente da escola e inspirando tantos outros presidentes, que o consideram um modelo de gestor. O Tucuruvi é uma escola aguerrida, valente e eu fui convidado a fazer parte desse time e muito me honra fazer parte dessa família da cantareira. Sou vizinho da quadra, então me sinto em casa.

OT: O enredo de 2018 traz muita curiosidade sobre a forma como será levado. De que maneira veremos esta viagem pelos museus?

FC – De um forma tradicional, porém alegre e festeira como precisa ser feito. Daí a inspiração na trilogia do filme de Hollywood, “Uma Noite no Museu” que desde o primeiro filme da série, eu tive o ensejo de que aquilo poderia ser carnavalizado…

Afinal quem não gostaria de ver um museu ganhando vida, e contando a verdadeira história… Quem nunca foi a um museu e pensou ao olhar para algo em exposição que aquilo guardava lembranças de um passado, às vezes sentimentos de um artista numa obra de arte e etc. Como historiador eu amo museus e gostaria muito de levar para os braços do povo a história dos museus de uma forma popular, leve e irreverente…

OT: De que maneira você viu as notas baixas para a Rosa Magalhães em alegoria neste ano por elas serem “pequenas”? Você acredita que em São Paulo o peso da bandeira é menor do que no Rio?

FC – Às vezes nos causam questionamentos, sobre até onde os jurados estão ou são preparados. Essas mesmas alegorias consideradas pelos jurados “pequenas”, foram umas das únicas que entraram no sambódromo sem problemas. Na entrada ou na saída do sambódromo…

Será que essa não seria a melhor forma de se fazer um carnaval? Afinal o sambódromo do Rio tem suas falhas principalmente na concentração, o que causa buracos às vezes quilométricos justamente na entrada da pista de desfiles.

Será que a maneira da Rosa Magalhães fazer suas alegorias não seria a correta? Pois mesmo “pequenas” elas eram lindas e dignas de notas máximas.

Sobre o peso do pavilhão isso é algo muito relativo e muitas vezes questionáveis…

Pois vemos escolas “tradicionais” serem penalizadas de forma sutil cometendo erros grotescos, e aí uma escola menos “tradicional” por tão menos acabam sendo penalizadas sem medo e com rigor que até nos assusta.

Mas isso é um assunto polêmico demais… Melhor não polemizar!

OT: O carnavalesco Jorge Silveira quebrou um tabu e deixou o carnaval de São Paulo para assinar um carnaval no especial do Rio. Você acredita que a partir de agora essa porta pode estar aberta a todos os artistas de São Paulo? E você deseja assinar carnavais no Rio no futuro?

FC – O Jorge, além de São Paulo, também estreou na série A do Rio de Janeiro. Acredito que o trabalho feito na Viradouro tenha contribuído para a oportunidade no Grupo Especial do Rio, assim como aconteceu com Leandro Vieira, que também fez um trabalho na série A e no ano seguinte teve a oportunidade na Mangueira – se sagrando campeão na sua belíssima estréia.

Acredito que a verdadeira vitrine para o Grupo Especial seja a série A.

Como carioca, cresci no carnaval do Rio, aprendi a fazer carnaval no Rio, e se um dia a oportunidade de retornar ao Rio acontecer, agarrarei da mesma forma que agarrei a oportunidade que São Paulo me deu em 2008.

ano que vem completo uma década no carnaval de SP, e sempre fui um amante de carnaval, seja ele no Rio, São Paulo, Vitória, Belo Horizonte, ou em qualquer lugar do Brasil!

Carnaval para mim, é a minha vida, a minha paixão!

E o futuro a Deus pertence!

Imagem: Divulgação

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