Após um longo e tenebroso inverno, volto com minhas colunas no Ouro de Tolo, agora falando sobre a comunidade LGBT. O país que mais mata homo e trans no mundo precisa cada vez mais expôr suas mazelas e o orgulho de carregar a bandeira do arco-íris.

No último mês, muitos ficaram chocados com a notícia de que a Chechênia mantém espécies de campos de concentração para a população LGBT do local. A denúncia foi feita pela jornalista Elena Milashina, do jornal russo Novaya Gazeta.

A perseguição à população LGBT na Rússia já é notória. É também uma das preocupações da FIFA para a realização da Copa das Confederações, em 2017, e Copa do Mundo, em 2018, no país. O presidente russo Vladimir Putin já deu declarações homofóbicas, além de seu governo aprovar lei homofóbicas.

A denúncia da perseguição na Chechênia é grave. Além das denúncias da jornalista, negadas pelo governo, um jovem, que se diz ex-prisioneiro, declarou ao The Guardian como funcionam as prisões. “Pessoas diferentes entravam e se revezavam em turnos para nos espancar. Algumas vezes, traziam outros presos, a quem diziam que éramos gays e ordenavam que eles também nos batessem”, disse Adam (nome fictício) ao jornal.

Já na imprensa francesa (France24) repercute a informação que policiais chechenos estão avisando aos pais de homossexuais que: ou os pais matam seus filhos ou a polícia fará isso. Afinal de contas, é necessário limpar a honra com sangue.

Essas informações chocam, assustam e fazem a gente, muitas vezes, questionar qual o valor do ser humano, mas não precisamos ir para a Chechênia para falar sobre violência contra homossexuais. Apesar da “liberdade” conquistada com o passar dos anos, o Brasil é um grande exemplo para o mundo de como não se tratar homossexuais e transexuais.

Em 2016, foram mortos 343 LGBTs em todo o país. O estado que mais matou foi São Paulo, com 49, um número que já foi maior. Em 2015, 55 LGBTs morreram no estado mais rico do país.

Os números são alarmantes e resultado da onda que ataca o país e os direitos humanos nos últimos tempos. Desde o ataque nas redes sociais ao ataque físico e até a morte, o que está por trás são os mesmos sentimentos: o ódio e o conservadorismo.

Não há uma pessoa que pratique esses ataques e que não tenha o ódio no olhar quando vemos suas declarações conservadoras. A “proteção” da família, da honra e todos esses discursos que ouvimos há tantos anos.

Em fevereiro, um vídeo assustou e chocou a todos que lutam pelos direitos humanos. A morte da travesti Dandara dos Santos, de 42 anos, foi filmada pelos seus assassinos e compartilhada por milhares de pessoas.

Um ato covarde que envolveu seis pessoas. Agrediram, humilharam, machucaram e, segundo a polícia, mataram a travesti com tiros.

Um projeto que pretende punir a transfobia e a homofobia (PLC 122/06) tramitou durante oito anos pelo Congresso Nacional até que, em 2014, foi arquivado sem conseguir aprovação. Enquanto isso, a onda conservadora cresce. É comum já ver nos meios de jovens (cada vez mais jovens) o discurso que “viado tem que morrer”. Vamos matando nossa população LGBT enquanto nos assustamos com o que acontece na Chechênia.