E o exército voltou para as ruas…

Inacreditável, depois de tudo que esse país passou entre 1964 e 1985, tudo o que nós com menos idade estudamos na escola, ouvimos de nossos pais e avós não poderia imaginar que veria essa cena. Mas, sim, o exército foi para as ruas para combater protestos.

Podem alegar que não foi a primeira vez e que em eleições e nas Olimpíadas isso ocorreu, é verdade, mas foram em ocasiões de eventos extraordinários. Para combater algo legítimo e democrático que é um protesto foi a primeira vez desde 1999 quando essa prerrogativa foi autorizada pelo congresso.

Podem alegar também que teve vandalismo, e sim é verdade teve, mas antes de entrar na seara de a quem servia esses vândalos, quem os mandou de verdade até lá não é demais lembrar que existe a polícia para combater esse tipo de desordem e se não a força nacional como sugeriu Rodrigo Maia, não forças armadas como diz o presidente. Preocupante ter um presidente que não sabe ler e alega ingenuidade quando é gravado, acho que somos governados pelo Sassá Mutema e nem percebemos.

É um perigoso caminho feito por um irresponsável. Sim, Michel Temer além de tudo do que vem sendo acusado é um irresponsável medroso porque por medo de gente, medo do povo botou o exército nas ruas. Eu aprendi desde pequeno com meu avô general do exército que o problema de tirar os militares do quartel é que nem sempre eles querem voltar depois. A sorte é que parece que os militares não querem mais fazer golpes. Vamos ser sinceros, por muito menos do que vem ocorrendo fizeram 1964.

Temos um presidente irresponsável, frouxo e um governo que acabou. Não digo oficialmente, mas moralmente acabou. Um governo que ninguém respeita, que todas as ideologias e pensamentos políticos são contra e querem o fim.

Um governo que nunca teve apoio popular e agora perde aliados e segmentos como a OAB que protocolou pedido de impeachment. Por essa briga política que o Brasil vive ele está parado desde 2014, andou para aprovar projetos polêmicos com Michel Temer e parou de vez agora com todos esses escândalos.

Acabou moralmente e não acho que será levado como um morto vivo até 1 de janeiro de 2019. Ninguém aguenta governar sendo odiado por seu povo e cercado de escândalos por tanto tempo, cabe conjecturar como acabará o governo Michel Temer.

Ele disse que não renuncia, mas já voltou atrás em tantas coisas que não dá pra cravar que não renunciará, mas por momento não tem essa hipótese. Impeachment pelo congresso acho quase impossível tendo Rodrigo Maia, o presidente da câmara, como aliado.

Acho que o meio mais plausível é que a queda ocorra dia 6 de junho com a cassação da chapa Dilma / Temer pelo TSE. Dilma já caiu então tem nada a perder, o povo ficaria feliz com sua saída, a oposição poderia lutar pelas diretas, a situação que continua ao seu lado tentando arrumar uma desculpa para não estar ficaria aliviada e costuraria a eleição indireta onde fatalmente seria eleito um dos seus e até para o Temer seria a melhor solução.

Sairia do poder sem ser por corrupção ou impeachment e sim por algo que ocorreu com uma chapa, não somente com ele.

Que essa saída ocorra dia 6 e que dia 6 chegue logo porque como eu disse percorremos um perigoso caminho. Até hoje tratamos o Brasil na piada, na forma de gozação, mas tem gente que está perdendo a paciência e começando a ficar com raiva.

O ódio começa a transbordar e como vimos em Brasília essa semana pode ficar pior. A campanha contra o governo já está fincada nas ruas, hoje tem manifestações marcadas e a tendência é que isso aumente junto com o ódio e a vontade de tirar um governo calhorda e que já nasceu natimorto.

País complicado esse. País em que tratam seres humanos como cocô na crackolândia e choram por vidros quebrados em manifestações, que começa a discutir pares de sorteio de carnaval e ninguém mais lembra que há pouco tempo morreu uma pessoa assassinada por um carro alegórico, país que vendem sua dignidade por bilhões, dois milhões, quinhentos mil ou três mil reais. País tão desanimador em seu caráter que canetas tem que ser amarradas em casas lotéricas para não serem roubadas.

A pergunta do Cazuza já foi respondida, já sabemos quem são os sócios do Brasil, falta responder a pergunta de Renato Russo.

Que país é esse?

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