Pronto, foi o Messi fazer uma boa partida no clássico contra o Real Madrid e voltou a discussão sobre o maior jogador do mundo de todos os tempos. A ESPN em um de seus inúmeros “bate-bolas” separou quatro prateleiras com dezesseis jogadores que consideram os melhores de todos os tempos fazendo um ranking entre eles e claro que deu problema. Se definir um maior já é ruim, imaginem definir dezesseis?

Não tenho a pretensão da ESPN nessa discussão, que é ao mesmo tempo chata e boa. Incoerente isso, não? É sim, porque ao mesmo tempo chata porque surge sempre que o Messi faz uma boa partida, mesmo assistindo sem fazer nada a seu time ser destroçado na UCL, é boa porque é um daqueles papos típicos de mesa de bar, ao contrário de quantidade de posse de bola, marcação alta e outras coisas malas que surgiram recentemente.

Pelé ainda é o maior de todos os tempos, mas acho que por pouco tempo. Por quê acho isso? Porque o Messi ou outro irá lhe passar? Não, mas porque as pessoas que viram Pelé jogar estão morrendo ou envelhecendo, e daqui a pouco não teremos muitos para passar aos outros tudo o que o jogador fazia. Não seria necessário alguém passar isso já que hoje temos uma enorme facilidade de informação e é só correr um pouco atrás que se descobre tudo. Mas essa facilidade de buscar informações vem criando gerações preguiçosas que, junto à arrogância típica da juventude, faz com que achem que estão sempre certos.

Hoje, se o CR7 soltar um peido no gramado, esse mesmo será fotografado, filmado, passará por análise tática na ESPN e terá um programa especial na Fox. Se o Messi coçar a cabeça aparecerá alguém que ampliará a imagem e dirá que a caspa do Messi é a melhor do mundo. No tempo do Pelé não era assim, nem TV a cores tinha no Brasil no tricampeonato mundial, e, se só víamos Maradona quando a Band passava o Napoli em alguma manhã de domingo, imagine no tempo de Pelé? Os jogadores de hoje estão todos os dias na TV e na internet, e competir o atual, o moderno com a lembrança é injusto. Não vi o Pelé jogar, mas confio no que diz quem viu e busquei conhecer sua trajetória, mas uma hora os mais antigos não existirão mais, então fatalmente Pelé perderá para o esquecimento. Ainda mais depois de sua morte.

Como já perdem Zizinho, que é pouco lembrado e era o ídolo de Pelé, Puskas, Di Stéfano, Eusébio e outros, como perde Garrincha, que a cada ano é menos comentado. Como até Romário já vem perdendo e novas gerações precisam ver suas entrevistas recentes para entender sua importância.

Eu já comentei antes e repito, para mim, alguém ser considerado o melhor do mundo em algo tem que ser, se não o melhor, um dos melhores em todos os itens que formam aquilo que ele desempenha. O desempenho de Messi é admirável no Barcelona, mas é comum na seleção argentina e por mais que desmereçam hoje o futebol de seleções, é sim um importante item. Minha maior resistência a Messi vem daí, e aumenta quando vemos que seu maior rival, Cristiano Ronaldo, foi campeão europeu com Portugal.

Assim como acho Maradona maior que Messi e eu vi Maradona e posso falar isso. O que Maradona fez na Copa de 1986 com um time apenas razoável foi sacanagem, e quase ganhou uma segunda copa em 1990 com um time medíocre. Além disso tudo, transformou o Napoli, sua história e acima de tudo isso, tinha personalidade e como eu disse, o melhor tem que ser forte em tudo. A personalidade de Maradona é muito mais forte, ele é muito mais líder que Messi.

Chamou minha atenção a atitude do argentino domingo mostrando sua camisa para a torcida do Real Madrid. É uma imagem emblemática que com certeza marcará sua carreira e pode dar um novo rumo para ela. Ao fazer isso, ao sangrar em campo, ao chorar quando perdeu a Copa América mostrou um lado humano, lado de sua personalidade desconhecido. Atitudes assim é que esperamos de um gênio.

E ele é gênio sem dúvidas, o único do futebol atual, mas que pela falta de fibra vem sendo alcançado pelo excelente, esforçado, mas não gênio CR7. Chegou a hora de Messi mostrar o que quer ser na história do futebol.

Enquanto isso vamos desfrutando de seu talento.

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