É, amigos, não é piada de 1º de abril.

Fernando Alonso, o respeitado bicampeão mundial de Fórmula 1, o dono de 32 vitórias na categoria mais importante do automobilismo, considerado por muita gente boa ainda o melhor piloto do mundo, vai disputar a edição deste ano das 500 Milhas de Indianápolis pela equipe Andretti.

Mas como? Bem, uma série de fatores explica essa notícia que caiu como uma bomba nesta aparentemente comum quarta-feira, às vésperas da terceira etapa da temporada da Fórmula 1, no Bahrein.

Alonso já está claramente de saco cheio da Fórmula 1 há algum tempo. Diversas vezes reclamou do regulamento técnico, das decisões dos comissários desportivos, dos carros que vem guiando então, nem se fala…

Ele sabe que dificilmente vai ser campeão de novo, ou até mesmo vencer corridas. Um piloto competitivo vive de vencer corridas e, por mais que os novos carros da F1 sejam mais exigentes e prazerosos de pilotar, como o próprio Alonso admitiu, ele não vai ganhar num curto prazo.

E, por mais que não tenha declarado isso, Alonso quer vencer a chamada Tríplice Coroa do automobilismo, formada pelo GP de Mônaco de F1, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans. Na F1, já ganhou duas vezes em Mônaco, em 2006 (Renault) e 2007 (McLaren). Faltam a Indy 500 e Le Mans – até hoje só Graham Hill venceu as três provas.

Em 2015, o espanhol foi convidado para correr em Le Mans pela Porsche e estava doidinho para aceitar, mas aí Ron Dennis e a Honda entraram no circuito, com o perdão do trocadilho, para impedir. Ficou aquele gostinho, como diz o poeta, de guarda-chuva na boca, até porque Nico Hulkenberg jantou a concorrência com o Porsche 919 que seria dele Alonso…

Surgiu agora, então, uma nova possibilidade, em Indianápolis. A Honda fornece motores para algumas equipes da Indy, o que já ajudaria a abrir uma porta. A McLaren, no seu processo de reestruturação após a saída de Ron Dennis, pensa em ter uma equipe na Fórmula Indy. E o Liberty Media, que agora controla a F1, enxergou uma ótima chance de fazer um marketing da categoria nos Estados Unidos: quer melhor coisa do que um ídolo da F1 correr em Indianápolis? Lembram-se do fuzuê que Nigel Mansell causou por lá em 1993?

Juntando todos esses ingredientes e a vontade de comer de Alonso, não foi difícil finalizar o prato. E lá vai Alonso tentar igualar Graham Hill, Jim Clark e Emerson Fittipaldi como os únicos campeões mundiais de F1 que foram a Indianápolis e venceram – Mario Andretti ainda não era campeão quando ganhou em 1968 e Jacques Villeneuve faturou a prova antes de se transferir para a F1, onde foi campeão em 1997.

Mas será que Alonso vai conseguir ser competitivo e vencer já este ano? Talento, ele tem de sobra. A Andretti, apesar de não ser hoje a melhor equipe do grid, ganhou duas das últimas três edições da prova, com Ryan Hunter-Reay e Alexander Rossi, este, diga-se de passagem, levou a vitória em 2016 após ter saído da F1 por não ter vaga…

Ou seja, dar, dá. Não vejo Alonso indo lá apenas para tomar um banho de sol…

Fotos: Reuters e reprodução de internet

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