Na última quarta-feira estive presente no jogo de ida entre Botafogo x Colo Colo válido pela segunda fase da Libertadores no estádio Nilton Santos (Engenhão).

Cabe destacar que fui assistir ao jogo na condição de torcedora e não como jornalista, que é minha profissão. Assim, o relato que farei aqui é o de uma torcedora como outra qualquer, que assistiu ao jogo da arquibancada com a camisa do time, xingou e vibrou como qualquer outro torcedor dos quase 40 mil presentes.

No início desse ano, me associei ao programa de sócio-torcedor do Botafogo, meu clube do coração. Um dos motivos para a adesão, além da vontade de ajudar o clube, era conseguir com facilidade ingressos para a Libertadores, competição que o alvinegro carioca não disputava desde 2014.

Aqui cabe uma explicação: o programa de sócio tem diversas modalidades, algumas com garantia de ingressos para todos os jogos com o mando de campo do Botafogo na temporada.  Por questões pessoais, aderi ao programa que dá direito à 50% de desconto no valor do ingresso nos jogos. Na modalidade em que aderi, a venda de ingressos começou pelo próprio sistema online do “Sou Botafogo” no dia 16 de janeiro. Comprei no cartão de crédito e imprimi com facilidade o meu ingresso antes da venda ser aberta ao público em geral.  Aliás, a maior parte das entradas para essa partida foi adquirida pelos próprios sócios ou torcedores em geral através da internet.

A venda física só se iniciou dois dias antes da partida, assim mesmo porque houve uma carga extra de bilhetes após liberação de um dos setores pelo Corpo de Bombeiros. O sistema se mostrou eficiente e minimizou problemas como confusões na fila e ação dos cambistas.

Depois de muita ansiedade, o dia 1º finalmente chegou. A partida estava marcada para às 21h45 no estádio do Engenhão, na zona norte do Rio. Saí do trabalho na Barra direto para o jogo com um grupo de amigos com bastante antecedência, como pedia o clube. Fomos de Uber e chegamos no local em cerca de meia hora, sem grandes engarrafamentos.  A primeira das preocupações já estava superada.

Ao chegar no Engenhão, estava um pouco receosa quanto ao acesso ao estádio. A última vez em que tinha ido assistir à um jogo do Botafogo, havia sido na Ilha do Governador durante o campeonato brasileiro. A experiência não tinha sido legal. Mesmo me dirigindo com antecedência à entrada, fiquei mais de meia hora para conseguir passar pelas catracas. Só consegui entrar no estádio com o jogo já em andamento. Não havia organização e várias pessoas não respeitavam a fila.

Prevenida, entrei com quase duas horas de antecedência no estádio. Havia uma área exclusiva para a entrada dos sócios-torcedores no setor norte, onde eu sentei. Não havia fila. Passei sem dificuldades com o meu e-ticket pela catraca, apesar dos pensamentos: Será que a máquina vai ler mesmo um mero código de barra impresso em um papel? 

Dentro do estádio, sentei no setor norte, atrás de um dos gols, onde eu nunca tinha ficado. O espaço é o mais popular do estádio. A ideia inicial da diretoria depois da customização do local é que esse setor fosse como uma geral, sem cadeiras, onde os torcedores pudessem assistir à partida em pé, como acontece em uma área nas Arena do Grêmio e do Corinthians. No entanto, o local foi liberado pelo Corpo de Bombeiros apenas na semana do jogo e a corporação exigiu algumas mudanças como a colocação de bancos sem encostos, diferentemente de todos os outros assentos do resto do estádio.

A visão no setor norte é satisfatória apesar da distância entre a arquibancada e o campo de jogo ser maior devido à pista de atletismo. A maior dificuldade para quem está atrás de um dos gols é enxergar o que se passa do lado oposto. Os três gols dessa partida saíram do outro lado de onde eu estava. Confesso que foi difícil entender alguns lances como o gol contra. Há um telão no estádio, que ajuda bastante quem está no setor norte, mas há apenas um.

A alimentação no Engenhão se assemelha às das grandes arenas e estádios. Os quiosques servem salgados, biscoitos, pizza, churrasquinhos, entre outros. Me alimentei em dois momentos: assim que cheguei, comi um churrasquinho por 7 reais. Não havia fila, mas o quiosque não tinha os palitinhos tradicionais para colocar a carne e estavam servindo em uma embalagem de papelão. A atendente falou que iam buscar o palito, mas não voltei depois para conferir. Um pouco mais tarde, comi uma pizza por 10 reais e aí as filas já tinham aumentando consideravelmente.

No intervalo, quando as filas começam a aumentar, não comi nada, apenas comprei água por duas vezes (já que não é permitido trazer água de fora do estádio). Cada copo custava 4 reais. Na segunda vez, o ambulante só tinha refrigerante e água. A cerveja já tinha acabado, mas ainda era possível encontrá-la em outros pontos do estádio.

Uma ideia interessante que vem ganhando espaço nas arenas esportivas é a utilização dos copos ecológicos. Desde o ano passado, o Botafogo tem uma parceria com a empresa “Meu Copo Eco” que fabrica copos personalizados e reutilizáveis. Além de ser uma bela lembrança para levar para casa, o copo (que custa 7 reais) ajuda a diminuir o descarte das embalagens de plástico tradicionais após a partida.

Em relação à internet, o Engenhão não dispõe de uma rede wifi. Consegui mandar mensagens e usar a internet antes e durante a partida, mas no intervalo não havia nenhum sinal. Meus amigos tiveram problemas semelhantes mesmo com operadoras distintas. Provavelmente, a rede estava sobrecarregada com a quantidade de pessoas que tentavam acessar seus aparelhos móveis. No segundo tempo, a internet voltou.

Um problema recorrente em espaços públicos ou que recebem grande quantidade de público é a higiene dos sanitários. Fui ao local apenas uma única vez, assim que cheguei. Não era como os toaletes de um shopping, é claro, mas estava em condições boas. Imagino que a situação não fosse a mesma após a partida. Mas o que mais me chamou a atenção foi o fato de algumas descargas e pias ainda conservarem a logo do Pan de 2007.

Na volta para casa, eu estava exatamente do lado oposto à estação de trem do Engenho de Dentro. A Supervia informou que estenderia seu horário e disponibilizaria 14 trens extras. Mas como moro em um local que não dispõe de trens ou metrô, optei por caminhar até a avenida Dom Hélder Câmara e pegar um transporte particular. Sabendo do jogo, muitos táxis faziam fila ali esperando possíveis passageiros e foi em um deles que embarquei, após desistir de pegar o Uber.

A tarifa desse último não estava dinâmica, mas o tempo de espera informado pelo aplicativo e a desinformação de um de seus motoristas fizeram com que eu acabasse preferindo os tradicionais amarelinhos mesmo. Já para quem prefere ir no seu próprio carro, o Botafogo tem um convênio com um estacionamento próximo. O sócio paga um preço fixo (30 reais) para deixar seu carro lá e pode reservar a vaga pela internet através do site do “Sou Botafogo”. Mas o torcedor precisa ser paciente: as ruas no entorno do estádio são muito estreitas e com o grande fluxo de pessoas saindo ao mesmo tempo, os carros mal conseguem se locomover após o jogo e se formam grandes congestionamentos.

Saí satisfeita com a experiência de ir ao Engenhão à noite, apesar da preocupação inicial com os serviços. Pretendo voltar outras vezes.

Imagens: Arquivo Ouro de Tolo

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