O drama colorado

Vive um drama o gigante Internacional de Porto Alegre.

Três vezes campeão brasileiro (um invicto), duas da Libertadores, uma do Mundial, o Inter é um dos poucos clubes brasileiros que se orgulha de nunca ter sido rebaixado para a segunda divisão.

Na verdade, foram poucas as vezes que o Inter correu riscos. Em 1999, se salvou em jogo de última rodada contra o Palmeiras com um gol de Dunga e nunca só correu riscos de novo em 2002, quando venceu o Paysandu e se livrou. O Inter vem sempre fazendo boas campanhas e sempre é um dos cotados ao título nacional.

Esse ano fez uma reformulação de elenco, ganhou o título estadual e devido a essa reformulação não era um dos favoritos ao título. Mesmo assim, começou muito bem o certame nacional, liderando nas primeiras rodadas e até a imprensa dizia que no ano em que não era cotado era capaz de finalmente o Internacional acabar com o jejum de 37 anos sem títulos brasileiros.

Mas após uma vitória acachapante sobre o poderoso Atlético Mineiro por 3 a 0, a coisa desandou. Dezenove rodadas do Brasileiro se passaram, e o Inter conseguiu apenas uma vitória e mesmo assim em uma partida polêmica com o Santos na qual foi ajudado pela arbitragem. O outrora líder do campeonato agora é o 18º, colecionando derrotas, jogando o pior futebol do Brasil da atualidade e seriamente ameaçado de rebaixamento.

É ou não é um drama?

O Inter vem fazendo o roteiro perfeito de um time rebaixado. Já mudou diversas vezes de técnico, chegando a colocar seu maior ídolo Falcão apenas algumas rodadas e logo o demitindo, contratou o “chama-rebaixamento” Celso Roth que vem fazendo mais um trabalho péssimo e vem apelando para o desespero.

Trouxe o presidente campeão do mundo Fernando Carvalho para comandar o futebol e não vem adiantando. Certamente se o ídolo Fernandão estivesse vivo também estaria nessa luta, mas o problema não vem de nomes, vem de um todo.

Um trabalho feito errado não pode terminar bem por mais que nomes surjam. Não dá para mudar de Argel para Falcão e Roth, três técnicos de estilos completamente diferentes, impunemente. Não dá para desmanchar elenco deixando jogadores como D`Alessandro saírem sem repor e ficar impune. O time não é ruim, tem bons valores como Valdívia e Vitinho, mas, como eu disse, nomes não bastam.

O Inter 2016 lembra o Vasco 2015, que depois da fechadura arrombada, saiu contratando gente. Até conseguiu uma arrancada, mas não foi o suficiente. A situação de tabela esse ano é bem melhor que a vascaína, mas essa altura do campeonato o Vasco já começara sua reação, enquanto o Inter continua mal.

O problema maior me parece psicológico. Não há mais nada a se fazer em nomes. O problema é que o time não para de perder e se acostumou com isso, vide declarações dadas após últimas derrotas. O time acostumado a perder não se acostumou a brigar contra o rebaixamento e se acostumar a perder é um perigo, não saber jogar contra o rebaixamento, outro.

O Inter não sabe lutar contra o rebaixamento, não é um time que cai e sobe e nem mesmo que sofra ameaças, então é possível que em algum momento surja o desespero e como uma pessoa que se desespere tentando sair da areia movediça, acabe sendo tragado.

Ainda há tempo para o Inter, mas não muito. A reação tem que começar agora para não realizar um grande sonho.

Dos gremistas.

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