Obs: para uma explicação do procedimento das prévias americanas e de alguns termos técnicos usados nesta coluna, leia a coluna explicativa

Depois de mais um mês com votações finais, muitas delas de cumprimento de tabela, finalmente chegamos ao fim prático das prévias partidárias para a eleição presidencial americana. Oficialmente ainda falta a prévia do Partido Democrata na capital, Washington D.C., que será feita amanhã. Mas é uma prévia que decide apenas 20 delegados e não muda absolutamente nada.

Vejamos o que se passou nesse último mês de prévias desde o dia 7/5, quando essa coluna interrompeu o acompanhamento dia-a-dia.

Partido Republicano

Trump concorreu como único candidato ativo desde então e, obviamente levou todos os nove estados restantes com porcentagens altíssimas. As mais baixas foram em Nebraska e Oregon, com 61% e 64% respectivamente e chegou até os 80% em New Jersey. Com isso Trump ficou com mais de 1500 delegados, bem acima dos 1237 necessários.

A convenção republicana de confirmação da candidatura está marcada para os dias 18 a 21 de julho em Cleveland e não deverá ser muito tranquila. Ainda há muita divisão dentro do partido em relação a Trump, e seus comentários xenófobos contra um juiz federal de origem mexicana não ajudou a apaziguar os ânimos.

Ainda há conversas privadas para tentar mudar as regras de última hora da convenção para tentar negar a candidatura a Trump, mas as probabilidades disso realmente ocorrer são muito irrisórias, ao menos no momento que escrevo.

Agora, as expectativas ficam para o anúncio por Trump de quem comporá a chapa com ele para o cargo de Vice-presidente. Não se sabe ao certo se ele escolherá um “cachorro louco” como ele para compor uma chapa “puro-sangue” ou se tentará equilibrar a chapa com alguém mais “convencional”.

Placar final

  • Trump – 1537 (1457 “comprometidos” e 80 “não comprometidos”)
  • Cruz – 569 (553 “comprometidos” e 16 “não comprometidos”)
  • Rubio – 166 (166 “comprometidos”)
  • Kasich – 164 (161″comprometidos” e 3 “não comprometidos”)
  • Carson 7 (7 “comprometidos”)
  • Bush 4 (4 “comprometidos”)
  • Fiorina 1 (1 “comprometido”)
  • Huckabee 1 (1 “comprometido”)
  • Paul 1 (1 “comprometido”)
  • 22 não-comprometidos sem anunciar apoio

Número Mágico: 1237

Fonte: blog The Green Papers

Partido Democrata

No partido democrata ainda houve bastante atividade pela decisão de Sanders de não abandonar e continuar a disputar com Clinton até o fim.

Sanders ainda conseguiu uma vitória interessante em West Virginia, outrora um estado com forte perfil pró-Clinton, por 51% x 36%, porém é um estado altamente republicano e isso resultou apenas em 6 delegados a mais para Sanders. Depois conseguiu outra vitória, essa já esperada em Oregon, mas por margem inferior a esperada, 56% x 42%, o que resultou apenas em 11 delegados a mais.

Essas parcas vitórias foram anuladas pelas vitórias de Clinton em Guam, Nebraska, Kentucky, Ilhas Virgens e Porto Rico. Matematicamente Clinton ainda ampliou ligeiramente a vantagem em delegados.

Ao chegar no último grande dia, 7 de junho, Sanders estava com esperanças de ganhar na Califórnia. Uma vitória no maior e mais heterogêneo estado dos Estados Unidos poderia ser uma última tentativa desesperada de reverter a situação junto aos superdelegados.

Porém, de todos os seis estados que votaram no dia 6, Sanders só ganhou nos pequenos Wyoming e North Dakota, dois dos menores estados em todo o país. Na Califórnia, Clinton ganhou por confortáveis 56% x 43% e levou 63 delegados a mais. Junto com os 22 a mais ganhos em New Jersey, Clinton abriu uma dianteira indefectível de 373 delegados “comprometidos”.

bernie-sanders_ap-photo5Sanders, mesmo que oficialmente mantenha o discurso de que continuará na campanha até a Convenção Democrata, que está marcada para os dias 25 a 28 de julho na Philadelphia, desde que se encontrou com o Presidente Obama na quinta-feira, Sanders dá a indicação que começou a preparar seu processo de “desembarque” da campanha. Cada vez mais ele enfatiza a necessidade de derrotar Trump e já disse que está disposto a trabalhar junto com Hillary Clinton na campanha.

Os democratas querem fazer esse “desmonte” da candidatura Sanders com cuidado para evitar que os mais radicais abandonem Clinton. Obama acredita que esses apoiadores incondicionais de Sanders serão cabos eleitorais indispensáveis para Clinton. Provavelmente Sanders já chegará na Convenção tendo abandonado a disputa.

Quanto à escolha do vice-presidente da chapa de Clinton, cada vez mais aparece como favorita a senadora por Massachusetts, Elisabeth Warren. Tal como Sanders, ela é uma líder proeminente da parte mais à esquerda do Partido Democrata, com a vantagem de que sempre esteve dentro do Partido Democrata, e tem o poder de trazer a plataforma e os votos dessa ala mais social-democrata para dentro da campanha de Clinton. Para tornar tudo ainda mais adequado, ela também é mulher e assim contempla a intenção de Clinton de fazer uma chapa totalmente feminina.

Contagem parcial de delegados (estimativa):

  • Clinton – 2781 (2202 “comprometidos” e 579 Superdelegados)
  • Sanders – 1875 (1829 “comprometidos” e 46 Superdelegados)

Número mágico: 2383

Fonte: blog The Green Papers para os “comprometidos” e CNN para os “não-comprometidos”

Salvo notícias urgentes, esta série voltará após os Jogos Olímpicos, não só explicando como funciona a eleição presidencial americana, como mostrando a situação em cada um dos estados, e o que cada candidato terá que fazer para ganhar.

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