Vivemos alguns dias nesse mundo que realmente dá muito medo de estender a herança e existência humana. Conflito, violência, noticias ruins, discussões e etc. vem deixando as pessoas a níveis de tensão que em outrora seriam resolvidos com boas horas de mesa de bar – e hoje as são em muitas horas na frente de modernos teclados.

Nos últimos meses nosso país sucumbiu a uma incessante carga de denuncias e prisões de figurões da República que, se falássemos os nomes há quinze anos o interlocutor simplesmente iria às gargalhadas. Na semana passada um senador foi preso, cantando de galo de suas conversas com ministros do STF e falando em nome de metade da Esplanada com o simples intuito de tirar um dos investigados do país. Parece que, além do já conhecido modus operandi do político brasileiro estar vindo à tona de um modo jamais visto, agora temos a verdadeira ciência que a vergonha na cara passa longe dessa gente.

Ao mesmo tempo, temos em São Paulo um escárnio. Um plano pessimamente discutido com a Sociedade de realocação das regiões de ensino decreta o fechamento de quase uma centena de escolas; e, ao invés de instaurar o diálogo, a ditadura tucana paulista prefere ir à guerra… Como se a população já não estivesse nela todos os minutos de seu dia se desviando das balas da péssima PM do estado.

26nov2015_Uol_EducaçãoA lama de Mariana é assunto meramente político nas redes sociais. Vídeos e fotos da invasão do mar são diários e a única discussão que vemos é o responsável pela privatização e quem não fiscalizou. É mais um exemplo do absurdo que o Estado brasileiro se transformou em sua atuação com empresas que se julgam donas do país. A Samarco age como o Estado há muitos anos e sua relação promíscua com governos que chegam ao poder com seus milhões e a agraciam com bilhões em exploração sem a menor contrapartida à natureza. É mais um elo dessas correntes podres que envolvem o sistema político no Brasil.

O Supremo Tribunal Federal se travestindo de justiceiro resolveu atender os anseios de uma classe pseudo intelectualizada com sede sanguínea de vingança e resolve apitar todos os jogos do campeonato a seu modo. Com a paralisia do Congresso Nacional, os doutores de Toga atravessaram a Praça dos Três Poderes e ditam regras que, certas ou não, não lhes cabia pitaco.

No caso do Senador a óbvia citação de juízes levou à decisão após uma maneira bem particular de ver a possibilidade de flagrante. A Suprema Corte americana já teve esses momentos em sua história e o Legislativo teve que lhe lembrar de que os poderes são separados e soberanos. Se isso não acontecer no Brasil corremos o risco de irmos além de uma perigosa guerra em Brasília – que pode espirrar em todos nós.

urna1E eis que nessa segunda, dia trinta, somos surpreendidos com umas notícias que beiram o ridículo e parecem manchete de site de humor. A volta do voto em cédulas de papel devido a um corte profundo nos repasses ao TSE que deixaria inviável o uso das urnas eletrônicas. As urnas que puseram nosso país na vanguarda eleitoral, contando quase cem milhões de votos em poucas horas, um sistema que trás gente do mundo inteiro para conhecer, agora pode dar quinze passos atrás.

Soa inimaginável vermos novamente aquelas mesas enormes de apuração em ginásios de esportes por vários dias consecutivos. Numa rápida comparação seria o mesmo que te convencerem a usar o telefone fixo de novo e um teletrim na rua. Rapidamente as vozes nervosas que passam o dia espalhando mentiras e bobagens pela internet acenderam rojões virtuais e disseram que era a possibilidade de tirar o combalido e paquidérmico governo que está aí.

Alguns citaram a grande democracia na América do Norte que ainda utiliza votos em papel. Sim. De papel e que parece um lençol de tantas perguntas que o fazem e em muitos estados já se faz a leitura virtual do voto. Mas o sistema americano com cada estado tendo sua lei e com milhares de condados onde a votação do Presidente Bush nunca terminou nem deveria ser votado. O que o Brasil deveria fazer era aprimorar o sistema político, melhorar a representatividade com um sistema misto de microrregiões para que o parlamentar se sentisse de fato representante da área. Mas não; vão se preocupar com uma coisa já extinta e que nesse momento não tem o menor cabimento face às diversas coisas muito mais importantes que nossos pais têm a resolver.

Enfim, rogo que essa notícia tenha servido apenas para que a fogueira do inferno que as redes sociais se transformam em qualquer assunto mais polêmico e que os ombudsmen do comentário alheio tenham tido seu momento de glória. A vida virtual com tudo que ela tem de facilidades e utilidade tem facetas que nem o defensor do voto de papel concebe.

Ao invés de discutirmos o voto de papel no estado… Por que não discutir o papel do Estado? Que tal?