Sem mais delongas, a terceira parte do panorama sobre os esportes e as chances brasileiras na Rio 2016.

Hóquei sobre a grama

Classificação: a seleção masculina, de forma histórica até, conseguiu cumprir o requisito mínimo estabelecido pela Federação Internacional de Hóquei na Grama e garantiu a vaga de país-sede. O feminino não conseguiu e está fora dos Jogos Olímpicos.

Chances de medalha: tendentes a zero.

Judô

Classificação: por ser país-sede o Brasil tem direito a um atleta por categoria (o que o Brasil conseguiria com tranquilidade mesmo se não fosse país sede).

Chances de medalha: enormes. Não compartilho o otimismo do COB de achar que virão 2 ou 3 ouros só no judô. Pelo contrário, tenho dúvidas se haverá um ouro e, se houver, acho difícil haver um segundo ouro.

Porém, mesmo eu com meu pessimismo não consigo imaginar que o Brasil saia zerado do judô. Não é nenhum absurdo dizer que todos os 14 judocas brasileiros disputam o ouro. O problema é que hoje o judô é o esporte olímpico mais competitivo e em cada categoria há pelo menos uns 10 ou 15 judocas com todas as capacidades para ser campeão olímpico em 2016.

Obs: se o Brasil sair zerado do judô, admitirei que o pé frio sou eu (estarei em 6 dos 7 dias de competição do judô)

fernando levantamento de pesoLevantamento de Peso

Classificação: o Brasil por ser país sede tem direito a inscrever 3 homens e 2 mulheres na competição. Como uma possível classificação retira a vaga destinada ao país-sede, é certo dizer que o Brasil irá com apenas esses 5 atletas.

Chances de medalha: remotas. Nosso único destaque  no esporte, Fernando Reis,  ainda está ligeiramente distante do grupo que disputa medalha.

Luta Olímpica (Greco-romana e Livre)

Classificação: por ser país-sede o Brasil tem direito a escolher 4 lutadores para participar. Como uma possível classificação retira a vaga destinada ao país-sede, provavelmente o Brasil irá com apenas esses 4 atletas.

Até o momento a única vaga conquistada pelo Brasil em competições foi na categoria feminina até 75kg, com Aline Silva.

Chances de medalha: boas. O destaque brasileiro no esporte é a atual vice-campeã mundial Aline Silva. Alias, foi com esse vice-campeonato que ela garantiu a vaga descrita acima. Ela é candidata a medalha nos Jogos Olímpicos, inclusive ao ouro.

Ainda há a primeira campeã pan-americana brasileira do esporte, Joyce Silva, mas esta chance é menor.

Maratona Aquática

Classificação: Poliana Okimoto, Ana Marcella Cunha e Allan do Carmo já estão classificados pelos resultados no mundial de Esportes Aquáticos.

Chances de medalha: boas. Os três atletas estão no pelotão de elite da modalidade e deverão estar no grupo de atletas que disputarão o sprint final pelas medalhas. Ana Marcela inclusive foi prata o último mundial na distância de 10km, a única que está no programa olímpico. Já Poliana foi ouro no mundial de 2013 na mesma distância.

Nado Sincronizado

Classificação: por ser país-sede o Brasil tem direito à equipe completa e um dueto.

Chances de medalha: tendentes a zero.

revezamento 200m nataçãoNatação

Classificação: o sistema de classificação da natação é muito parecido com o do atletismo, por índices pré-estabelecidos pela FINA.

Quanto aos revezamentos, o Brasil conseguiu classificação pelo Mundial no 4×100 livre masc., 4×100 medley masc., 4×100 livre fem. e 4x200m livre fem. .

Falta apenas as vagas nos 4x200m livre masc e 4x100m medley fem.. No 4x200m livre são 4 vagas e hoje o Brasil é o primeiro dos ainda não classificados, mas é preciso esperar até o dia 31 de maio de 2016. No 4×100 medley fem. o quadro é mais incerto.

Chances de medalha: de médias para boas. Mesmo com o ano ruim de 2015 e a lesão no Mundial de Esportes Aquáticos, nunca podemos duvidar de Cesar Cielo nos 50m livre (provavelmente ele abrirá mão dos 100m). Nessa mesma prova ainda temos Bruno Fratus, que foi medalha de bronze no Mundial de 2015.

Com o quarto lugar no Mundial de Kazan no 4x100m livre masculino, mesmo com a ausência de Cielo, a natação brasileira mostrou a ótima geração de velocistas que tem hoje e disputará medalha em casa. A equipe brasileira foi composta então por Marcelo Chierighini, Mateus Santana, Bruno Fratus e João de Lucca. Se Cielo entrar no revezamento (ainda não é certo) deve entrar no lugar de de Lucca.

Aproveito o revezamento para chamar atenção para um atleta que está “debaixo do radar” da imprensa em geral mas que também disputará medalha no 100m livre: Marcelo Chierighini. Ele tem o 9° melhor tempo do ano, apenas a quatro décimos do melhor tempo. O próprio Matheus Santana é muito jovem e pode melhorar bastante nesses 8 meses, então também não pode ser descartado.

O apelido dele é ‘Mister Pan’, mas Thiago Pereira é o atual vice-campeão mundial dos 200m medley e também é uma ótima aposta para medalha olímpica. Não se sabe ainda se ele disputará o 400m medley, prova na qual ele é o atual vice-campeão olímpico, conquistado de forma surpreendente.

No feminino a maior chance de medalha fica com Etiene Medeiros nos 100m costas, mas para isso ainda é preciso alguma evolução.

Pentatlo Moderno

Classificação: Yane Marques garantiu vaga com o título do Pan de Toronto. O Brasil ainda tem uma vaga garantida no masculino por ser o país-sede.

Chances de medalhas: medianas. Apesar de já ter passado da idade de pico de rendimento de um pentaatleta, Yane Marques ainda é uma das principais atletas da modalidade e pode repetir a medalha olímpica conquistada em Londres.

Obs: sou fã da Yane e suspeito para falar dela. Meu ingresso para vê-la em Deodoro já está garantido.

Seleção-feminina-de-polo-aquático-1024x578Polo Aquático

Classificação: equipes masculina e feminina já classificadas pela vaga de país sede.

Chances de medalhas: médias no masculino. A equipe masculina se reforçou com técnico croata, naturalizações de jogadores (alguns trazidos pelo técnico da Croácia) e “renaturalizações” de brasileiros que tinham ido para outros países. Com isso tudo a equipe de polo aquático entrou para a elite mundial e é uma das cotadas para disputar o bronze.

A equipe feminina tem chances muito pequenas.

Remo

Classificação: por ser país sede o Brasil tem uma vaga garantida no single scuff no masculino e outra no feminino. A vaga pode mudar de prova, dependendo do resultado das qualificatórias continentais, mas dificilmente haverá um terceiro barco.

Chances de medalha: tendentes a zero. A única categoria em que o Brasil ainda teve algum resultado expressivo nos últimos anos, single scuff leve feminino (título mundial de Fabiana Beltrame), não é prova olímpica.

Rugby

Classificação: equipes masculina e feminina já classificadas pela vaga de país sede.

Chances de medalha: pequenas no feminino, tendente a zero no masculino. No feminino o Brasil ainda está um passo atrás das principais potências do mundo, mas vez ou outra o Brasil consegue um resultado interessante e, em uma zebra, pode beliscar um pódio. Já no masculino, só de não passar vexame será uma boa participação.

ingrid_oliveira96-1023056369036664451_331142150Saltos Ornamentais

Classificação: como país-sede, o Brasil tem garantida vaga em todos os eventos de saltos sincronizados (duplas). Nas provas individuais, apenas Cesar Castro no trampolim de 3m já tem vaga assegurada, mas poderão haver mais vagas durante a Copa do Mundo de Saltos Ornamentais.

Chances de medalha: tendentes a zero.

Taekwondo

Classificação: como país-sede, o Brasil tem garantidos dois homens e duas mulheres, caso não se classifique de outra forma. A única já garantida é Iris Tang Sing. Dificilmente o Brasil passará da cota de quatro classificados.

Chances de medalhas: pequenas. O taekwando brasileiro está carente de grandes resultados ultimamente. Os melhores são justamente de Tang Sing, que talvez seja nossa única chance real de medalha.

Tênis

Classificação: todas as vagas do tênis só serão conhecidas pelos rankings da ATP e WTA de junho, porém o Brasil tem algumas vantagens.

Nas chaves de simples, caso não se classifique por ranking, o Brasil terá uma vaga garantida para o seu melhor ranqueado. No masculino, dificilmente Bellucci não classificará por ranking (ele está 30 posições acima do corte hoje). No feminino, mesmo não classificando diretamente, só algo muito fora do normal tirará a vaga de Teliana Pereira.

Nas duplas, o Brasil não tem vaga garantida, mas é impossível que Marcelo Melo (atual nº 1 do ranking de duplas) não consiga a vaga de forma direta: a quantidade de pontos que Melo conseguiu no segundo semestre (que perdurarão até os Jogos Olímpicos) foi absurda, com 5 títulos seguidos. Melo puxará Bruno Soares para fazer dupla com ele.

Na dupla feminina, as duas atletas femininas não poderão, juntas, ter ranking maior que 500 para ter a vaga de país sede. Hoje essa soma está em 398. Não é possível garantir nada.

Nas duplas mistas, vale a mesma regra das duplas femininas. Com o ranking de Marcelo Melo, é quase garantido que o Brasil consiga encaixar uma dupla mista. É possível ainda que graças a Bruno Soares o Brasil consiga emplacar uma segunda dupla mista, mas os critérios da ITF não são claros.

Chances de medalha: boas. Diferentemente do circuito profissional, nos jogos olímpicos as duplas precisam ter a mesma nacionalidade. Poucas “duplas nacionais” tem o entrosamento e a experiência jogando juntas que Marcelo Melo e Bruno Soares adquiriram. Eles começaram juntos no Minas Tenis Clube, já jogaram juntos no circuito (e voltarão a fazer isso ano que vem em alguns torneios para treinar para os Jogos Olímpicos) e jogam juntos em todos os confrontos de Copa Davis há 4 anos. É uma das duplas cotadas até para o ouro.

Ainda há o torneio de duplas mistas. É a primeira vez que o torneio de duplas mistas entra nos Jogos Olímpicos e não há um circuito de duplas mistas funcionando atualmente. Apenas os 4 torneios de Grand Slam tem duplas mistas, que costumam ser formadas de improviso antes da competição. Serão apenas 16 duplas na chave de duplas mistas e não sabemos exatamente como elas funcionarão. Em um cenário tão pequeno e incerto, não é impossível o Brasil acabar beliscando uma medalha.

Nas chaves de simples, Teliana e Bellucci são zebras, ainda mais que o piso será o cimento, não o saibro.

Amanhã, antes do peru natalino, não perca o fechamento da série. Até lá.

Imagens: VipComm, Globoesporte.com e Yahoo