E de novo o Flamengo é assunto da coluna. Apenas duas semanas depois da que falava de seu aniversário. De novo não é para falar de futebol – até porque seu ano em campo vem sendo patético, mas para algo que irá ocorrer segunda-feira.

As eleições para presidente.

Talvez as eleições do Flamengo sejam as mais faladas de todos os clubes. Talvez por serem as mais democráticas, com mais abertura para associados e talvez o clube com maior rotatividade presidencial. Ninguém se eterniza no cargo.

Vários talvez nesse parágrafo acima. Não é? Talvez, olhe aí de novo, porque nessa eleição não tenhamos certeza de nada.

Os antigos aliados agora se odeiam, os antigos idolatrados pela torcida agora são ridicularizados, os antigos acordos foram desfeitos ou nunca existiram, o técnico contratado que diz que não foi, o oposição voraz que ataca esquecendo que até três anos atrás fazia parte da pior administração da história do Flamengo. Uma eleição tão louca que tem mais candidatos de situação que de oposição e mais, esses da situação são os que mais se ofendem.

Difícil entender o Flamengo atual. Virou um “Bonde da Stella” gigante.

wallimWallim Vasconcellos e Eduardo Bandeira de Mello eram “miguxos”. Daqueles que faziam S2 um para o outro com biquinho. Parte da torcida, que idolatra mais dirigentes que o próprio clube, chamava esse grupo de “O bonde dos carecas” e tratavam um terceiro nome, conhecido pela alcunha de “BAP”, como Deus.

Tudo o que ele falava era sagrado. Se ele botasse ingresso a mil reais e mandasse a torcida vender a mãe no “Mercado Livre” para comprar ingresso aplaudiam e quem discordasse chamavam de “Patyzete”. Migão sofreu muito com esta tropa de choque, inclusive.

A amizade entre o tal “Bonde dos Carecas” era tão grande que um foi impedido de ser candidato a presidente e passou para o outro. Unidos salvaram o clube financeiramente, sanearam com austeridade e competência. Unidos fizeram besteiras astronômicas no futebol, quase o mandando pra segunda divisão em 2013 de forma absurda.

Brilhantes no financeiro, péssimos no futebol. Seria perfeito se fosse o Bradesco, não o Flamengo. Até porque ninguém canta “eôeô, o Bradesco é o terror.”

Em terra que todo mundo manda e ninguém quer obedecer, claro que uma hora daria problemas e deu. Separaram-se esse ano. Bandeira de um lado, Wallim e a maioria do grupo no outro. O que era azul esverdeou. BAP deixou de ser ídolo e virou arrogante, Wallim passou a ter todos os defeitos expostos por aqueles que lhes defendia e chamavam quem criticava de Patyzete. Bandeira, sozinho, perdeu quatro vezes para o Vasco e tomou dedo na cara do presidente da Federação de Futebol do Rio. O cargo de treinador do clube ganhou mais rotatividade que casa de massagem no centro do Rio de Janeiro.

A terceira via, o tal de Cacau Cotta, é franco atirador; como se fosse o PSOL da eleição atira para todos os lados, faz promessas populistas, impossíveis de serem realizadas e representa a era Patrícia Amorim. Uma era para esquecermos.

20150812_212517Tá difícil, rubro-negro. Quem não está envolvido na política do clube se preocupa. Bandeira anuncia Muricy como técnico, Wallim Sampaoli que nem sabia de nada. Azuis vibram com o pretenso mico verde colocando eleição acima do nome do clube que é manchado nessas situações. Verdes mostram mesmo amadorismo de quando estavam no poder. Quem quer realmente o melhor para o Flamengo nisso tudo?

Nós, que não temos certeza de nada. Só esperança.

Esperança que dia 8 acabem os azuis, verdes e brancos e voltem todos a ser vermelhos e pretos. Que a partir de agora parem de puxa saquismo, baba ovismo e elogiem e critiquem aquilo que for necessário. Que os financistas tenham aprendido que no futebol, assim como nas finanças, é preciso planejamento e modernidade e que, diferente das finanças, é preciso paixão.

Paixão. Isso que fez o Flamengo ser gigante. Que essa paixão se revigore sempre.

Com toda certeza.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

[N.do.E.: acabei não escrevendo sobre o assunto, nenhuma das chapas me empolga, mas apoio criticamente o atual presidente Eduardo Bandeira de Mello. Até porque tenho sérias ressalvas a um dos cabeças da chapa Verde. PM]

One Reply to “As eleições do Flamengo”

  1. Aloísio, parabéns pelo texto, por colocar o dedo na ferida (e a mão na cumbuca). Faço a ressalva de que o Cacau não é a Patrícia, nem fez promessa inexequível. E vamos ver pelo exemplo da “guerra de técnicos”. Um vem com Muricy a um milhão, outro responde com Sampaoli a milhão-e-meio. O Cacau sugere o Jayme. Ora, quem está pensando em sangria financeira, quem está com os pés no chão? Da mesma forma que eu não chamaria o Jayme, não vou me dar ao trabalho de ir à Gávea votar no Cacau, mas sem querer, você repete o preconceito de quem não é fã da nova ordem seria “patyzette”, ou um retorno àqueles tempos. Como repete o mito de que houve competência na gestão financeira dos verde-azuis. Isso é mito. A dívida, hoje, é maior. Três anos de aperto e a dívida disparou. A cabeça deles é igual à cabeça de governo liberal, igual ao que aconteceu na era FHC. Ajuste fiscal, aperto, gestão em prol dos interesses do credor e… explosão da dívida. Porque, ao credor, não interessa que se pague, interessa escravizar pelos juros. Não interessa negociar e investigar a dívida, interessa eterniza-la. Hoje, o Flamengo faz isso.

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