Todo mundo sabia que iria dar errado. Não no nível midiático, mas no futebol. Todo mundo mais ou menos porque ainda tem bobos no futebol e os da vez foram os dirigentes do Fluminense.

Ronaldinho Gaúcho foi embora do Fluminense quase na mesma velocidade quanto o Flamengo ficou no G4. Dizem que nos últimos dez anos R10 deu duas grandes alegrias em seus clubes. Quando chegou e quando foi embora.

Parece ser assim também no Fluminense. Chegou com grande estardalhaço. Com zoação em cima do Vasco e os 90% que seu comandante em chefe tinha dado para a contratação. Foi apresentado com pompa e circunstância em jogo contra o próprio rival. Tricolores ficaram eufóricos, compraram camisas, tiraram onda, mais dez mil sócios torcedores. Mesmo com tudo contrário se prenderam no bom primeiro semestre de 2013 que ele fez no Atlético quando foi campeão da Libertadores esquecendo que era três anos mais jovem e foi um semestre a favor em dez anos contrários.

Ainda tentam alegar que foi uma boa devido os dez mil sócios. Acho que estão confundindo um dos maiores clubes do futebol brasileiro com o Tijuca Tênis Clube.

Foi embora pela porta dos fundos como foi de quase todos os clubes que atuou, tirando o PSG. Vai arrumar clube com certeza, ainda tem bobos no futebol e vai arrumar um trocado e jogar bola entre uma farra ou outra. Estados Unidos? China? Tanto faz. Para ele o futebol está assim. Tanto faz.

Arrisco a dizer que Ronaldinho Gaúcho é o maior ingrato da história do futebol.

Até poderia colocar Adriano Imperador ao seu lado, mas Adriano tem atenuantes como a “cabeça fraca” e o problema com alcoolismo. Ronaldinho não. Sempre muito assessorado, escoltado por seu irmão Assis. Ronaldinho tinha tudo para ser um dos maiores jogadores da história da Seleção brasileira e do futebol. Não foi.

Não foi porque decidiu virar ex-jogador em 2006. Encerrou ali sua carreira.

Viveu na Seleção de um gol espetacular de falta na Copa de 2002 (foi expulso no mesmo jogo) e fracassou quando chegou sua hora de comandar a Seleção. Fez chover durante um período no Barcelona, assombrou o mundo, mas do nada parou. Poderia ter sido o que o Messi virou, mas não quis.

Ronaldinho cansou. Cansou dos compromissos, cansou da responsabilidade. Virou um jogador preguiçoso comandado por um irmão/empresário inescrupuloso que não respeita clubes nem torcidas.

É uma pena, irrita, porque tantos e tantos jovens sonham com uma oportunidade dessas. Saem de casa de madrugada, pegam dois, três ônibus para participar de peneiras, muitas vezes sem dinheiro em casa, sem ter o que comer tendo que enfrentar “panelinhas”, dificuldades. Algumas vezes tem talento e precisam largar o sonho para dar condição mínima a suas famílias. Tantos sonhavam em ser Ronaldinho.

E o Ronaldinho não quis ser Ronaldinho.

Todos nós um dia sonhamos em ser jogadores de futebol, ter o dom e quase nenhum foi agraciado. Ronaldinho teve e desperdiçou. Foi ingrato com o futebol, esnobou o sonho de tantos.

Só tem trinta e cinco anos. Se tivesse se dedicado só um pouco teria sido um dos maiores do mundo, ainda mais rico (já que isso que vale a ele e ao irmão) e ainda seria jovem para desfrutar tudo que esse dom poderia dar.

Ronaldinho acabou. Acabou em 2006 na verdade, mas agora parece que todos tiveram consciência. O Fluminense, o último dos bobos, acabou de conseguir contra o Grêmio um grande resultado sem ele mostrando que R10 fará falta nenhuma.

E no livro do futebol Ronaldinho poderia ter sido um capítulo. Será no máximo um verbete.

Que pena.

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acidenteronaldinho

N.E.: a coluna já havia sido escrita quando Ronaldinho Gaúcho se envolveu num acidente de carro no Rio e ainda posou para esta foto com um fã e uma fisionomia, digamos, estranha…