Na última semana, o Rio de Janeiro sediou as finais da Liga Mundial de Vôlei, envolvendo seis seleções. A competição foi um dos primeiros eventos teste visando aos Jogos Olímpicos do ano que vem, que terá as competições de vôlei ocorrendo no mesmo Maracanãzinho utilizado para o evento.

Na verdade, foi um evento misto, pois não esteve inteiramente sob responsabilidade do Comitê Rio 2016. Parte da organização esteve a cargo da FIVB (federação internacional) e CBV (Brasil), órgãos responsáveis pelo vôlei em âmbito mundial e nacional respectivamente.

20150719_101709Não irei discorrer sobre os jogos em si, já exaustivamente noticiados pela imprensa, nem sobre a polêmica eliminação do Brasil. O foco aqui é o atendimento ao consumidor, haja visto que estive na final do último domingo.

A compra de ingressos foi tranquila. Houve venda antecipada – umas duas semanas antes do evento – para clientes do Banco do Brasil, que também puderam comprar meias entradas independente de ser estudante ou maior de 60 anos. Preço acessível (R$60, mais R$6 de taxa de entrega) para ingressos na chamada “pista”, instalação temporária próximo à quadra. A entrega foi a domicílio, também sem maiores problemas. Neste caso não há comparação como “evento teste” por serem plataformas diferentes de venda de entradas. Vale ressaltar, também, que não havia lugares marcados, algo que não ocorrerá nos Jogos Olímpicos.

20150719_080518Chegando ao Maracanãzinho – estava com minha filha caçula – já houve problemas. Vale destacar a iniciativa de se montar uma miniquadra de vôlei de praia fora do ginásio, com a exposição dos troféus do circuito mundial de vôlei de praia (ao lado). Em outro stand haviam troféus de Ligas Mundiais anteriores.

Conferência de ingresso, revista, minha filha colocou a pulseira com meus dados no braço e tivemos o primeiro problema. Ninguém sabia onde era a entrada para nosso setor, nem como se chegava ao mesmo. Não havia ninguém para orientar o público na parte externa do ginásio, entre a entrada do público e o ambiente de competição.

Na base da intuição, entramos por um dos acessos às arquibancadas e, perguntando dali, perguntando daqui, chegamos à nossa área. Mas tivemos de passar pelo meio de outro setor para alcançar nossos lugares, o que me pareceu uma impropriedade. As cadeiras em si, temporárias, estavam bem aquém do que seria esperado, com espaço inexistente entre as cadeiras e estas bastante frágeis. Além disso, a visão das duas primeiras fileiras era muito atrapalhada pelas placas de publicidade, algo que seria impensável, por exemplo, em um evento Fifa.

20150719_115213Como fiquei na penúltima fileira, a visão das duas partidas foi satisfatória (ao lado). Levando-se em conta que o Brasil estava fora das semifinais, diria que um excelente público acompanhou as duas partidas, especialmente a finalíssima entre França e Sérvia. Chegou muita gente apenas para esta partida e eu diria que uns 85% do Maracanãzinho estavam ocupados – a exceção eram as “cadeiras vermelhas”, de frente onde fiquei, reservadas a convidados e que estavam mais vazias.

Outro ponto a se criticar: as opções de alimentação eram muito escassas, praticamente só pipoca, picolé e snacks tipo “Fandangos”. E não havia cerveja com álcool, inexplicavelmente – até onde sei, a lei municipal se aplica apenas às partidas de futebol. Também não havia loja de produtos oficiais das equipes, o que a meu ver é outra falha grave. Eu mesmo teria levado camisas da França e da Polônia se tivesse oportunidade.

Como ponto positivo, apresentações de grupos de “malandros” em um show de samba e de bailarinas durante intervalos. Cheguei a brincar dizendo que estas últimas não fariam feio se desfilassem na comissão de frente de escolas de samba cariocas. O animador da plateia também buscou motivar um público que, teoricamente, deveria estar desinteressado devido à ausência do Brasil – mas o que se viu é que o público, em sua maioria, era de pessoas que gostam do esporte. Inclusive, torcendo fortemente por Polônia e depois a Sérvia, devido ao episódio envolvendo França e EUA ocorrido na sexta feira.

20150719_110705Vale elogiar, também, a iniciativa da organização de buscar crianças na plateia para entrar junto com os atletas de Sérvia e França. Ao contrário do que muitas vezes ocorre em situações deste tipo, com “direcionamentos” claros, foi democrático e até o “efeito surpresa” foi bacana. Minha filha entrou com o líbero sérvio, “bateu bola” com ele (foto ao lado, embora não esteja muito boa), falou com outros jogadores e, com certeza, é mais um público formado para este tipo de evento – ela ficou encantada.

Som e telões funcionarem a contento, bem como o ar condicionado resistiu bem ao teste em um dia de “inverno” carioca com mais de 30 graus lá fora. Somente o placar é que está claramente defasado – há a expectativa da compra de um novo para a Rio-2016.

20150719_130253Quanto às partidas em si, apesar do alto nível técnico, faltou emoção. Estados Unidos e França “colocaram o chicote na mão” e venceram sem grandes sustos. Repetiu-se a minha sina da Copa do Mundo…

A se lamentar alguns tumultos ao final envolvendo torcedores do Fluminense que chegavam para o clássico contra o Vasco e espectadores do vôlei trajados com a camisa do Flamengo. Vi três ou quatro agressões, inclusive a uma criança. Lamentável. E não tenho como avaliar o sistema de transportes por ter vindo de carro, me aproveitando da facilidade de estacionar em um dos prédios da companhia em que trabalho – que fica próximo ao complexo esportivo.

Minha avaliação final é de que apesar dos problemas apontados – e que são de fácil solução, o Maracanãzinho passou no teste. Apesar da capacidade claramente subdimensionada para atender ao esporte de maior procura na Rio-2016 (são 11.800 lugares), o Maracanãzinho está praticamente pronto para sediar a maior competição esportiva do planeta. Foi uma manhã agradável a que passamos.

Abaixo, o leitor pode ver alguns dos vídeos que fiz dos hinos nacionais e um pequeno extrato da final entre Sérvia e França.

 

 

 

 

13 Replies to “Algumas Notas sobre a Final da Liga Mundial de Vôlei”

  1. Do ponto de vista do público, o Maracananzinho realmente está bem razoável. Mas ainda precisam achar a solução das quadras de aquecimento, da transição entre sessões no mesmo dia (a Liga Mundial foi em sessão única no dia) e, especialmente, de como os doze mil espectadores voltarão as suas casas a meia-noite ou uma da manhã em todos os dias até as quartas de final.

    1. Quanto ao transporte, me parece claro que farão como no carnaval, com o metrô e talvez os trens funcionando 24 horas ou com horário estendido. E óbvio que entre uma sessão e outra se alguém quiser ficar os “mui delicados” seguranças farão o serviço rs

      1. Até porque teremos eventos na Barra que acabarão após as 23h, e em Deodoro após as 22h, se não me engano. Até o público sair e chegar ao local do transporte… Isso sem falar nos funcionários e voluntários que devem ficar até o “fim dos finalmentes”.

    2. Quanto ao aquecimento, será construída outra quadra.

      Já para as diferentes sessões, também acho um problema, mas na 1a fase a maior parte dos jogos deve ser curta – de todo modo, o Giovanni falou que devem criar uma forma de obrigar o saque seguinte a vir em no máximo 15seg (ou 10, não lembro) após o ponto, o que economizaria 30min em uma partida de 5 sets.

      Os desafios que eu acho que demoravam muito, podiam criar uma tecnologia mais rápida que analisasse todos os lances em tempo real e já estivesse disponível quando fosse solicitada…

      Quanto ao retorno, basta o metrô funcionar até mais tarde e/ou criarem linhas especiais de ônibus.

      1. Lembrando que nas fases preliminares, ao contrário do basquete masculino o vôlei sempre terá dois jogos em cada sessão.

  2. Boa análise, concordo com quase tudo.

    De fato, para evento-teste, fiquei decepcionado com a organização dos assentos. Por um lado, foi positivo; pois, por não ter local marcado e como o Brasil estava fora, quem chegou mais cedo pôde ficar bem posicionado. Por outro, foi meio PRECÁRIO os próprios funcionários não saberem onde ficava o setor PISTA 3 e não haver qualquer indicação clara no ginásio.

    No sábado meu ingresso era de pista e ACHO que fiquei no local certo, mas fui pela intuição e dei sorte de ainda conseguir dois lugares juntos (acho que eram os últimos).

    No domingo meu ingresso era de arquibancada e, se quisesse, poderia ter me arriscado no mesmo local do dia anterior, mas preferi experimentar outra visão – em um dos fundos da quadra. A escolha foi ruim para a final, porque uma grua de TV gigante ficava toda hora na nossa frente – tanto que assisti a alguns pontos em pé na escada.

    De resto, se compararmos o preço destes ingressos aos ABUSIVOS das Olimpíadas (R$ 320,00 para jogos de 1a fase x R$ 60,00 para final – considerando o mesmo lugar, na pista), fiquei extremamente satisfeito. Dava para entrar de boa com lanche e evento esportivo sempre tem essa dificuldade.

    Enfim, adorei a experiência. Se tivesse todo ano, certamente iria, inclusive nos jogos durante a semana se fossem à noite.

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    Quanto a confusão no Flu x Vasco, a culpa não é do evento. Eu mesmo não me arrisquei de ir com a camisa do Fla. Na saída, no Setor Sul, percebi um certo tumulto e preferi ir por outro caminho alternativo.

    1. Cassius, eu estava na Pista 3 e quem tentou passar da arquibancada para lá a segurança não deixou. Estava havendo conferência de ingressos na entrada do setor. Sobre a confusão, e a CBF ainda queria marcar Flamengo e Grêmio para as 11 da manhã. Loucura.

      O preço dos ingressos estava bem acessível mesmo. Mas vale lembrar que há várias sessões preliminares do vôlei esgotadas, mesmo a este preço.

      1. Bem, Migão, para ficar LÁ EMBAIXO, de fato, tinha um segurança (mesmo assim, muito pouco). Mas um pouco mais acima (uns 3-4 níveis) dava para ficar – foi onde me sentei no sábado – e ACHO que ali já seria considerado PISTA também… Enfim, no fim deu tudo certo.

        Quanto às preliminares do vôlei esgotadas a este preço eu só me pergunto: QUE CRISE É ESSA?!, ahahaha.

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