Uma das grandes chacotas do primeiro semestre do futebol brasileiro foi o Corinthians. Não que tenha havido um motivo de fato para isso, já que houve apenas uma eliminação nos pênaltis no Paulista e uma queda na Libertadores que, embora precoce, se revelaria bem menos humilhante do que parecia. O problema é que o futebol encantador apresentado pelos comandados de Tite fez a imprensa e a própria torcida – não só do Corinthians – ficarem em polvorosa.

De fato, era difícil não se empolgar. Fazia, realmente, muito tempo que ninguém jogava qualquer coisa perto daquilo que o Corinthians jogou. Então, de fato dava para comparar com os principais times do Mundo (e, por isso, acho uma grande sacanagem o que fizeram com alguns jornalistas que disseram isso). Mas aquele não era o Corinthians. Era o Corinthians em seu melhor contra adversários que ainda engatinhavam na temporada. E, de repente, o Corinthians foi direto pra o seu pior contra adversários que começavam a encontrar o seu melhor futebol.

Entusiasmo para o bem, pessimismo para o mal. O Corinthians, com a mesma razão com que foi apontado como uma potência mundial, passou a ser visto como mediano para os padrões do Brasileirão. Em ambos os casos, tudo justificado em campo. Ocorre que aquele também não era o Corinthians. O verdadeiro Corinthians é esse de hoje. Quietinho, pouco falado, pouco apontado como favorito. Um Corinthians que tropeça, tem falhas, não sobra contra ninguém, mas é muito difícil de ser batido. Nessa rodada 14, o Brasileirão ganhou um possível candidato ao título. Tal como Grêmio e Fluminense, ainda não tem cara de campeão, mas começa a jogar como quem acha que pode ser um.

Internacional 2 x 1 Goiás

No auge de seu desinteresse pelo Brasileirão, o Internacional levou um time para lá de alternativo a campo no Beira-Rio. Não precisou de coisa muito melhor para superar o fraco time do Goiás. O time Esmeraldino, repito pela enésima vez, tem um jeito todo peculiar de tentar arrumar uns pontinhos. Poucas vezes vi uma equipe assumir tanto suas deficiências quanto os goianos. De vez em quando, dá certo. E poderia ter dado no sábado.

O Internacional não jogou muita coisa e abriu o placar em uma enorme bobagem do goleiro Renan. Só que depois relaxou demais e o Goiás empatou de pênalti e, se não fosse mais uma bobagem absurda do arqueiro alviverde, o jogo poderia muito bem ter terminado empatado. Não terminou e o Internacional, aos poucos, vai se juntando ao grupo de frente. Olho neles.

flamengogremioguerreroFlamengo 1 x 0 Grêmio

É difícil convencer um flamenguista disso com o time patinando tanto no Campeonato, mas esse time do Flamengo, especialmente com Sheik e Guerrero, é muito bom. Muito bom a ponto de ser, caso o Brasileirão começasse hoje, candidato ao título. Agora não tem mais tempo para isso e, como já diria o técnico Cilinho, entrosamento não se compra no supermercado, acho até que o Flamengo vai perambular pelo meio da tabela até o fim. Só que o time é, sim, muito bom – e vem muito forte na Copa do Brasil.

Quanto ao jogo do Maracanã, o cenário estava armado para uma vitória. Era a estreia de dois craques, o estádio estava cheio e o time jogou muito bem. O Grêmio estava meio atônito, meio perdido e foi, até certo ponto, dominado pelo Flamengo. Ainda falta confiança para o Mengão, o time ainda tem problemas, mas a tendência é que, daqui pra frente, jogue de igual para igual com qualquer um. E, em casa, se tiver clima para isso, vai fazer o que fez com o Grêmio. Venceu por um placar magro, mas não teve a vitória ameaçada e poderia ter feito mais. Já o Grêmio, começa a mostrar suas limitações que, dentre outras coisas, ainda não me permitem colocá-lo como favorito de fato.

Corinthians 1 x 0 Atlético Mineiro

Umas semanas atrás, conversando com uns amigos sobre o Brasileirão, tentei expor mais ou menos o que acho dos times que hoje cercam o Atlético Mineiro. Naquele dia, falei que achava que o Corinthians terminaria atrás de Fluminense, Grêmio e Palmeiras, mas que achava que tinha mais chance de ser campeão. É que esse time do Corinthians pode não ser a oitava maravilha do mundo, mas é enjoado. Tite, mesmo errando em muitos momentos, é um técnico brilhante e tem uma consciência tática acima da média brasileira.

Fazia um bom tempo – acho que desde a partida contra o Atlas pela Libertadores – que não via o Atlético Mineiro ser confrontado da maneira como foi no primeiro tempo. O Corinthians marcou forte e deixou o time de Levir Culpi maluco, tenso, errando muito mais do que de costume. O Corinthians, mesmo sem Jadson (o que me surpreendeu muito), teve muita velocidade. No primeiro tempo, com uma grande atuação de Malcom, criou várias excelentes oportunidades, mas mostrou que sente muita falta de um camisa 9. Por outro lado, Rildo apareceu muito bem.

Curiosamente, Vagner Love, em péssima fase, acertou um único lance. E foi o suficiente para que o Corinthians vencesse com um gol de Malcom. No segundo tempo, claro, o Atlético foi para cima, mas o Timão se segurou e conseguiu uma vitória daquelas que dão moral. Ainda acho que o Galo tem mais chance e o Corinthians ainda precisa evoluir um bocado para brigar pelo título. Mas que vai ser complicado vencer esse time, ah, vai.

Atlético Paranaense 1 x 0 Chapecoense

A atuação do Atlético Paranaense em um dos raros jogos das 11 da manhã sem promoção de ingressos ou outro fator chama-público (e, vejam que coincidência, um dos poucos jogos das 11 da manhã com público abaixo da média) foi pra lá de interessante e surpreendente. Eu achei que o Atlético ia entrar numa fase difícil nesse Campeonato, mas, pelo menos por enquanto, me enganei. Os resultados ruins dos últimos jogos não parecem ter interferido e o time jogou bem.

A Chapecoense fez mais uma atuação muito abaixo daquilo que pode render, o que evidentemente facilitou as coisas. O Atlético voltou a ser um time de ataques bem encaixados, boa marcação e que sabe encontrar os espaços. Também venceu pelo placar mínimo, mas também poderia ter feito vantagem maior. Não acho que vá brigar efetivamente por G-4, mas dá mostras de que deve sim fazer uma boa campanha e entra com relativa força na Sul-Americana.

vasco2015Fluminense 1 x 2 Vasco

Clássico é realmente um jogo diferente. Depois de toda a polêmica nas mais diversas esferas, Fluminense e Vasco fizeram um bom clássico. Disputado, brigado e emocionante. Raros, raríssimos foram os momentos em que o Vasco esteve melhor. O Fluminense foi, o tempo todo, mais sólido, mais técnico, mas o Vasco, também o tempo todo, mais persistente. Tive a impressão de que o Fluminense entrou um pouco “de salto alto” e aí as coisas desandaram um pouco.

O Vasco é fraco, mas não é tonto. Desde a vitória sobre o Flamengo mostrou ser um time que sabe aproveitar as poucas chances que sua deficiência criativa permite ter. Em uma boa escapada de Jhon Cley, saiu o primeiro gol. O Fluminense despertou, empatou com um golaço no começo do segundo tempo e, pelo menos para mim, parecia até estar perto da virada. Mas não teve jeito. Essa vitória era mesmo do Vasco e era mesmo de Jhon Cley, que fez um golaço em chute de fora da área e definiu o jogo. Acho que o Fluminense tem limitações, mas, ao contrário do Grêmio, elas não apareceram de maneira tão gritante. O problema mesmo foi uma certa soberba, que vai contra tudo o que fez o time estar tão bem. É bom ficar de olho nisso.

Sport 2 x 0 São Paulo

Mais um filme velho. Um jogo entre o São Paulo e uma grande equipe. Um jogo que começa muito bom, com o São Paulo muito bem e o adversário também. O São Paulo falha, bobeia, leva um gol e simplesmente para de jogar. Dessa vez, contra o grande time do Sport. Depois que saiu o primeiro gol, o São Paulo praticamente não mais incomodou o adversário. Ainda no primeiro tempo teve gol bem anulado e pênalti que virou falta. No segundo, o Sport controlou o jogo como quis.

Por mais que a expulsão de Ganso tenha sido injusta (para não falar de mais uma inacreditável expulsão de Juan Carlos Osorio), fica evidente o descontrole emocional dos paulistas. O time fica travado mentalmente, não cria mais e as coisas não acontecem. Quando joga contra um grande time, fica praticamente impossível reagir. Contra o Sport em Recife, não deu. O Sport, até com certa tranquilidade, fez 2 a 0 e venceu uma para provar que vai, sim, continuar incomodando no Brasileirão.

Figueirense 0 x 0 Coritiba

Assistir a jogos do Coritiba deve ser uma das melhores formas de tortura alternativa já inventadas pelo homem. Sem brincadeira, é um jogo pior que o outro. Zero a zero virou goleada e quando o adversário não joga bem o jogo não flui. O Figueirense, cada vez mais instável e bipolar, não jogou nada e aí não teve jeito. Um zero a zero interminável se arrastou até o fim da partida. Muito, mas muito ruim esse jogo.

Palmeiras 1 x 0 Santos

O Santos é outro caso difícil de explicar. O resultado, perder para o Palmeiras no Allianz Parque, é pra lá de normal, mas a facilidade com que o time desiste do jogo é um negócio esquisito. O Palmeiras dominou desde o início, jogou bem, abriu o placar, ok. Mas, depois, quando o Verdão sentiu o jogo controlado, o Santos tinha condições de oferecer perigo e não ofereceu. Parece que, se tomar um gol, não joga mais.

O Palmeiras é um time organizado e não mais aquela bagunça da final do Paulistão. Não dá para esperar, em um jogo desses, o empate cair do céu. Tem que correr atrás. O Santos não correu, o Palmeiras ficou na dele e venceu mais uma com total mérito. Pena apenas a confusão entre Fernando Prass e Ricardo Oliveira, um daqueles casos onde ninguém parece ter razão.

Joinville 1 x 1 Ponte Preta

Ainda que se pondere que a Ponte Preta mais uma vez não jogou nada, é bom dizer que o Joinville fez um jogo que não condiz com a sua posição na tabela. Foi, se bem me lembro, apenas a segunda vez que o Joinville jogou bem – a outra foi na vitória contra o Goiás. O time esteve mais leve, mais rápido, mais eficiente, atacou mais, marcou melhor e as chances foram aparecendo. Abriu o placar e parecia ter encaminhado bem a sua vitória, mas com um pênalti infantil colocou tudo a perder. Acho pouco provável que escape do rebaixamento, mas já começa a despontar uma luz no fim do túnel.

Cruzeiro 1 x 1 Avaí

Esse jogo me lembrou muito o São Paulo x Avaí de algumas rodadas atrás. O Cruzeiro foi melhor durante todo o tempo, jogou bem, mas esteve o tempo todo com uma certeza exagerada de que iria vencer. O time não forçou muito, foi controlando o jogo e esperando as chances aparecerem. Apareceram e o gol saiu. Aí, a certeza de vitória aumentou ainda mais. Só que esse time do Avaí não é tonto. No segundo tempo, se animou, foi fazendo o jogo do Cruzeiro, sentindo que dava pra complicar, começou a chegar, a assustar… e empatou. André Lima aproveitou um vacilo cruzeirense e igualou tudo. Um tropeço que o Cruzeiro não poderia ter tido e um empate excelente para o bom time do Avaí.

Classificação

Agora o Brasileirão está assim.

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Público e Gols

– Rodada extraordinária em termos de público, com média superior a 26 mil pessoas por partida. Agora, com uma média de 15.789 pagantes por jogo, o Brasileirão de 2015 tem a melhor média para as primeiras 14 rodadas no atual formato de disputa, superando 2009 (15.232), 2008 (15.026) e 2007 (14.314). Também é superior a 2006 (11.630), 2010 (13.224), 2011 (12.841), 2012 (12.197), 2013 (13.909) e 2014 (13.788).

– Já em gols, a coisa anda feia. Os 312 gols continuam superando apenas os 297 do ano passado e muito distante dos demais anos: 372 em 2006, 385 em 2007, 355 em 2008, 412 em 2009, 339 em 2010, 361 em 2011, 351 em 2012 e 357 em 2013.

Palpites para a 15ª rodada

Avaí x Atlético Paranaense – Sábado, 25/7, às 18h30, na Ressacada, em Florianópolis

Jogo complicado para se palpitar porque o Avaí vem jogando muito bem em casa e o Atlético ainda é um time muito irregular. Sem muita confiança, aposto no Avaí. Vitória catarinense por 2 a 1.

Grêmio x Sport – Sábado, 25/7, às 19h30, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre

Um dos grandes jogos da rodada com dois dos grandes times desse início de Campeonato. Jogo bom e difícil de palpitar também. Grêmio vence por 2 a 1.

Atlético Mineiro x Figueirense – Sábado, 25/7, às 21h, no Independência, em Belo Horizonte

Finalmente um jogo mais fácil de se palpitar. Na atual situação dos dois clubes, é difícil fugir do óbvio. Vitória tranquila do Galo. 2 a 0 para os donos da casa.

Santos x Joinville – Domingo, 26/7, às 11h, na Vila Belmiro, em Santos

Jogo bom, o Santos vem embalado pela vitória na Copa do Brasil e o Joinville voltou a jogar bem. Vai dar Peixe. Santos 1 a 0.

Chapecoense x Fluminense – Domingo, 26/7, às 11h, na Arena Condá, em Chapecó

Teste difícil para o Fluminense que pode colocar o time em maus lençóis em caso de uma derrota que será para lá de normal para qualquer time. Chapecoense leva a melhor, 2 a 1.

Coritiba x Corinthians – Domingo, 26/7, às 16h, no Couto Pereira, em Curitiba

Apesar dos bons resultados recentes, ainda não consigo botar muita fé nesse time do Corinthians. Acho um time que está sempre querendo tropeçar e, domingo, pode conseguir. 1 a 0 para o Coritiba.

Goiás x Flamengo – Domingo, 26/7, às 16h, no Serra Dourada, em Goiânia

Nada pode ser melhor para um time que quer embalar do que um jogo contra o Goiás. Agora vai, Mengão! 3 a 1 para os cariocas.

Ponte Preta x Internacional – Domingo, 26/7, às 16h, no Moisés Lucarelli, em Campinas

Cedo ou tarde o Internacional vai embalar, mas ainda acho que o baque pela queda na Libertadores vai pesar no domingo. Menos mal que a Ponte anda mal das pernas. Empate em 1 a 1.

São Paulo x Cruzeiro – Domingo, 26/7, às 16h, no Morumbi, em São Paulo

Outro grande jogo entre dois times que não vivem sua fase mais brilhante na temporada. Por ter um time melhor e jogar em casa, São Paulo deve vencer. 2 a 0 para o Tricolor.

Vasco x Palmeiras – Domingo, 26/7, às 18h30, em São Januário, no Rio de Janeiro

Não sei bem o motivo, mas desde o início do Campeonato imagino que esse jogo vai ser uma pelada daquelas duras de assistir. Mesmo que o momento atual do Palmeiras não indique isso, vou levar fé na minha intuição. Empate em 0 a 0.

Simulador

Mais uma passada pelo simulador, agora já considerando a queda do Internacional na Libertadores.

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Fotos: Globoesporte.com e LANCENET!