Era o século XV e a Escola de Sagres produzia almirantes aos montes. Cheios de coragem a desbravar um oceano inteiro, acabaram vindo para o lado de cá do Equador e fizeram parte de uma giganteca mistura de raças que deu origem ao nosso querido país. Talvez essa mistura acabe sendo reproduzida com mais ênfase hoje do que à época, com diferenças ainda brutais seja na economia e na cultura que vemos.
Esse país, que tanta crise já passou, tanta montanha russa econômica já superou, tanta falácia política já viu enfrenta hoje talvez seu maior medo. O da credibilidade. Claro que não devemos nos esquecer sob qual coluna estamos edificados. Nossa independência foi feita pelo Príncipe Regente de Portugal que, alguns anos depois, foi ser rei por lá. O segundo Imperador começou a aprofundar algumas mudanças e sua filha foi quem libertou os escravos que ela mesmo se aproveitava.
Foi desse jeito meio torto e estranho que o Brasil chegou ao século XX e passado o tempo em que todos achavam que viveríamos uma calmaria política e econômica vemos o vento destruir as velas do navio e pior: parece que a comandante não está muito a fim de pilotar.
Numa atitude sem eficácia e coragem, parece que nossos governantes se embriagam fartamente na vida palaciana, escalam os seus a roubarem tudo o que temos de mais fértil e engordam suas famílias em trocas de gentis e caros presentes. Se fartam nas mesas do poder, numa cena de dar inveja a Dom João VI comendo aqueles frangos todos. Parece que o povo cansou de ver esse assalto ou as vezes fica a duvida se essa revolta é devido à não participação na Ópera Bufa do Planalto Central.
Em meio à mentiras, invasões, delações e etc o dia a dia do povão foi atingido naquilo que era mais sagrado nos últimos tempos. A garantia da realidade do dinheiro. A inflação sobe como há muito não se via acompanhada do desemprego e de um Ministro da Fazenda que enxerga na tesoura o melhor jeito de costurar um futuro melhor. Planos fortemente explorados nos últimos anos foram fechados no presente ano, como a casa própria e uso do FGTS e o acesso tranquilo aos estudos.
E aqueles que deveriam ser nossos defensores o que fazem? Declaram guerra à combalida comandante que responde a um tiro de bazuca com bolinhas de papel. Nessa guerra insana parece que o maior derrotado, desde o bendito 7 a 1, continua ser nosso país que agora terá que gastar as reservas dos bons últimos anos para enfrentar a tempestade que ameaça até a China nesse momento. A inabilidade política dos ocupantes do trono real é incrível e ninguém é capaz de bancar o Sancho Pança dessa história.
Daqui a um ano teremos um dos maiores eventos do mundo em nossas terras e mais uma vez o mundo achará isso aqui tudo muito legal, alegre e etilicamente quente como em 2014. Ao longo desses anos bilhões serão gastos pra receber os 17 dias dos Jogos Olímpicos. O anfitrião vaiará sua presidente, acharão graça nisso, encherão as redes sociais de discursos de ódio e depois de rir durante muito tempo, chorarão quando os boletos vierem e o curso da economia ainda estiver à deriva…
Não te convidaram pra essa festa pobre … que os homens armaram pra te convencer, escreveu Cazuza…