Começou a Copa América e com ela voltaram todas as nossas rezas pela saúde e o temperamento de Neymar.
Já foi assim na Copa do Mundo, quando percebemos que o garoto de apenas 23 anos era um oásis no meio de um deserto de jogadores comuns. Nosso santo não foi tão forte ali, Neymar se quebrou e o Brasil se quebrou junto tomando gol da Alemanha até agora.
Nesse momento em que voltamos a rezar novamente acontece um problema e justo contra a Colômbia. Por um destempero perdemos nossa camisa 10 e corremos riscos nessa ‘Taça Guanabara com grife’.
Neymar provavelmente seja o jogador de futebol mais azarado da história. Até pode soar “blasfêmia” dizer uma coisa dessas de um cara que foi abençoado por um grande futebol e dessa forma ficou conhecido, adorado e milionário, mas é azarado sim.
Azarado por ser um jogador extraordinário na maior entressafra de nossa história. Talvez em mais de cem anos de seleções brasileiras seja a única vez que podemos dizer que o Brasil só tem um craque.
Em todas as épocas tivemos um expoente cercado de grandes coadjuvantes. Zizinho teve Ademir, Friaça, Chico, Jair Rosa Pinto. Pelé em 58 era coadjuvante e virou maestro tendo Garrincha, Didi, Nilton Santos naquela que considero a maior seleção da história. O mesmo Pelé em 70 teve Gerson, Rivelino, Tostão e Jairzinho. Zico teve Sócrates, Junior, Falcão, Leandro. Romário teve Bebeto. Ronaldo teve Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho. Neymar tem… Neymar tem… é… bem…
Tem ninguém.
Os números do moleque são impressionantes. Fez gol em final de Libertadores e Uefa Champions League. Fez gols em todas as últimas seis partidas da UCL, artilheiro dessa edição europeia e mesmo com tão pouca idade já é o quinto maior artilheiro da história da seleção. Detalhe: ele não é centroavante.
Campeão Paulista, da Copa do Brasil, Libertadores, Copa do Rei, Espanhol, Europeu, da Copa das Confederações, carismático, rico, bailarino da bola, dono do futebol arte, um dos últimos a praticar esse nobre ofício.
Mas que como disse Casagrande (e eu concordo plenamente) provavelmente não será campeão do mundo.
O time é comum e time comum não é campeão do mundo; não basta para a tradição do futebol brasileiro e a impressão que passa é que Neymar baterá todos os recordes como jogador, mas não será campeão da Copa e por isso não será completo. Por isso talvez não receba o valor merecido como Zico não recebe.
Neymar com 23 anos é o capitão da seleção, o camisa 10, o cobrador de pênaltis, de faltas, é o faz tudo, é o cara que muda nosso patamar. Com 23 anos Zico acabara de se firmar como titular no Flamengo, Romário ainda jogava no PSV e ganhava a primeira Copa América, Ronaldo sim já era dono de Bola de Ouro, mas não tinha que enfrentar Messi para isso.
Neymar com 23 anos já fez muito, se parasse agora já teria seu nome na história e mesmo assim tem quem conteste.
Aí sou obrigado a concordar com quem diz que existe um complexo de vira latas e ódio ao brasileiro que se dá bem. Neymar não é marrento, trata bem as pessoas, é querido pelas crianças e dá bons exemplos a elas, e o mais importante, joga pra cacete. Qual é o problema então?
Dizem que não passa a bola. Eu no lugar dele também não passaria se tivesse como companheiros caras que precisam de crachás. Dizem que é “firulento”. Discordo, suas jogadas sempre são em direção ao gol e mesmo assim a jogada de efeito faz parte, é essência do futebol. Europeu só acha falta de respeito porque não sabe fazer igual. Garrincha no futebol chato de hoje estaria morto.
Acusam de “cai cai”. Essa é a mais próxima da verdade, mas muitas vezes ele se joga para evitar uma contusão grave. Neymar devia ser reverenciado, enaltecido e muitas vezes, até por clubismo, não dão a ele o valor merecido.
Eu li tantas besteiras em redes sociais nesses dois jogos do Brasil no torneio, que disse que se fosse ele nem iria mais querer saber de seleção brasileira. Só ficaria jogando no Camp Nou com Messi, Luis Suarez, Iniesta ganhando meu dinheiro e minhas taças.
O último jogo mostrou bem isso. Dia que Neymar não faz chover o Brasil morre exposto ao Sol. Sim, ele exagerou nas reclamações, no destempero, mas jogaram toda a culpa e mágoa da seleção no único que pode mesmo vestir aquela camisa. Até entendo a irritação dele. Eu também ficaria muito vendo aqueles caras jogando comigo.
O futebol brasileiro só não morreu depois da Copa desastrosa por ter gente como Neymar que ainda nos faz sorrir.
Jogue sua bola moleque. Nossa esperança é você
Twitter – @aloisiovillar
Facebook – Aloisio Villar
Imagens: Reprodução, Wikipedia e Blog do Cosme Rimoli
Ótimo texto, Aloisio.
Você mesmo enumerou a diferença dos “coadjuvantes” de Pelé, Zizinho, Leônidas, Zico, Romário e Ronaldo para os coadjuvantes de Neymar. Nem se compara. Naquela época, ninguém ficava esperando a estrela decidir.
Se Pelé não estivesse bem, Garrincha dava um jeito. Na falta de Zico, Falcão e Serginho resolviam. Se Romário e Ronaldo fossem anulados pelos adversários, Bebeto e Rivaldo apareciam.
E hoje? Se o Neymar some, todo mundo se desespera! Isso não é Seleção Brasileira! Nem mesmo no feminino, onde a Marta é a craque absoluta, porém as jogadoras já têm uma mentalidade de “não podemos depender dela pra sempre”. Mesmo com a eliminação ontem, na Copa do Mundo, a postura foi essa, o que deixa a este leitor otimista para as Olimpíadas!!
(aliás, infelizmente, a melhor jogadora de todos os tempos vai se aposentar sem ganhar uma Copa do Mundo.)
No restante, acho que o Neymar já está de saco cheio desse bando de porcarias ao lado dele, como estava em 2013 no Santos. Afinal, uma andorinha não faz verão!
Abraço!