Após Comissão de Frente, passamos para outro quesito cuja responsabilidade está reduzida em poucas pessoas, mas com a mesma importância de qualquer outro: Mestre-sala e Porta-bandeira.
Módulo 1
Julgadora: Mônica Barbosa
Notas
Viradouro – 9.7
Mangueira – 10
Mocidade – 9.9
Vila Isabel – 10
Salgueiro – 9.8
Grande Rio – 9.8
São Clemente – 10
Portela – 10
Beija-Flor – 10
União da Ilha – 10
Imperatriz – 9.9
Unidos da Tijuca – 9.8
Quanto à indumentária, Barbosa penalizou Salgueiro, Grande Rio e Tijuca. Salgueiro e Tijuca por saias da Porta-bandeira muito curtas, mostrando as pernas e “trazendo deselegância, peso e giros não deslizados”.
Um ponto interessante. Se a saia é muito grande, atrapalha o bailado, se é muito curta, causa deselegância. Todas as escolas devem se atentar a isso. Assim que o casal do Salgueiro passou, começou o burburinho na frisa do Ouro de Tolo justamente porque nós tivemos a mesma impressão da julgadora e que isso poderia causar perda de décimos.
Quanto à Grande Rio, o problema foi com a capa do Mestre-sala que tampava o rosto durante a apresentação.
A falta de cuidado nas terminações, “correndo” para já começar outro movimento sem a correta terminação foi penalizado nos mestres-sala da Mocidade (apontado por mim na hora da apresentação para o editor) e, surpreendentemente, da Imperatriz, cujo mestre-sala é tido por alguns como o melhor do momento.
Outro argumento bastante interessante usado para descontar a escola foi a excessiva estaticidade da coreografia, voltada demais para o julgador, esquecendo-se do público. Salgueiro e Grande Rio perderam décimos por este problema, que já é apontado como problemático pelos julgadores do quesito há três ou quatro anos.
Mais uma julgadora que cumpriu bem o seu papel, com boa dosimetria de descontos frente as justificativas pertinentes apresentadas.
Única nota 10 da União da Ilha no quesito.
Módulo 2
Julgadora: Beatriz Badejo
Notas
Viradouro – 9.7
Mangueira – 10
Mocidade – 9.8
Vila Isabel – 9.9
Salgueiro – 9.9
Grande Rio – 9.9
São Clemente – 10
Portela – 9.9
Beija-Flor – 10
União da Ilha – 9.9
Imperatriz – 10
Unidos da Tijuca – 9.9
Badejo é antiga no júri e bastante técnica. Tirou pontos da falta de capricho nas finalizações do mestre-sala da Mocidade e pelas paradas bruscas do mestre-sala da Ilha.
Citou especificamente a junção do casal com a Comissão de Frente na Mocidade para tirar 0,2 por comprometer “a posição de destaque que o MS e PB ocupam, tradicionalmente, dentro de suas agremiações, por sua importante função de proteger e conduzir o pavilhão”.
Outra justificativa interessante é perda do décimo pelo casal do Salgueiro por causa do excesso de teatralização e falta de dança a dois.
Essa justificativa já nos remete às considerações finais deste ano escrita por Badejo (todo ano ela costuma escrever alguma crítica), que mais uma vez são irrepreensíveis:
“Alguns acréscimos com o passar dos anos vão fazendo parte do repertório da dança do casal de MS e PB, mas não podemos esquecer do bailado vindo dos Ranchos, aonde o Mestre-sala deslizava elegantemente, em diálogo com a Porta-bandeira. Como dizia Élcio PV, ‘a essência da dança é a sedução’. Não adianta, portanto, teatralizações excessivas se não houver cumplicidade, olho no olho, parceria, dança de mãos dadas. É para pensar!”
Consideração absolutamente perfeita, lembrando um dos ensinamentos do lendário Mestre-sala mangueirense, muitivencedor do Estandarte de Ouro.
A se questionar apenas as penalizações da Vila e da Portela porque “a coreografia não empolgou”. Empolgação não está no manual e temos que nos apegar a ele – para o bem e para o mal.
Módulo 3
Julgador: Luiz Carlos Correa
Notas
Viradouro – 9.7
Mangueira – 10
Mocidade – 9.7
Vila Isabel – 9.8
Salgueiro – 9.9
Grande Rio – 10
São Clemente – 10
Portela – 9.9
Beija-Flor – 10
União da Ilha – 9.9
Imperatriz – 9.8
Unidos da Tijuca – 9.7
Correa se derreteu em vários elogios às indumentárias e apenas descontou o “mau acabamento” na calça do mestre-sala da Unidos da Tijuca.
Obs: alguém viu ou soube de algum problema nesta calça durante o desfile? Não reparei tal defeito no módulo 1 e nenhum outro julgador apontou.
Quanto às justificativas sobre o bailado, senti um certo efeito “Ilclemar Nunes”. Muitas justificativas de interpretação bastante subjetiva como “necessita de mais confiança (Viradouro), “precisa cuidar mais na incorporação e confiança nos movimentos de dança” (Vila Isabel), “faltou uma empolgação e o brilho que esse casal sabe apresentar” (Salgueiro).
Ressalte-se que empolgação virou desculpa comum para desconto de décimo. Já deve ser o quarto ou qunto quesito nesta série que tal justificativa é utilizada. Outro julgador a descontar o Mestre-sala da Mocidade, dessa vez por “performance tensa com incidentes e pouca dança”
Alias, ele usa esse “incidente” e depois um “imprevisto” na Unidos da Tijuca que não são explicados. O julgador também tirou pontos por excesso de coreografia e falta de dança da Portela e da Imperatriz.
Talvez ele também tenha tirado da Tijuca, mas as palavras não ficaram claras: “O casal apresentou seu bailado com muitas repetições de passos e alguns imprevistos e passos rápidos do Mestre-sala, ficando claro que existia um novo desenho coreográfico”.
Por fim, nota-se forte crítica a técnica dos casais da Imperatriz e da Tijuca, tidos como “top-de-linha”, junto com o da Beija-Flor. Na Imperatriz, além do que já fora escrito ele criticou a falta de graça, leveza, repetição de passos e problemas nas terminações. Já na Tijuca, além do já transcrito acima, ele mais uma vez citou a tal repetição de passos e falta de leveza e harmonia.
Módulo 4
Julgadora: Áurea Hämmerli
Notas
Viradouro – 9.8
Mangueira – 10
Mocidade – 9.8
Vila Isabel – 9.8
Salgueiro – 10
Grande Rio – 9.9
São Clemente – 10
Portela – 10
Beija-Flor – 10
União da Ilha – 9.8
Imperatriz – 9.9
Unidos da Tijuca – 10
Hämmerli e Badejo são as duas remanescentes do “quarteto de ferro” que dominou o julgamento deste quesito por anos a fio (Canha e Nunes completavam).
Ela tem um estilo próprio e bem diferente de justificar a nota, não apontando erros friamente mas sob forma de conselhos para o Mestre-sala e a Porta-bandeira melhorarem. Ao mesmo tempo nesta “carta” ficam claros os motivos do desconto. É uma ótima qualidade desta jurada.
Suas justificativas mais uma vez foram claras e pertinentes, sendo interessante notar que ela não despontuou nenhuma indumentária.
Bastante objetiva, tendo apontado problemas já apontados pelos outros julgadores, apenas a justificativa da Imperatriz, a qual reproduzo abaixo, tem um viés diferente, mais subjetivo.
“No módulo 4/ apresentação não veio com o brilho e dinamismo técnico característico deste casal. Veio “plana” e silenciosa de emoção. Faltou a mágica do momento.”
Únicas notas 10 de Salgueiro e Unidos da Tijuca no quesito.
Finalizando o quesito, além das justificativas mais vagas de Correa (mas longe de qualquer desastre), é de se notar o fato que o até então incensado casal gresilense saiu sem nenhum dez. Casal esse que se separou logo após o carnaval com a saída do Mestre-sala Phelippe e a manutenção da Porta-bandeira Rafaela na escola.
Já os multipremiados Ruth e Julinho da Unidos da Tijuca saíram apenas com o 10 de Hämerlli.
Imagens: Pedro Migão e Rodrigo Farias