Ia escrever sobre o começo dos estaduais, mas posso falar deles em outra ocasião. A data em que escrevo a coluna para ser publicada nesse sábado que você está lendo é marcante para o futebol brasileiro.

Você, amigo, que é fã de Messi e Cristiano Ronaldo e lhes acompanha todas as semanas pela “ESPN Corinthians” já imaginou se um deles fosse jogar em seu time? Claro que já imaginou né? Mas é uma coisa tão utópica que imaginou por no máximo trinta segundos, pensou “nem em sonho” e mudou de assunto.

Pois bem. Vinte anos atrás Messi estreava no Flamengo contra o Uruguai. Ou melhor, Cristiano Ronaldo. Ou melhor… Como dizia Luis Penido.

Ele, ele, ele, sempre ele…

… O gigante da grande área… Romário.

Incrível pensar que muitos hoje em dia não viram Romário jogar, mas é verdade. Para resumir o futebol do baixinho cito uma música dos anos 90: “Romário é rei, Romário é o máximo, ele é o cão”.

Romário era o CR7 ou o Messi que não tinha amarelado em Copa do Mundo. Muito pelo contrário, ele foi fundamental para uma conquista nossa de Copa do Mundo que não vinha desde 1970. Romário foi “expulso” por Parreira da seleção nas eliminatórias da copa de 94 e voltou pro jogo final. Voltou em um momento complicado em que a derrota tiraria pela primeira vez o Brasil de um Mundial e disse que classificaria a seleção.

Romário não classificou apenas o Brasil. Teve naquele 2×0 contra o Uruguai a maior atuação de um jogador que eu vi em 38 anos de vida.

Romário foi um dos maiores jogadores que vi em campo. Foi um dos maiores de todos os tempos e por causa de sua personalidade não foi ainda maior. Ou então por sua personalidade foi desse tamanho todo. Romário foi um ser único e que faz muita falta ao futebol brasileiro por seu jeito de jogar e seu jeito de ser.

Duvido que a Alemanha metesse 7 no Brasil em nossa casa com ele em campo. O Baixinho daria um jeito, mas não deixaria. Nem que arrumasse uma confusão com o time alemão todo.

Agora imaginem o que a chegada dele fez com a auto estima do rubro negro naquele começo de 1995?

Eu morava no Mato Grosso no período. Não existia internet e era difícil pegar uma rádio daqui. O Flamengo já vivia um período de leve decadência, os times paulistas dominavam o país e começava a se falar que o Rubro-Negro era um clube endividado. Claro que ninguém acreditava naquela história de Romário no Flamengo.

Só o alucinado do Kleber Leite.

Kleber é um dos responsáveis por essa dívida nefasta do Flamengo. De nossa decadência (que parece começar a ser revertida), por alguns de nossos maiores vexames e trambiques, mas não consigo ter raiva dele por dois motivos.

Primeiro por ele ser um dos comandantes da super equipe de radialismo esportivo dos anos 80 da Rádio Globo. Repórter e apresentador do lendário “Bola de Fogo” após as partidas. A Rádio Globo dos anos 80 me fez apaixonar por futebol e rádio.

Segundo porque poucas vezes na vida tive tanto orgulho de ser rubro-negro quanto em janeiro de 1995.

Não é possível!! O Messi vai jogar no Flamengo!! CR7 vai jogar no Flamengo!! Melhor!! Romário é do Flamengo!! O cara que meses antes fez um país chorar de emoção lhe dando a Copa do Mundo, que dias antes recebera a bola de ouro da FIFA de melhor jogador do mundo agora estava em um caminhão de Corpo de Bombeiros com a camisa do meu time!!

Mais do que isso. Romário antes de se consagrar na Europa jogava no Vasco e sem dúvidas foi o adversário que mais me fez sofrer até hoje, então, além de ter o melhor do mundo, tínhamos dado uma “pernada” no rival.

O ego do rubro-negro, que sempre foi estufado, ganhava nível inimaginável.

Romário ganhou poucos títulos no Flamengo. Dois Estaduais e uma Mercosul. Saiu pelas portas dos fundos do clube após uma farra, voltando ao Vasco, e aquele período louco de sua contratação e de outras deixou o Flamengo como terra arrasada. Na ponta do lápis, vendo lado financeiro e estrutural, não foi uma boa. Mas que torcedor liga para o lado financeiro e estrutural? O Migão não conta.

Romário fez 204 gols com a camisa rubro-negra, se tornando um dos maiores artilheiros de nossa história. Protagonizou momentos memoráveis como o elástico em Amaral, e criou um laço com a Nação poucas vezes visto por um jogador não criado na Gávea.

Perdemos o Estadual de 1995 numa final épica com ele jogando muita bola. Até essa derrota hoje dá orgulho. Foi o penúltimo respiro do carioca. O último foi em 2001 com Pet.

Romário foi protagonista no Flamengo. Flamengo foi protagonista com Romário.

E aquela emoção de janeiro de 1995 ninguém me tira.

Valeu, Baixinho !!