O mundo da Fórmula 1 foi surpreendido há algumas semanas pela notícia da confirmação de Max Verstappen como companheiro de Daniil Kvyat na equipe Toro Rosso na próxima temporada. Tudo porque Max, filho do ex-piloto (e trapalhão, diga-se de passagem) Jos Verstappen, completará apenas 17 anos de idade no próximo dia 30.

Ademais, Verstappen formará uma dupla com o também jovem Daniil Kvyat, que também pegou a categoria de surpresa ao conseguir uma vaga na mesma Toro Rosso saltando diretamente da GP3 para a Fórmula 1. Somados, Kvyat e Verstappen terão no início do Mundial de 2015 apenas 37 anos – piloto mais velho da categoria, Kimi Raikkonen terá 36 ano que vem.

maxverstappen2Não está em questão aqui a qualidade técnica de Verstappen – apesar de numa exibição recente ele ter danificado um Fórmula 1 numa praça… Verstappen está fazendo um excelente campeonato na Fórmula 3 Europeia e tem condições de chegar à Fórmula 1 algum dia. Mas condeno a precipitação com a qual esses jovens têm sido atirados à categoria.

Em outras modalidades já vimos atletas ainda mais jovens chegarem ao topo em modalidades de alto nível. Por exemplo, na ginástica artística Nadia Comaneci assombrou o mundo na Olimpíada de Montreal quando tinha apenas 14 anos. Pelé já era Pelé com 17 anos na Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Mas os casos da F-1 são diferentes.
nadiacomaneci

Só o fato de o esporte a motor ser uma modalidade de altíssimo risco, na qual os carros atingem velocidades superiores a 350 km/h, já é uma questão a ser analisada. Primeiro porque o certo é os pilotos subirem gradativamente de categoria para terem uma adaptação natural à escalada de potência. Segundo, e principal, é a questão da maturidade.

Um piloto jovem como Verstappen pode muito bem “fazer um bonito”, ser arrojado, corajoso e etc. Mas será que um cara desses já tem o preparo emocional e intelectual para lidar com um ambiente hostil e repleto de armadilhas como a Fórmula 1? E será que ele tem como discernir o momento certo de dividir uma curva com outro piloto?

Infelizmente um jovem desses pode perfeitamente machucar alguém não por maldade ou por loucura, mas por não ter maturidade para entender o momento certo de acelerar ou tirar o pé. Um piloto de automobilismo é como um piloto de avião, necessita de “horas de voo”.

scheckter1973Cito o que houve por exemplo com o sul-africano Jody Scheckter nos anos 70. Em 1973, Scheckter tinha 23 anos (vejam bem, 23, não 17) e disputava sua primeira temporada pela McLaren. Numa época em que morria muito mais gente nas pistas – só em 1973 Roger Williamson e François Cevert morreram na F-1 – Scheckter não tinha maturidade e causou diversas colisões por não saber dosar.

Em Silverstone ele exagerou e causou uma colisão que envolveu 11 carros e interrompeu a carreira do italiano Andrea de Adamich. Depois de admoestado, Scheckter foi entendendo como a coisa funcionava e foi campeão em 1979 com uma pilotagem suave e madura.

Houve também nos anos 70 a revolta de pilotos contra o que eles chamavam de pilotagem perigosa de Riccardo Patrese, que em 1978 foi acusado (erradamente, como se comprovou depois) de causar o acidente que vitimou Ronnie Peterson.

Evidentemente em qualquer modalidade esportiva caras abaixo dos 20 anos têm um ímpeto além do recomendado e causam problemas. Mas, insisto, no caso do automobilismo, 17 anos é um grande exagero. Tomara que Verstappen não cause nenhum problema na Fórmula 1.

Mas que estão acelerando demais as coisas, isso eles estão…