E Rubens Barrichello conquistou a Corrida do Milhão na Stock Car. Largou na pole position e venceu convincentemente a prova disputada em Goiânia resistindo aos ataques de Thiago Camilo nas voltas finais. Mais do que o milhão, que cá entre nós não é novidade para um piloto em excelente situação financeira, a vitória é digna de registro por outros motivos.

Primeiro, porque dá visibilidade a uma categoria que, elogios e críticas à parte, é uma das poucas coisas que têm estabilidade no nosso tão combalido automobilismo. Sem dúvida a vitória de Barrichello coloca a Stock de novo nos holofotes. Afinal, Rubinho é um dos nomes mais importantes da história do esporte a motor no Brasil.

Segundo, porque dá um equilíbrio a um campeonato que se desenha como um dos mais equilibrados da categoria em todos os tempos. Passadas oito corridas, apenas 21 pontos separam os dez primeiros colocados. Nas provas disputadas até aqui, foram seis vencedores diferentes.

Mas, acima de tudo, esta vitória serve para mostrar ao público que, mesmo alguém com tanto dinheiro e quilometragem num esporte tão complicado (e de risco) como o automobilismo ainda consegue tirar motivação de buscar o limite a cada freada e desfrutar o que ele tem de bom.

Sim, com acertos e erros na carreira, Rubens Barrichello é sem dúvida um dos exemplos daquele sujeito que ama o que faz. Logo no meu primeiro texto aqui no Ouro de Tolo, escrevi que as pessoas deveriam deixar Barrichello em paz porque, afinal, qual o crime em fazer o que se gosta?

Pois bem, Rubens começou a pilotar na Stock em 2012. No ano passado, conseguiu o primeiro pódio nas ruas de Salvador e a primeira pole em Cascavel. Melhorando a cada prova, esse ano voltou a subir ao pódio e agora conquistou a primeira vitória.

barrichellomilhao2Cobri alguns passos da carreira de Barrichello e fui o jornalista que fez a última entrevista exclusiva dele como piloto de Fórmula 1, no dia 27 de novembro de 2011, quando ele ainda não sabia que aquele GP do Brasil seria a última de suas 326 provas na categoria.

Como vocês podem ver no link, Rubens foi extremamente tranquilo ao comentar sobre todos os assuntos propostos e consciente de que, mesmo sem ter sido campeão mundial, teve uma carreira bastante digna na Fórmula 1: “Correr por 19 anos é para se orgulhar”, disse ele.

É claro que alguns que não gostam de Barrichello não aprovam uma frase dessas e dizem que o que importa é ganhar. E é mais claro ainda que ninguém mais do que ele próprio gostaria de ter conquistado o título mundial. Mas Rubens tocou o barco dele. Foi para a Indy e depois para a Stock.

E tenho certeza de que ao vencer a prova de Goiânia e receber o carinho dos torcedores e do filho mais velho Eduardo (que, diga-se de passagem, estava superemocionado no pódio), Barrichello estava feliz não só pelo resultado mas por ter mostrado acerto em seguir pilotando.

Afinal, amigos, fazer o que se gosta, ser remunerado para isso, e ainda por cima com bons resultados, não é o que queremos para a nossa vida? Então, ora bolas, aplausos para quem consegue fazer isso.

Parabéns por essa lição, Rubens!