A Copa do Mundo começa a afunilar. Escrevo antes das partidas Argentina x Suíça e Bélgica x Estados Unidos, mas já deu para perceber que o sufoco nesse estágio do Mundial não é apenas nosso. Holanda, França e Alemanha também sofreram horrores para avançar às quartas de final. São sufocos diferentes, claro.

O Brasil, curiosamente, parecia ter o controle do jogo no primeiro tempo depois de fazer 1 a 0, mas, após levar o empate, foi dominado pelo Chile, principalmente no segundo tempo. Na prorrogação, até que a Seleção cresceu de novo, mas novamente ficou patente o grave problema de criação que temos no meio de campo.

Diferentemente do que aconteceu na Copa das Confederações, existe um vácuo no meio de campo e diversas vezes vemos os laterais e zagueiros fazerem a chamada ligação direta para o ataque com lançamentos. Convenhamos, pode dar certo em um lance ou outro, mas é mais fácil para a defesa adversária neutralizar.

Quando conseguimos tocar mais a bola, com movimentação dos jogadores de frente e velocidade nos passes, a Seleção acertou algumas boas jogadas contra a Croácia e Camarões. Contra o Chile, isso vinha acontecendo até o gol chileno. Depois voltamos a exagerar nos lançamentos, ao contrário do adversário, que trocava mais passes e ameaçava.

No fim, a Seleção conseguiu a classificação nos pênaltis, mas ficou a certeza de que é preciso melhorar. A Colômbia, nossa adversária nas quartas de final, toca muito bem a bola. Por outro lado, não faz uma marcação tão ferrenha como o Chile, o que pode dar os desejados espaços para o nosso meio de campo criar mais.

Mas se o Brasil tem sabidamente os seus problemas, as outras seleções favoritas ao título também tiveram muitas dificuldades nas oitavas de final. Tanto Holanda, como França e Alemanha ganharam na bacia das almas.

holandamexico2014Dos três quem esteve pior foi a Holanda. Mesmo levando-se em conta o forte calor na hora do jogo, a Laranja foi envolvida pelo México e criou pouquíssimo em 70% do jogo. Só reagiu depois que o técnico mexicano inexplicavelmente recuou o time, chamando a Holanda para atacar. Deu no que deu, embora a virada holandesa tenha ocorrido em um cruzamento e um pênalti.

A França fez uma partida mais burocrática e sem criatividade. Mas, mesmo sem ter passado tantos sustos como a Holanda, chegou à vitória apenas no fim, depois que o goleiro nigeriano, que vinha muito bem, entregou a paçoca. Ao menos, os Bleus não tiveram de encarar um forte calor ou mesmo uma prorrogação.

Por fim, a Alemanha tomou um sufoco incrível da Argélia não por uma má postura em campo ou por muitos erros, mas por uma atuação inacreditável dos africanos. Mas os alemães tiveram calma e já poderiam ter saído com a vitória no segundo tempo, pois perderam chances incríveis. Acabaram disputando uma prorrogação e fizeram valer a maior força.

Isto posto, aguardemos os demais favoritos (Argentina e Bélgica), que também não fizeram exibições espetaculares até o momento. Talvez por isso essa Copa esteja tão espetacular, já que o equilíbrio e coragem das equipes vêm sendo a tônica. Melhor para nós que queremos ver bons jogos.