E a campeã mundial voltou para casa mais cedo, que situação…

Exatamente. No mesmo Maracanã onde ano passado viveu uma das situações mais inusitadas da história recente da Fifa – a partida contra o Taiti – e onde os primeiros sinais de derrocada desta geração vitoriosa se fizeram sentir – na final contra o Brasil – a seleção espanhola, com a derrota em um estádio com “clima de Libertadores”, conheceu o ocaso em uma eliminação prematura.

Ao contrário do jogo da Argentina, onde tive problemas – texto que pode ser visto aqui – optei por chegar o mais cedo possível ao estádio. Como saí ao meio dia do trabalho, devido ao feriado parcial decretado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, optei por almoçar e me dirigir diretamente ao estádio, a fim de não sofrer novamente com o tumulto.

20140618_131932Peguei o metrô na estação Cidade Nova e, por pura preguiça, ao invés de fazer a transferência de linha para descer em São Cristóvão – minha entrada era pelo Setor F – optei por descer em São Francisco Xavier. Resultado: andei um bocado até alcançar o estádio, e ainda tinha de dar a volta até chegar a meu setor. Ainda assim, quando passei pelo detector de metais, ainda era pouco depois da uma da tarde – lembrando que o jogo começou às quatro.

Desta vez o bloqueio, pelo menos para quem acessava a área do estádio pela Rua General Canabarro, funcionou (foto ao lado). Tive de mostrar minha entrada para guardas municipais e, depois, policiais militares. Adentrei a área restrita e, caminhando, cheguei onde passamos no detector de metais.

20140618_132506Entre o detector já citado e antes da catraca há uma área de conveniência com estandes de patrocinadores, alguns bares oficiais e a maior loja oficial. Sobre esta, a se lamentar não ter camisas das duas equipes que jogariam aquela tarde: ao contrário de 2013, na Copa das Confederações, apenas seleções da Adidas tinham suas camisas vendidas.

Bebi duas cervejas – estava quente a temperatura ambiente – e continuei a caminhar rumo à minha catraca. Embora o setor F seja mais perto da chamada “rampa da Uerj” que da entrada do Bellini, foi por ali a entrada, o que levou a uma grande volta até acessar a catraca. Vale lembrar que foi por ali que houve a invasão da área de imprensa, porque as barreiras na avenida Radial Oeste são incomparavelmente mais perto dos acessos ao estádio que do outro lado.

20140618_135204Ainda assim, mais de duas horas antes do jogo já estava sentado em meu lugar, que, embora fosse categoria 1 – a mais cara – era na bandeirinha de escanteio do gol à esquerda das cabines de imprensa – posição exatamente oposta à do domingo anterior.

Rapidamente fiz amizade com os chilenos em volta, até porque descobri que, se falarmos bem devagar em português, eles são capazes de nos compreender. Embora estivesse com uma camisa da Espanha, de goleiro, rapidamente “virei a casaca” e me integrei à torcida chilena, como a foto que abre o post pode mostrar. Eles estavam preocupados com a partida entre Holanda e Austrália e ficaram bem decepcionados com o resultado final.

20140618_135922Aliás, os chilenos ficaram bastante surpresos quando expliquei a eles que a camisa da seleção nacional não é vendida aqui no Brasil, ao contrário do que ocorre com a Espanha. Vale lembrar que, após o jogo, a loja oficial da Puma resolveu vender a camisa, com atraso – mas sem número.

Aos poucos o estádio foi enchendo, e ganhando um clima mais de Taça Libertadores de América que Copa do Mundo. Arriscaria dizer que haviam cerca de 40 mil chilenos na última quarta, mais que argentinos no domingo. Umas duas horas antes do jogo até morteiros a torcida chilena jogou no gramado do Maracanã, repetindo o que ocorrera em Cuiabá na primeira rodada.

20140618_153045Apesar de estar embaixo da cobertura, tive de comprar um boné, pois o sol entrava pelas frestas da junção da cobertura. Comprei, além do boné da competição, duas camisas referentes à competição e um boné da seleção da Alemanha na loja do segundo nível, a preços que diria até razoáveis.

Por outro lado, o serviço de bar melhorou, mas durante a partida as filas para comprar cerveja ficaram impraticáveis.

Coloquei no post de ontem o hino chileno, que já naquele momento deixou claro que o ambiente à “Fúria” seria muito hostil. Vou mais além: em uma eventual partida eliminatória pelas oitavas de final entre Brasil e Chile em Belo Horizonte pelas oitavas de final corre-se o risco de o Brasil ser “visitante” dentro de casa. Os torcedores chilenos encarnam seu país, encarnam sua seleção e torcem mesmo.

20140618_161248O jogo, em si, teve o Chile buscando desde o início, marcando forte o tempo todo e  com uma intensidade admirável. A equipe comprou a proposta do ótimo técnico Jorge Sampaoli (argentino) e intimidou os espanhóis desde o início. Os gols saíram ainda no primeiro tempo e deram à equipe sul americana tranquilidade para administrar a vantagem.

E outra coisa: nada dava certo para os espanhóis. A ponto de se perder gol sem goleiro embaixo da trave, que poderia ter mudado a história naquele momento.

Uma curiosidade é que enquanto os brasileiros gritavam “eliminado” para os espanhóis, os chilenos cantavam “tchau”… Além de uma versão do infame “sou brasileiro” e outra de uma canção de Ivete Sangalo. A alegria dos torcedores com a classificação de sua equipe era contagiante, bem como colorir com seu vermelho o templo máximo do esporte. Acredito que opositores do PT irão reclamar da cena…

20140618_175556Fim de jogo e a volta para casa foi bem mais tranquila que na primeira partida – sem furto… Ainda deu tempo de jantar no shopping antes de retornar. O Chile segue e a Espanha irá pensar na necessária reformulação após esta geração vitoriosa.

Imagens: Arquivo Pessoal