Em meio aos desfiles do Grupo Especial, o compositor e colunista Aloisio Villar estava na Intendente Magalhães para desfilar pela Acadêmicos do Dendê e pelo Boi da Ilha do Governador. E ele conta os bastidores dessa gente que luta com tanta garra para superar a falta de recursos.

Carnaval da Intendente: Segunda

Enquanto a maioria das pessoas estavam de olho na Marquês de Sapucaí na segunda-feira de Carnaval, cumpri um ritual que faço desde 2003. O desfile da Intendente Magalhães com as escolas dos últimos grupos e que foi tema recente de coluna minha.

Cheguei sete da noite ao local enquanto o Arame de Ricardo se posicionava para seu desfile. Cheguei com grupo de cinco pessoas que queriam desfilar no Dendê.

Ao contrário das super disputadas fantasias do Grupo Especial que podem chegar a custar mil reais, sempre que levo gente assim na Intendente sei que arrumarei as fantasias e de graça.

Como previsto, rapidamente consegui.

O desfile atrasou em quase uma hora e confesso que o Arame foi a única escola fora as que desfilei que prestei atenção. Tinha um carro bonito (é apenas um carro no grupo e se quiser um tripé). O carro era um dos poucos do grupo iluminado.

Samba animado, condizente com enredo sobre os anos oitenta. Escola desfilou bem.

Enquanto isso o Dendê se armava. Uma tranquilidade como nunca vi na escola. Tranquila, segura, organizada. Percebeu que teria problemas com o mínimo de baianas e correu atrás conseguindo alcançar o número mínimo.

Desfiou com essa segurança. A bateria era a base da bateria da União da Ilha ano passado tendo o mestre Riquinho como um dos diretores. A mesma teve um desempenho sensacional, com excelente andamento e ajudou o samba, composto entre eles por mim e o dono do blog Pedro Migão.

Samba que passou com a qualidade esperada. Sempre digo que é um dos sambas preferidos que tive a honra de ajudar a compor. Sobem quatro nesse grupo e acredito que o Dendê briga por uma das vagas.

Uma grande festa tomou conta da escola no fim e depois voltei para a área de concentração onde encontrei os amigos os quais levei para desfilar. Lá tinha componentes de várias escolas com suas roupas misturados sentados em traillers bebendo, comendo, vendo as escolas entrarem e batendo papo. Algo impensável na Sapucaí.

Vi escolas tradicionais de nosso Carnaval como Leão de Nova Iguaçu e Unidos da Villa Rica passarem. Algumas escolas com mais condições, outras pequenas e humildes, mas todas com dificuldades pela segunda parte da subvenção só ter saído sexta de Carnaval.

E todas guerreiras.

Sentamos, bebemos, comemos e batemos papo como todos esperando a hora do Boi da Ilha que seria a décima entre doze escolas. Mais oito amigos chegaram para desfilar no Boi e consegui com a mesma facilidade fantasias para todos na agremiação.

Como foi para o Boi chegar a seu desfile? Sua armação e desfile?

Domingo eu conto.

Só adianto que a luta pelo título está nivelada como é o normal de um grupo com tão pouco recurso financeiro, mas tão rico em amor ao samba.