Hoje, a segunda parte da coluna do administrador Emerson Braz sobre as escolas de samba paulistanas.
Escolas de São Paulo – Sábado
Pérola Negra
A joia rara do samba, alusão feita ao ineditismo da joia, nasceu da fusão dos Acadêmicos da Vila Madalena com o Bloco Boca das Bruxas , fez da Zona Oeste sua morada e estreou no grupo especial de São Paulo em 1976. Entre idas e vindas ao grupo de Acesso a escola chega a sua décima sétima participação na Elite Paulistana .
Nos últimos anos se notabilizou por enredos muito elogiados pela crítica, principalmente aqueles que vieram do Oriente , como Índia e Abraão. No rebaixamento de 2012 , após uma série de ótimos desfiles a escola chegou a ser cotada como favorita, mas problemas apareceram…
“Desfilar pela Perola é cantar forte pelo amor de nossas vidas! – Sérgio Moreira , compositor da escola.”
Em 2014 , a Pérola vai falar sobre a Felicidade.
A expectativa é permanecer no especial.
Gaviões da Fiel
Maior torcida uniformizada do Brasil, a Gaviões sempre teve ligações fortes com o carnaval, inicialmente como uma ala da Vai Vai, coirmã que tem as mesmas cores da torcida e do time de futebol. Em 1974, a ala estava imensa e então passou a disputar o Carnaval dos Blocos, obtendo vitórias sucessivas. Em 1989 foi convidada pela entidade que administrava o carnaval a estar no grupo especial sem ter passado pelos grupos de acesso. Essa subida vertiginosa é muito contestada no mundo do samba até hoje, mas ressaltemos que a vinda da escola trouxe ingredientes que sem dúvida tornaram o carnaval de São Paulo muito maior. Pela estrutura, paixão envolvida, gestão e rotatividade de poder a Gaviões chegou ao século 21 como a escola a ser derrotada.
Antes, em 94 após visitar o acesso, fez um ótimo desfile com A saliva do Santo e o Veneno da Serpente. Muitos já esperaram o campeonato nesse ano, mas ele esperou mais um e com o conhecidíssimo e eterno Coisa Boa é para sempre a escola fincava seu nome na história, com o espetacular samba de Grego.
Sempre com alegorias gigantes e sambas explosivos a trajetória de vitórias traria mais três campeonatos ao Bom Retiro e em 2004, quando navegava tranquilamente para o tri campeonato, uma série de incidentes levaram a escola ao rebaixamento . Em 2006 voltaria a cair, de forma muito contestada.
Nos últimos anos a escola tem tentado voltar a seus grandes momentos, alternando boas e más apresentações.
“Desfilar pela Gaviões é tudo de melhor que pode acontecer na minha vida fora de um estádio .. Não há nada parecido… (Paula de Oliveira , desfila pela escola desde 99)”
Em 2014 o enredo da alvinegra será a vida do jogador Ronaldo, o fenômeno.
Expectativa : Voltar nas Campeãs
Mocidade Alegre
A Mocidade Alegre, escola do bairro do Limão, tem este nome por causa de uma narração do radialista Evaristo de Carvalho, que descreveu que “naquele bloco está chegando uma moçada bastante alegre”.
Foi fundada pelos irmãos Cruz Bichara em 1968 como bloco, e depois passou a ser escola de samba. Venceu os campeonatos dos grupos inferiores e logo de cara arrebatou um tricampeonato pelo Grupo Especial, em 71/72/73. É a escola responsável pela introdução de destaques no carnaval paulistano e que dá ótimos sambas a cada ano, especialmente quando trata de algum enredo relacionado à cultura afro-brasileira.
Em sua trajetória, ficou um longo tempo sem conquistar um campeonato (de 1980 a 2004), porém durante este tempo nunca foi rebaixada. Em 2004 voltou a vencer e desde então emplacou mais quatro conquistas, somando ao todo nove campeonatos de Grupo Especial.
A esta nova fase a Mocidade Alegre tem como comandante Solange Bichara, que reestruturou e deu nova cara a escola. Com isto vieram os campeonatos já mencionados e o fato de ser uma das escolas mais respeitadas e mais aguardadas dos últimos tempos. Seu marido, Mestre Sombra, comanda há tempos a bateria que vem dando show atrás de show no Anhembi.
Perdeu sua tradicional quadra em 2013, mas se reestabeleceu em local próximo. Sua quadra é conhecida como a Morada do Samba entre os sambistas paulistanos.
“Desfilar pela Mocidade é Paixão… sentir parte de um trabalho, de uma comunidade com paixão comum… é emoção de ver esse trabalho na avenida. E ver essa conquista é Sucesso!! – Leticia Leme , sai na escola há 5 anos.”
Em 2014 a Morada do Samba falará sobre a fé, em um enredo muito interessante.
A expectativa para o desfile não poderia ser melhor ou maior , é a escola a ser batida. Na última década a Mocidade se transformou numa máquina de desfiles de ótimo nível. A surpresa, como dito aqui em outro post, será ela perder o Tri.
Nenê de Vila Matilde
Representando a Zona Leste de São Paulo, a Nenê de Vila Matilde tem como cores o azul e branco e como símbolo a águia, ambos uma reverência à sua madrinha Portela.
Alberto Alves da Silva, o Seu Nenê, figura carismática do samba paulistano, emprestou o seu apelido quando um grupo de amigos resolveu fundar uma escola de samba. Ninguém tinha ideia do nome, e o encarregado pelo registro perguntou qual era o nome daquele sujeito alegre que estava batucando. Disseram que aquele era o Nenê, e o encarregado sugeriu que a escola se chamasse Nenê de Vila Matilde. A sugestão foi aceita imediatamente.
Coube à Nenê de Vila Matilde dois fatos importantes: a de possuir a primeira quadra coberta da cidade e ser a única escola de samba da cidade de São Paulo a desfilar na Marquês de Sapucaí. O desfile em solo sagrado carioca ocorreu na noite das campeãs de 1985, quando se apresentou junto com a Beija-Flor e a Mocidade Independente.
É detentora de onze campeonatos do Grupo Especial do carnaval, sendo cinco após a oficialização (pós 1968) e seis antes deste período.
Grandes sambas marcaram a história da Nenê, dentre os quais “Palmares, Raiz da Liberdade”, “Axé, Sonho de Candeia” e “Treze, Rei, Patuá”. Armando da Mangueira foi um dos maiores intérpretes da cidade, e que emprestou sua voz à azul e branco da Zona Leste até o início dos anos 90.
“Desfilar pela Nenê é tudo para mim, desde 1972 acompanho essa batalha… Seja ganhando ou perdendo, meu surdo sempre estará lá , perfilado para defender a zona leste, custe o que custar… Somos a única bateria de São Paulo a desfilar na Sapucai e essa foto está na minha sala . ( Sergio Ricardo Antunes Alves , ritimista da escola)”
Em 2014 a escola vai falar sobre Paixão Proibida e outros amores e tem como expectativa permanecer no Especial, se aproximando das Campeãs.
Águia de Ouro
Fundada em 1976, o G.R.C.S.E.S. Águia de Ouro é oriundo dos jogos de futebol do time amador Faísca de Ouro e de ex-integrantes da escola de samba Pérola Negra. O símbolo e as cores fazem uma homenagem à Portela, porém o Águia tem a Nenê de Vila Matilde como madrinha.
Durante boa parte dos anos 80 o Águia de Ouro contou com Royce do Cavaco como intérprete e compositor. Ótimos sambas foram levados a avenida, com destaque para “Mil Vidas”, do ano de 1984, o primeiro desfile no Grupo Especial. Nesta década também tivemos homenagens da escola a Vinícius de Moraes, em 1987, e a Oswaldo Sargentelli, em 1988.
Houve algumas oscilações entre o Grupo Especial e o Grupo de Acesso, mas a partir dos anos 2000 o Águia se consolidou entre as principais escolas, veio com sambas animados e a bateria dando o show sob o comando de Mestre Juca. Em 2007 ficou na quarta colocação, a melhor de sua história até então, mas em 2008 teve problemas e acabou rebaixada para o Grupo de Acesso.
O rebaixamento não foi problema, pois no ano seguinte a escola já estava de volta entre as grandes. No desfile de 2013 veio a sua melhor colocação até o momento: terceiro lugar, quando homenageou o cantor, compositor, sambista e portelense João Nogueira. E só não venceu o campeonato porque devido a problemas técnicos foi penalizada com a perda de pontos.
Destaque para Sidney Carrioulo, presidente há muito tempo, e Mestre Juca, que também está no comando dos ritimistas da Pompéia há vários carnavais.
Desfilar pela Aguia é “Sentir a primeira batida de um surdo dentro de uma bateria é um orgasmo, e digo mais:é um orgasmo múltiplo. Sem sexo, idade ou crença. Aliás, crença sim, crença no título, no desfile perfeito, e no prazer de cruzar a passarela Afinal é dela o sorriso mais belo que encanta a avenida. O prazer de sentir a Pompéia pulsando em azul branco é ímpar, e se você não sabe o que é isso, escute o som da nossa bateria, que faz esse povo sambar… (Pablo São Pedro, ritimista da escola )
Para 2014 a Águia vai mostrar A Velha Bahia, no olhar de Dorival Caymmi.
A expectativa é repetir o ótimo desempenho de 2013 , quando surpreendeu a todos e só não ganhou o desfile devido ao estouro do cronômetro. É das mais aguardadas do ano.
Império de Casa Verde
A Casa Verde , tradicional bairro de São Paulo, tem muita ligação com o samba da capital. Afinal ali e nos arredores estão a Morada do Samba, Mocidade Alegre, a Unidos do Peruche e a Morro da Casa Verde. Mas os comerciantes do bairro procuraram empresários e o bicheiro Chico Ronda que injetou fortunas na escola estruturando e contratando a peso de ouro diversos personagens dos carnavais brasileiros. Ergueu ao lado do sambódromo de São Paulo o maior barracão de alegorias da cidade, chamado de Hangar e ali produziram ano a ano alegorias imensas, muito mais ao estilo Rio de Janeiro do que do Carnaval Paulistano.
Vários Carnavalescos do Rio já serviram à escola como Alexandre Louzada , Renato Lage , Roberto Szanieck e Paulo Fuhro. Com apenas, 9 carnavais a Casa Verde chegou ao grupo especial e logo no terceiro ano arrebatou o campeonato, conquistando o bi na sequência. Aos poucos a família Plumari foi se afastando da escola e isso foi muito sentido nos últimos carnavais , com investimentos menores e colocações inferiores às da década passada.
Em 2009 , a bateria da Império teve notas muito baixas e a partir dali , com Mestre Zoinho no comando se fez um trabalho de base impressionante que deu a escola a marca Barcelona do Samba e hoje é reconhecida como uma das melhores baterias do Brasil.
“Desfilar na Barcelona é esculpir arte e música no sambódromo… é a vida de gente sofrida”
Em 2014 a nação Imperiana falará sobre a Sustentabilidade.
A Expectativa do mundo do samba é que ela volte nas Campeãs, subindo gradativamente a escada da glória que ela tanto já frequentou
Acadêmicos do Tatuapé
Nascida Unidos da Vila Santa Isabel e rebatizada devido a mudança da sede da Escola, a Acadêmicos do Tatuapé tem muito de sua história ligada a divulgação do samba de São Paulo na Zona Leste, através das rodas montadas na Praça da Sé .
Essa tradição fez com que a escola fincasse raiz num dos bairros mais movimentados de São Paulo, mas que esteve afastada do Grupo Especial durante muitos anos. Sempre movimenta um grande contingente de simpatizantes em seus ensaios e eventos.
“Desfilar pela Acadêmicos é descarregar adrenalina e suor pelo amor da vida da gente. Nayara Domingues, filha de ritmista e passista na escola.”
Para 2014 a escola vai falar sobre São Jorge Guerreiro. A expectativa é permanecer mais um ano no especial