No último domingo finalmente (re)conheci por dentro o novo Maracanã, na partida entre México e Itália, válida pela Copa das Confederações. Já havia visto o estádio por fora – trabalho perto e passo todos os dias pelo local – mas não havia estado nos dois eventos teste anteriores.

Tinha a opção de deixar meu carro em um dos prédios da empresa onde trabalho, próximo ao estádio, mas como não sabia se a rua estaria aberta (e não estava) e minha entrada era do outro lado optei por deixar meu carro no shopping Nova América e me dirigir ao estádio utilizando-me dos serviços do Metrô. Almocei um belo cozido português, bebi um chope em um quiosque de cerveja artesanal que há no shopping e por volta de 13:30, acompanhado de meu irmão caçula, dirigi-me ao estádio.

Há uns dois ou três anos que não utilizava tal meio de transporte, e de certa forma fiquei satisfeito com o que eu vi. Bastava apresentar o ingresso para a partida que o acesso à plataforma era concedido sem cobrança de tarifa. Uma benesse concedida a donos de ingressos que não foram exatamente baratos.

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Três estações depois, desci no Maracanã, conforme orientado pela organização tendo em vista o setor onde ficaria (azul). Assim que se atravessa a passarela já se chega à primeira barreira, a partir da qual somente os detentores de ingressos poderiam passar. Pelo menos no Setor Azul não houve problemas, e consegui acessar rapidamente a área onde passaríamos pela revista e os ingressos seriam verificados.

Ali já se via o clima. Muitos mexicanos legítimos e alguns italianos “cariocas”, como este escriba – que foi à partida com uma camisa oficial da “Azzurra”. Mas tudo na paz.

Ultrapassamos um detector de metais à moda dos encontrados em aeroportos e nosso ingresso é verificado em uma espécie de catraca eletrônica, para liberação da entrada. Onde eu estava não houve problema nem perda de tempo para acessar o estádio, embora haja relatos de que no Setor Vermelho teriam havido filas. Algo que verificarei na próxima quinta feira, pois meu ingresso é para este setor.

Uma dica ao leitor é que não houve conferência do nome que estava no ingresso com a pessoa que estava apresentando. Ou seja, se alguém não puder ir outra pode entrar, desde que com o mesmo sexo do nome apresentado no ingresso. O meu próprio bilhete continha uma divergência de nome (estava com ele abreviado) e ninguém me perguntou absolutamente nada.

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Foto: Arquivo Pessoal

Adentrando o novo Maracanã agora há uma área com bares, lanchonetes e lojas de produtos oficiais (abaixo). O espaço físico me lembra um pouco o do Engenhão, embora maior e com um acabamento mais bem cuidado. A se lamentar uma falha grave: não há camisas oficiais das seleções participantes da Copa das Confederações à venda, apenas artigos da própria competição.

Outra coisa importante é que, apesar de cara, havia cerveja disponível. Acho uma tremenda bobagem proibir a venda nos estádios sob o argumento de que “é a única causadora da violência”. Quem frequenta estádios sabe que a questão não é esta e que a cerveja acaba sendo uma espécie de “bode expiatório” para outros problemas mais sérios – mas embaraçosos a certos dirigentes.

Pelo menos, apesar do preço, os copos tanto de Budweiser como de Brahma eram “retornáveis”, sendo bem bonitos. A venda era razoavelmente rápida e a bebida gelada, dentro das limitações impostas por mais de 70 mil pessoas em um estádio.

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Adentrei meu setor no estádio por volta de 14:20. Leitores, sem dúvida alguma é uma sensação emocionante reencontrar um velho conhecido (frequento o Maracanã, com alguns espasmos, desde 1979). O estádio, totalmente novo, ficou mais moderno e, ao que parece, menor: o público fica bem mais perto do campo que no anterior demolido. Como quinta feira apesar de ter pago o ingresso mais caro estarei assistindo quase na marquise a Espanha e Taiti (inclusive dei entrevista reclamando sobre isso), terei uma ideia melhor deste “encolhimento” da estrutura.

No ponto onde estava, quase na bandeira de córner do gol à esquerda das tribunas – que aliás são maiores e mais confortáveis – a visão do jogo melhotrou bastante. Não há mais o antigo fosso e mesmo a distância entre as cadeiras e o campo de jogo diminuiu bastante. Não sei se a configuração atual será mantida após a Copa do Mundo (leia-se: se irão instalar alambrados), mas prevejo problemas em dias de jogos de clubes em má fase.

Ângulo de visão na entrada do setor
Ângulo de visão na entrada do setor

Os telões são bem mais visíveis e maiores. Duas curiosidades: o tempo de jogo é marcado – ou seja, revogando-se antiga disposição da própria Fifa – e os replays de lances polêmicos não são mostrados, com o pênalti que originou o gol de empate mexicano. Os espaços entre as fileiras de cadeiras são bem estreitos, a ponto de haver dificuldade para uma outra pessoa passar. As cadeiras em si não chegam a ser muito confortáveis, mas dá para o gasto.

Vale destacar que os funcionários e seguranças eram bem atenciosos. Também não há divisão entre os setores, pelo menos na parte inferior do Maracanã – não sei como ficou na parte superior, o que verificarei quinta feira. Ouvi algumas reclamações quanto à rede 3G de telefonia celular, mas meu celular, que já usa 4G, funcionou perfeitamente, tanto que subi em tempo real nas redes sociais diversas fotos.

Ao nível do campo
Ao nível do campo

Quanto ao jogo em si, Itália e México fizeram uma partida bastante agradável, com lances de perigo. O time italiano é bem montado taticamente e possui como destaques o goleiro Buffon e o experiente Pirlo, além do “showman” Balotelli. Coube a Pirlo, em sua centésima partida pela seleção italiana, marcar o primeiro gol oficial do Maracanã, em uma cobrança de falta inspirada por Zico.

O atacante italiano é um show à parte. Um dos momentos mais engraçados foi quando a torcida o chamou de “viado” e ele levantou os braços em agradecimento. Mas é um senhor atacante, forte e tecnicamente bastante interessante.

Ao contrário das inúmeras regras divulgadas pela Fifa, o jeito de torcer não diferiu muito de uma partida entre clubes brasileiros. Com um público majoritariamente carioca (diria que uns 60% do estádio), gritamos, xingamos, levantamos nos lances de perigo, torcemos e aplaudimos. A torcida estava ligeiramente a favor do time italiano, inclusive com muitas camisas da Azzurra. Além disso, ao contrário do que foi divulgado permitiu-se a entrada de camisas de clubes – haviam muitas dos times cariocas e, o que me surpreendeu, do Corínthians.

Flagrante do jogo
Flagrante do jogo

Vale lembrar, também, que a execução do hino italiano foi emocionante, com muita gente tentando acompanhar da forma que dava. Eu dei uma de Schumacher e “regi” o hino com baquetas imaginárias. Uma impressão que fiquei é de que, com o estádio menor e o público mais próximo do campo a pressão sobre equipes adversárias será muito maior em jogos de clubes e torcida única.

Iluminado (abaixo), o Maracanã ficou ainda mais imponente e bonito. Parece ter se resolvido um problema crônico do antigo Maraca e que incomodava muito a quem usa óculos como eu: o reflexo nas lentes causado pela concentração dos refletores em poucos pontos. A iluminação, apesar de visivelmente mais potente, está mais espalhada.

À noite, com os refletores acesos
À noite, com os refletores acesos

Após o jogo, com a justa vitória italiana – que poderia ter sido por um placar mais dilatado – o retorno pela estação do metrô do Maracanã também foi surpreendentemente tranquilo. Lanche no shopping, peguei o carro e ainda vi um bom trecho em casa da partida entre Espanha e Uruguai.

Minha conclusão é de que o novo Maracanã está bonito, moderno e perfeitamente apto a receber não somente os grandes eventos esportivos como as partidas dos clubes de futebol. Não sou saudosista, achei a reforma necessária e, apesar do custo excessivo, minha primeira impressão foi bastante positiva. Melhorou muito sem perder a aura mágica que possui.

Com meu irmão Julio e o casal de paulistas Cesar e Daniela, que assistiram ao jogo a nosso lado
Com meu irmão Julio e o casal de paulistas Cesar e Daniela, que assistiram ao jogo a nosso lado

7 Replies to “Algumas Impressões sobre o Novo Maracanã”

  1. Na semifinal irei conhecer o novo Mineirão, mas já posso adiantar que “jogos FIFA” nunca mais, ou pelo menos até que se mude essa política de não poder escolher onde vou sentar. Paguei um ingresso caro e vou sentar num dos pontos mais altos do estádio enquanto um amigo que pagou ingresso de uma categoria inferior vai sentar a 10 ou 20 metros de distância de mim e ainda em uma posição teoricamente mais privilegiada (eu vou sentar perto da bandeira de escanteio e ele mais pro meio do estádio).
    Se não houver mais transparência da Fifa nessa questão será difícil encontrar motivação para assistir aos jogos da Copa do Mundo sendo chamado de otário por um amigo porque ele pagou um ingresso mais barato e está em um lugar melhor do que você.
    Ainda sobre a questão dos assentos é ridículo eu não poder assistir ao jogo com os amigos, vou com alguns amigos ao Mineirão mas nossos ingressos estão em lados opostos do campo. Valeu FIFA

    1. Em uma partida do Flamengo, provavelmente. Mas sábado elas estarão comigo na Fonte Nova para Brasil e Itália

  2. Também fui ao jogo da Itália, já tinha ido ao jogo contra a Inglaterra.
    Meus ingressos eram na cor vermelha e a entrada foi tranquila.
    Optei ir por Vila Isabel, bebi algumas cervejas no Bar do Costa (cerveja estupidamente gelada) e depois me dirigi até o Estádio. Minha surpresa era que os bares perto da UERJ e na Rua São Francisco Xavier vendiam cervejas normalmente, aproveitei e bebi mais algumas…
    No caso do jogo contra a Itália fiquei acomodado atrás do gol e simplesmente não enxergavamos a linha de fundo. As placas de publicidade não permitem visualizar a linha de fundo se você sentar nas primeiras cadeiras.
    Com certeza que após a Copa as autoridades irão instalar paredes de vidro entre a arquibancada e o campo, igual fizeram em São Januário e Vila Belmiro.
    Observei muitos paulistas (Corinthianos) no Estádio do Maracanã, talvez porque não haverá jogos na Capital Paulista.
    Irei a Semifinal em BH, comprei ingressos para ficar na lateral do campo e me deram ingressos atrás do gol, menos mal que são na parte superior!
    Vou tentar aproveitar os bares de BH depois do jogo, pois reservei a estadia de um dia em um hotel bem no Centro de BH.

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